Andrea Luigi Mazzola

Este trabalho propõe-se atingir dois objetivos: o primeiro é o de reportar para a cultura brasileira uma recente contribuição historiográfica sobre a “ambígua visão” da matéria em Galileu; o segundo é o de desenvolver algumas reflexões filosóficas a partir das sugestões presentes no imaginário do grande cientista italiano. Por um lado iremos abrir uma brecha na interpretação convencional do mecanicismo do Galileu; por outro lado, iremos propor uma operação hermenêutica que visa atualizar o imaginário especulativo de um dos pais da revolução científica do século XVII através da sua comparação com a filosofia do organismo do Alfred North Whitehead - o qual propôs a sua doutrina em alternativa ao mecanicismo materialista -, e com a “física eurítmica”, ou “física do devir”, defendida por José N. R. Croca e o seu grupo de investigação. De facto Galileu, na sua reforma da imagem escolástica do mundo, enfrentou o paradoxo da conciliação do continuo matemático com o atomismo físico, esboçando uma invulgar “solução emergentista”. Desvendar o horizonte metafisico do pensamento do Galileu facultará-nos um acesso histórico filosófico original as questões mais controversas da filosofia da ciência moderna e da mecânica quântica.

In the controversy on the philosophical foundations of quantum mechanics Whitehead's philosophy of organism has an essential place. But its realistic position invalidates any attempt to relate it to the School of Copenhagen's “orthodox interpretation”. Unlike, the Eurhythmic Physics developed by the Lisbon School has notable theoretical tunings with Whitehead's philosophy. In both, the notion of passive matter disappears; entities are understood as ecstatic process of becoming arising from a continuum of potentialities; and they achieve physical persistence grace to a set of synergistic interactions among their own regimes of rhythmical activity. The principle of Eurhythmy proposed by Prof. Croca then appears as the hypothesis, in contemporary theoretical physics, corresponding to the organicist vision of a universe in a developmental process of realization of the abstract potentiality of all possible worlds: a universe that, as a living organism, should be described as guided by an immanent teleological principle.