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Concentrados e Rações Para Cabras em LactaçãoInforme Zootécnico 1 1-23. 2022.Concentrados e Rações Para Cabras em Lactação ___________________________________________________________________________ De um modo geral, há grande dificuldade nas criações zootécnicas nacionais para a formulação e uso racional de concentrados nas rações dos animais, neste caso, de caprinos, em especial, para cabras em lactação. O problema torna-se real e complexo em função das particularidades apresentadas pelos animais relativas ao seu trato digestivo, além de seus hábitos alimentares. Uma…Read moreConcentrados e Rações Para Cabras em Lactação ___________________________________________________________________________ De um modo geral, há grande dificuldade nas criações zootécnicas nacionais para a formulação e uso racional de concentrados nas rações dos animais, neste caso, de caprinos, em especial, para cabras em lactação. O problema torna-se real e complexo em função das particularidades apresentadas pelos animais relativas ao seu trato digestivo, além de seus hábitos alimentares. Uma séria dificuldade relacionada com a tomada de decisão no momento da formulação da ração concentrada reside na qualidade do volumoso utilizado. Esse volumoso possui uma qualidade bromatológica variável, na maioria das vezes, seja pelo manejo inadequado da forrageira ou do próprio ciclo vegetativo da planta utilizada. O solo também possui grande impacto nas características químicas da forrageira disponibilizada para os animais. Dada a variabilidade da qualidade da ração volumosa, o concentrado torna-se mal balanceado, sendo fornecido em quantidades inadequadas, favorecendo uma sub ou super alimentação, o que acarreta níveis de produção insatisfatórios e grande prejuízo para a indústria caprina, uma vez que afetará diretamente as características químicas e físicas do leite da cabra, mudando seus teores de sólidos totais etc. OS NUTRIENTES E SUA IMPORT NCIA Muitos nutrientes são necessários na dieta da cabra para a realização do metabolismo normal, para a manutenção das funções corporais e para a produção que inclui acréscimo de tecido (animal em crescimento), para a reprodução e sua manutenção e, por fim, para a produção dos produtos como carne, leite e fibra. As classes específicas de nutrientes incluem carboidratos e lipídeos que fornecem energia; nitrogênio proteico ou não proteico que fornecem aminoácidos e energia; vitaminas; minerais e água. Embora seja ignorada por muitos autores, a água é um nutriente necessário para a digestão, metabolismo e produção. Energia A eficiência da utilização dos alimentos depende de um suprimento adequado de energia, uma vez que o processo de utilização dos alimentos requer gasto energético, sendo, portanto, de grande importância o suprimento energético para a produtividade dos caprinos. A deficiência energética retarda o crescimento e desenvolvimento de cabritos, aumenta a idade à puberdade, reduz a fertilidade e diminui a produção leiteira. Uma deficiência persistente acarreta redução na resistência a doenças infecciosas e parasitárias. A baixa resistência imunológica associada a deficiência energética ainda pode ser agravada mediante o déficit de outros princípios nutritivos como proteínas, vitaminas e minerais. O consumo inapropriado de energia resulta na inadequada ingestão de alimentos ou na baixa qualidade da dieta fornecida para o caprino. A baixa ingestão de energia também pode ser causada pelas altas quantidades de água presentes em algumas forrageiras in natura, por isso o ideal é o fornecimento de volumosos na sua matéria seca, onde será disponibilizado somente os nutrientes, segundo suas características bromatológicas. Segundo DA SILVA & FONTAIN, 2021 a base de qualquer ração é a energia, e se houver uma deficiência existente, os demais nutrientes e os aditivos serão subutilizados pelos animais. Os ruminantes possuem a capacidade de utilização energética através dos carboidratos complexos como celulose, hemicelulose, pectina etc., que estão presentes nas forragens, essa utilização acontece graças ao processo de fermentação que ocorre no rúmen. Entretanto, assim como ocorre em monogástricos, também possuem a capacidade de utilização de demais carboidratos como amido e açúcares. Os ruminantes exigem determinada quantidade de fibra, mas dependendo do animal, do nível de produção e dos ingredientes da ração, há necessidade de incluir na ração os denominados concentrados energéticos. Por exemplo as rações ricas em volumosos (alimentos fibrosos) não podem atender os requisitos energéticos em razão das limitações físicas do animal para ingerir uma quantidade suficiente de alimento, isto é, para atender suas exigências seria necessário grandes quantidades de ração volumosa ingerida, o que é impossível devido a capacidade do rúmen. Neste caso, para se reduzir o volume de ração ingerida, há necessidade de substituir parte dos alimentos fibrosos por concentrados energéticos de boa qualidade. Tais considerações são suficientes para aclarar a importância do aporte de energia no balanceamento de rações para cabras em lactação. Proteínas As proteínas exercem várias funções no organismo do animal e, desse modo, tornam- -se essenciais à alimentação. Elas são necessárias, por exemplo, para a manutenção do organismo, para reparos e formação dos tecidos que são continuamente desgastados, na manutenção dos processos fisiológicos, no crescimento de fetos e dos