Michel Foucault

The course given by Michel Foucault from February to March 1984, under the title 'The Courage of Truth', was his last at the Collège de France. His death shortly after, on June 25th, tempts us to detect a philosophical testament in these lectures, especially in view of the prominence they give to the theme of death, notably through a reinterpretation of Socrates' last words--'Crito, we owe a cock to Asclepius'--which, with Georges Dumézil, Foucault understands as the expression of a profound gratitude towards philosophy for its cure of the only serious illness: that of false opinions and prejudices. These lectures continue and radicalize the analyses of those of the previous year. Foucault's 1983 lectures investigated the function of 'truth telling' in politics in order to establish courage and conviction as ethical conditions for democracy irreducible to the formal rules of consensus. With the Cynics, this manifestation of the truth no longer appears simply as a risky speaking out, but in the very substance of existence. In fact, Foucault offers an incisive study of ancient Cynicism as practical philsophy, athleticism of the truth, public provocation, and ascetic sovereignty. The scandal of the true life is constructed in oppositon to Platonism and its world of transcendent intelligible forms"--Publisher's description, p. [2] of dust jacket.

Por Laura Fraga de Almeida Sampaio, tradutora do livro A aula inaugural, que Foucault pronunciou ao assumir a cátedra vacante no Collège de France pela morte de Hyppolite, pode ser considerada um texto de ligação entre suas obras, datadas dos anos 60, como História da loucura, As palavras e as coisas, A arqueologia do saber, centradas predominantemente na análise das condições de possibilidade das ciências humanas, e as que se seguiram a maio de 68, como Vigiar e punir, voltados ao exame da microfisica do poder. Foucault desvenda a relação entre as práticas discursivas e os poderes que as permeiam. Ao perceber os diversos procedimentos que cerceiam e controlam os discursos da sociedade, o autor comprova que "o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder de queremos nos apoderar". Na segunda parte do texto, Foucault anuncia a direção em que prosseguirá suas investigações no decorrer dos cursos no Collège de France, apontando para o que denomina o "conjunto crítico" e o "conjunto genealógico" e lança o projeto de estudo das interdições que atingem o discurso da sexualidade. A este trabalho dedicará muitos anos, após a publicação do primeiro volume da História da sexualidade, em 1976: A vontade de saber (uso dos prazeres, vol.2, O cuidado de si, vol, 3, ambos de 1984).

As a transformative thinker of the twentieth century, whose work spanned all branches of the humanities, Michel Foucault had a complex and profound relationship with literature. And yet this critical aspect of his thought, because it was largely expressed in speeches and interviews, remains virtually unknown to even his most loyal readers. This book brings together previously unpublished transcripts of oral presentations in which Foucault speaks at length about literature and its links to some of his principal themes: madness, language and criticism, and truth and desire.The associations between madness and language--and madness and silence--preoccupy Foucault in two 1963 radio broadcasts, presented here, in which he ranges among literary examples from Cervantes and Shakespeare to Diderot, before taking up questions about Artaud's literary correspondence, lettres de cachet, and the materiality of language. In his lectures on the relations among language, the literary work, and literature, he discusses Joyce, Proust, Chateaubriand, Racine, and Corneille, as well as the linguist Roman Jakobson. What we know as literature, Foucault contends, begins with the Marquis de Sade, to whose writing--particularly La Nouvelle Justine and Juliette--he devotes a full two-part lecture series focusing on notions of literary self-consciousness.Following his meditations on history in the recently published Speech Begins after Death, this current volume makes clear the importance of literature to Foucault's thought and intellectual development.

E agora algumas palavras sobre esse seminário. O ponto de partida. Minha intenção não era lidar com o problema da verdade, mas com o problema de dizer a verdade ou do que diz a verdade como uma atividade. Com isso quero dizer que, para mim, não era uma questão de analisar os critérios internos ou externos que possam permitir a gregos e romanos, ou a qualquer outro povo, reconhecer se uma declaração ou proposição é verdadeira ou não. A questão para mim foi, outrossim, a tentativa de considerar dizer a verdade como uma atividade específica ou como um papel. Mas, mesmo no âmbito dessa questão geral do papel do narrador da verdade.

"L’organisation d’une pénalité d’enfermement n’est pas simplement récente, elle est énigmatique. Qu’est-ce qui pénètre dans la prison? En tout cas, pas la loi. Que fabrique-t-elle? Une communauté d’ennemis intérieurs". C’est en ces termes que Michel Foucault dénonce, dans ce cours prononcé en 1973, et que viendra compléter, en 1975, son ouvrage Surveiller et punir, le "cercle carcéral". La Société punitive étudie ainsi comment les sociétés traitent les individus ou les groupes dont elles souhaitent se débarrasser, c’est-à-dire les tactiques punitives, mais aussi la prise de pouvoir sur le corps et sur le temps et l’instauration du couple pénalité-délinquance. Michel Foucault retrace l'histoire des "tactiques fines de la sanction" dont il distingue quatre modalités : exiler ; imposer un rachat ; marquer ; enfermer. C'est dans la seconde moitié du XVIIIe siècle que se développe une "science des prisons" à fonction corrective et que se construit un discours sur le criminel et son traitement possible, donnant naissance à un schéma de société qui vise à l’absolu du contrôle et de la surveillance. L’ajustement entre le système judiciaire et le mécanisme de surveillance (l’organisation d’une police), entre l’émergence de la richesse et la pratique des illégalismes, entre la force corporelle de l’ouvrier et l’appareil de production s’accomplit ensuite au tournant du XIXe siècle. Foucault démontre donc que ce sont les instances de contrôle para-pénal du XVIIe et du XVIIIe siècle qui ont abouti, in fine, au fonctionnement de la prison, visant à l’élimination du désordre, au contrôle de la distribution spatiale des individus, de leur emplacement par rapport à l’appareil productif. La Société punitive finit par poser la question, cruciale aux yeux du philosophe, de la validité intrinsèque de la loi pénale. A-t-elle vocation universelle ou se limite-t-elle à la douteuse applicabilité d’une somme de décrets?