Alice Haddad

Este artigo se divide em duas partes. Na primeira seção, após a introdução, mapeamos as diversas ocorrências de “phýsis” ao longo das Hipotiposes Pirrônicas de Sexto Empírico, dividindo-as em 5 categorias: “natureza” como o real, em posição à “aparência”; o “natural” como aquilo que parece próprio, pertencente a algo ou alguém; a “Natureza”, como uma dimensão criadora e regente; o “natural” em oposição ao “antinatural”; a “natureza dos homens”. A forma como esses diversos usos aparecem na obra é invariavelmente crítica, como elementos da argumentação contra os dogmáticos, especialmente os estoicos. Na segunda parte do trabalho, entretanto, mostramos como a “phýsis” aparece também de maneira positiva no início das Hipotiposes com a função de guia para a vida, como parte da resposta à célebre objeção da apraxía. Além disso, defendemos a hipótese de que a “natureza”, da perspectiva de Sexto, não se opõe nem ultrapassa as convenções e os costumes; pelo contrário, a natureza é o que é reconhecido por todos e é mesmo determinada pelas convenções e pelos costumes.

This article analyzes the concept of good through an overview of Xenophon’s Memorabilia. It begins with the dialogue between Socrates and Aristippus, in which the philosopher links the good with utility, indicating the recurrence of this conception in the dialogue with Euthydemus. It shows how the conception of good as useful is expanded to the divine realm, identifying the passages in which the gods appear as benefactors of humanity. Then, it deals, in contrast, with the human difficulty of accessing good, either by not recognizing it, or by the need for preliminary practice of virtue, understood as enkrateia, i.e., restraint of pleasures. In this context, the relevance of self-knowledge as the knowledge of one’s own power stands out. Finally, the article highlights the figure of Socrates as a benefactor, describing the way Xenophon portrays him as a guide and a paradigm for those who wanted to learn from him.