Agemir Bavaresco

A Filosofia Moderna Alemã não inventou o sujeito nem o descobriu pela primeira vez. Mas, em Kant e no Idealismo Alemão, a teoria do sujeito e da liberdade chegou a um nível de reflexão, de diferenciação e de aprofundamento nunca alcançado antes e poucas vezes depois. A temática do sujeito livre é tão central para esta corrente que ela poderia ser compreendida sob o título geral de “Filosofia da Liberdade”. O volume reúne alguns resultados da pesquisa sobre “Sujeito e Liberdade”, pensados nessa perspectiva da Filosofia Moderna Alemã. Ele é fruto da colaboração de pesquisadores dos Programas de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e da Universidade Federal do Ceará (UFC), no Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD), promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A maioria dos textos foi apresentada no Simpósio PROCAD PUCRS-UFC, sobre a mesma temática, realizado de 25 a 28 de agosto de 2011, em Fortaleza. Além destes, Christian Iber, Anton Friedrich Koch e Andreas Schmidt contribuíram para enriquecer este livro com seus artigos.

The classic analytic tradition associated the philosophy of George Berkeley with idealism. Yet in terms of the German Idealismus, Berkeley was no idealist. Rather, he described himself as an “immaterialist”. In the classic analytic tradition we find a misunderstanding of the German Idealismus. This paper will suggest, through reference to the work of Paul Redding, that Hegel’s Phenomenology of Spirit presents Idealismus as that which reconciles objectivity and subjectivity in the experience of consciousness. Hegel’s Phenomenology develops this idea in the elaboration of a remarkably novel theory of consciousness. For Hegel, the conditions of the possibility of the objects of experience are a dialectical movement between consciousness and the object, or immediacy and mediacy. In the whole movement of consciousness we have the logic of contradiction working at the back of phenomenological experience that Hegel will make explicit in the Science of Logic, a logic that involves the thinker becoming consciously aware of their own thought processes. Yet Hegel’s Logic is different from the common meaning of ‘logic’. His Logic is not a formal approach to valid inference but captures the method and the moments and movement of logic. For Hegel, the great problem of classical logic is the immobility of the categories. This paper proposes that Hegel’s ‘holism’ entails the description wherein Logic, Nature, and Spirit are articulated as a whole in dialectical movement.

O presente artigo objetiva discutir a lógica subjacente ao movimento dialético da figura do Senhor e do Servo. Jean-Pierre Labarrière é quem afirma categoricamente a tese segundo a qual há uma Lógica por trás do movimento da Consciência. Ora, a questão fundamental que se coloca, nesse caso, é: qual a lógica que preside o movimento da consciência para a consciência de si, culminado em sua unidade no momento da Razão? A hipótese aqui perseguida, situando-se na esteira da interpretação de Labarrière, é de que a lógica que se encontra "por trás da consciência", nessa figura da Fenomenologia do Espírito, é a mesma lógica que Hegel apresenta na Doutrina da Essência, na Ciência da Lógica. Para tanto, explicitar as categorias lógicas da Doutrina da Essência e acompanhar o seu desdobramento configuram o objetivo central deste trabalho. This paper aims to discuss the logic that underlies the master-servant dialectic. Jean-Pierre Labarrière categorically claims that there is a logic underlying the movement of the consciousness. The fundamental issue at stake is this: What is the logic that regulates the movement of the consciousness of the self, which culminates in its unity in the moment of reason? The hypothesis advanced here, following Labarrière's suggestions, is that the logic that lies "behind the consciousness" in this figure in Phenomenology of the Mind, is the same logic that Hegel presents in the doctrine of essence in the Science of Logic. The central goal of the present work is to make explicit the logical categories of the doctrine of essence, and to follow their unfolding

Le développement de l'esprit public au XVIIIe siècle institutionnalise les structures sociales de la sphère publique qui comprend, d'un côté, la sphère privée de l'intimité familiale et la société civile en tant que lieu des échanges des marchandises et du travail social. D'autre part, une sphère publique littéraire s'est formée qui inclut le marché des biens culturels et l'expression de l'opinion publique. Celle-ci, de son côté, fonde la sphère publique politique. Il existe une dialectique du privé et du public qui se manifeste dans l'institution de l'esprit public bourgeois et c'est au sein de cet esprit que c'est constituée l'opinion publique. Le parcours logique de la conscience de l'opinion devient le parcours historique de l'opinion publique, et la genèse de l'esprit publie se trouve décrite dans la formation historique de la sphère publique bourgeoise à partir des contextes historiques propres au développement allemand, français et anglais au XVIIIe et au début du XIXe siècle. L'opinion apparaît tout au long de la Phénoménologie dans les contextes les plus variés. Le problème est de comprendre comment l'opinion subjective ou privée devient l'opinion objective ou publique, autrement dit : jugement public ou savoir public.

