Por séculos, o ceticismo pirrônico vem sendo atacado por argumentações dogmáticas que propõem fazer dele uma escola que, inevitavelmente, provoca um estado de apraxia, isto é, de inércia, bem como de neutralidade, diante da vida comum e das investigações científicas que, diuturnamente, vêm sendo desenvolvidas. Mas seria o pirronismo culpado de tal acusação? Como pretendemos demonstrar no presente artigo, não. Para demonstrar tal inocência, voltamo-nos sobre alguns dos escritos de Oswaldo Porchat…
Read morePor séculos, o ceticismo pirrônico vem sendo atacado por argumentações dogmáticas que propõem fazer dele uma escola que, inevitavelmente, provoca um estado de apraxia, isto é, de inércia, bem como de neutralidade, diante da vida comum e das investigações científicas que, diuturnamente, vêm sendo desenvolvidas. Mas seria o pirronismo culpado de tal acusação? Como pretendemos demonstrar no presente artigo, não. Para demonstrar tal inocência, voltamo-nos sobre alguns dos escritos de Oswaldo Porchat Pereira sobre seu Neopirronismo, dividindo este texto em duas partes. Na primeira, faz-se necessário, seguindo a argumentação do autor, distinguir dois momentos do ceticismo pirrônico: (1) o primeiro negativo e que tem como escopo o alcance da epokhé e o embate com o dogmatismo; (2) o segundo positivo e que nos leva a pensar o campo da filosofia prática a partir de uma reflexão acerca da ação e da vida comum. Desse modo, o caminho se abre para que, na segunda parte de nosso texto, possamos então concluir com o autor o porquê de que ainda é necessário, bem como possível, ser cético nos embates filosóficos e científicos contemporâneos, haja vista as contribuições que o ceticismo ainda hoje pode nos fornecer.