Na _Ética_, Espinosa afirma que “desejamos formar uma ideia de homem que seja visto como um modelo da natureza humana” (Spinoza, 2008, p. 267). Em três seções, este trabalho discute o desejo de atingir modelos de formação humana, articulando os domínios ontológico, afetivo e gnosiológico do espinosismo. A primeira apresenta a ontologia de Espinosa, segundo a qual o ser humano não é um ser extraordinário, mas uma coisa finita vulnerável e com uma potência de agir limitada. Na segunda, os gêneros …
Read moreNa _Ética_, Espinosa afirma que “desejamos formar uma ideia de homem que seja visto como um modelo da natureza humana” (Spinoza, 2008, p. 267). Em três seções, este trabalho discute o desejo de atingir modelos de formação humana, articulando os domínios ontológico, afetivo e gnosiológico do espinosismo. A primeira apresenta a ontologia de Espinosa, segundo a qual o ser humano não é um ser extraordinário, mas uma coisa finita vulnerável e com uma potência de agir limitada. Na segunda, os gêneros de conhecimento são vistos como maneiras de experimentação e compreensão do mundo que interferem na alteração da potência e no estabelecimento de modelos formativos desejados. Este tópico aborda a relação entre desejo e conhecimento, além dos modos de fruição da potência que se seguem da imaginação, da razão e da intuição. A terceira discute como o conhecimento inadequado leva à formulação de modelos que conduzem à fixação e à impotência. E que o conhecimento adequado não concorda com a imposição de um modelo universal supostamente extraído da razão e apresentado como necessariamente bom para todos, mas privilegia a busca pela _ratio,_ pela proporção, mais compatível com as necessidades de indivíduos e grupos.