New settings for communication are being built, having, at one side, great corporations of television, radio, press and on line media, and at the other side the role of the independent / alternative press, understood as not bound to a private, public or state enterprise or to some economic group. It takes gradually shape the constitution of the opposition between the traditional media and the independent / alternative press, having as a material base the new technologies of information. How can the new technology of information associated to the new settings of press freedom and the phenomenon of the contradiction of public opinion in the era of internet accomplish the mediation of the opinion in a globalized society? Or still, starting from the presupposition of the press freedom, how to guarantee that the society solves the contradiction of the public opinion? The phenomenon of the public opinion is contradicting because it has in itself, at the same time, the universality of constitutional principles of Law and Ethics, together with the peculiarity of the citizens’ rights and concerns. This contradiction finds its solution by means of the mediation of the freedom of the press itself within a frame of democratic legality. This is the power of the contradiction: to put into effect the dialectic tension between the opposed poles of the universal and the particular in the press freedom, avowing the right of every citizen to express publicly his opinion. This is Hegel’s theory of public opinion: the press freedom and the parliament, as a politic space, are privileged spheres of the mediation of the contradictory phenomenon of the public opinion. Keywords: Press freedom; public opinion; press; citizen journalists.

  Resumo: A teoria marxiana do trabalho alienado ocupa um papel de destaque na Filosofia política moderna. Seguindo a esteira de Hegel, Marx concebe o homem como sendo o produto de sua própria atividade, isto é, a autoproduçáo do homem pelo trabalho. Isso significa que o ser humano náo é um ser que nasce acabado, mas que se desenvolve como ser humano enquanto desenvolve as potencialidades que lhe sáo inerentes. Imerso no estudo da sociedade capitalista, Marx percebe como nela se interdita esse postulado da autoproduçáo do homem pelo trabalho. Mas, se a realizaçáo da humanidade depende da genuína atividade produtiva, do exercício do trabalho, sem alienar-se em relaçáo ao seu produto, surge a necessidade de se criarem alternativas frente a esse modo de produçáo, no intuito de se assegurarem as condições de realizaçáo da humanidade do trabalhador. As condições para o exercício do trabalho náo-alienado seráo superadas, na medida em que se superar a propriedade privada e a divisáo social do trabalho. E na linha de pensamento de Marx, a tese de que o trabalho perdeu sua centralidade náo tem lugar. Vale dizer que, se tal tese fosse admitida, seriam suprimidas as condições de realizaçáo do ser humano, pois, para Marx, trabalho e o desenvolvimento das potencialidades humanas sáo indissociáveis. O que precisa ser superado é o trabalho alienado e náo o trabalho como tal.   Palavras-Chave: Divisáo do Trabalho. Marx. Propriedade Privada. Trabalho Alienado

Dans le cadre actuel d'une société de communication élargie, comment établir la médiation entre le principe du secret, le respect de l'inimitié ou le droit à une vie privée et le principe de publicité, de transparence ou le droit à l'information publique? La nouvelle conjoncture mondiale a bouleversé l'axe de contradiction de l'opinion publique : le scénario classique d'Etat-nation jusqu'alors attaché en priorité à la légitimation de l'opinion publique nationale, se transforme en celui d'Etat-mondialisé, donc de plus en plus confronté directement au pouvoir de l'opinion publique internationale. Alors, comment peut s'effectuer la médiation de l'opinion publique dans la constitution de ce nouvel espace public national et international? Cette étude soutient que la théorie hégélienne de l'opinion publique ne tombe pas dans le relativisme subjectiviste, ni dans une publicité d'Etat, et ne préconise pas un retour en arrière sous prétexte de retrouver l'âge d'or de l'opinion publique. Elle ne se laisse pas entraîner par l'optimisme naïf ou le pessimisme apocalyptique. Cette théorie, en partant de la conscience immédiate contradictoire du phénomène d'opiner, élève d'abord l'opinion à un savoir dialectique, et ensuite, à travers la liberté d'opiner, effectue la vérité de l'opinion publique par la médiation politique. Ceci ouvre le chemin de l'avenir à la théorie hégélienne de l'opinion publique et plus généralement à la philosophie hégélienne elle-même à travers la plasticité phénoménologique de la conscience, la temporalité logique du concept et l'Idée dialectique de la liberté d'opiner.