animais jovens e na síntese do leite. Os ruminantes, assim como outros animais, necessitam de vários componentes na dieta para desempenharem suas funções produtivas e reprodutivas. Esses componentes são chamados essenciais, do qual sem a sua presença os animais não poderiam sobreviver. Entre eles estão as fontes de nitrogênio proteico e não proteico que, após transformações fisiológicas e metabólicas, dão origem a proteínas que são digeridas, absorvidas e utilizadas pelos ruminantes (FERREIRA, 1983). As proteínas destacam-se, dentro das substâncias essenciais, pela amplitude de funções que desempenham no organismo. Estas participam desde a estruturação do corpo (músculos, cartilagens, unhas, pele e pelos), até mecanismos complexos de transporte e metabolismo. Portanto, dentre o supracitado, é essencial conhecer os principais concentrados proteicos e seus limites de utilização, visando o melhor aproveitamento destes, desde a esfera econômica até o impacto positivo sobre a produção de produtos caprinos. Minerais Existem pelo menos 15 minerais essenciais para a nutrição dos ruminantes, dentre os macronutrientes, isto é, os exigidos em maior quantidade na dieta, estão o cálcio, fósforo, sódio, cloro, magnésio, potássio e enxofre, e dentre os micronutrientes, ou seja, exigidos em menor quantidade, porém essenciais a sua presença, estão o ferro, iodo, zinco, cobre, manganês, cobalto, molibdênio e selênio. Em qualquer região, concentrações tóxicas de minerais como cobre, flúor, manganês, molibdênio ou selênio causam redução na produção e produtividade animal. As deficiências minerais ou desequilíbrio destes no solo e nas forrageiras cultivadas neste, têm sido responsáveis pelos baixos índices reprodutivos, ou seja, tais déficits ocasionam perdas nos processos reprodutivos normais, além de causar inadequada produtividade em diversas regiões do Brasil. Segundo dados apresentados por SOUSA, 1983 os caprinos sob pastagens, com elevados déficits de fósforo, cobalto ou cobre, podem apresentar perdas superiores relativas a produção cárnea e láctea em relação aos animais criados sob pastagens com déficits de energia e/ou proteína. Os macrominerais presentes na ração (volumosa ou concentrada) chegam ao rúmen e são dissolvidos, desempenhando uma série de funções importantes, além das específicas nas células e nos tecidos. Dentre elas incluem-se a mantença de um pH constante através da formação da solução tamponante, mantença de um potencial de redução e da pressão osmótica no rúmen. Os micronutrientes, por sua vez, possuem mais funções específicas na célula e no tecido, atuando como constituintes de coenzimas, catalizadores etc. (COELHO DA SILVA & LEÃO, 1979). Assim, torna-se indispensável conhecer as fontes dos minerais e a melhor maneira de utilizá-los durante o preparo de concentrados para cabras em lactação. Vitaminas Os caprinos necessitam fontes alimentares de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), entretanto os microrganismos do rúmen, através do metabolismo e fermentação, produzem quantidades suficientes de vitaminas hidrossolúveis. Os animais em pastejo somente obtém suficientes quantidades de vitaminas ou precursores de vitaminas para satisfazer as necessidades, porém pode ser necessário a adição complementar de suplementos vitamínicos aos animais alimentados em confinamento ou com altas produções leiteiras. Os ruminantes exigem todas as vitaminas que são metabolicamente essenciais para os monogástricos. Essa indicação tem sido obtida através de estudos sobre as exigências vitamínicas em animais jovens, antes do desenvolvimento completo e funcionamento adequado do rúmen, ou com o emprego de inibidores da vitamina em estudo e observando-se a consequente manifestação do sintoma de deficiência. O suprimento de vitaminas do complexo B e da vitamina K para o ruminante é feito em decorrência das fermentações que ocorrem no aparelho digestivo. Entretanto, existem algumas dúvidas se a síntese de algumas vitaminas do complexo B é adequada para manter altos níveis de produção e uma alta taxa de crescimento. Como supracitado, existem inúmeras informações de que a maioria das vitaminas possam ser sintetizadas ou no trato gastrointestinal ou nos tecidos. Entretanto, as vitaminas A, D e E devem ser fornecidas ao animal (ARAÚJO & ZANETTI, 2019). As principais funções das vitaminas do complexo B estão relacionadas com o eficiente aproveitamento dos açúcares, gorduras e proteínas dos alimentos. A vitamina C possui papel imprescindível no metabolismo geral dos nutrientes. Quanto à vitamina K, sua função mais relatada é como fator anti-hemorrágico, agindo na coagulação do sangue (VELLOSO, 1983). Quanto à vitamina A, sabemos que não existe nos vegetais, entretanto o caroteno presente é um precursor desta, onde este sofre metabolismo e se transforma em vitamina A no organismo do animal, por isso, muitas vezes é relatado como pró-vitamina A. Os ruminantes são excelentes animais quando se fala na transformação de ß-carotenos em vitamina A. A coloração verde das plantas forrageiras é uma garantia da presença de pigmentos carotenoides nelas. Assim, durante a época das águas (chuvas), quando as forrageiras consumidas estão verdes, não há qualquer problema quanto ao suprimento de pró-vitamina A. Por sua vez, quando as pastagens estão amareladas e secas, pode aumentar a possibilidade do aparecimento de sintomas de deficiência de vitamina A, e esse problema pode ser agravado conforme aumenta-se o período de estiagem (VELLOSO, 1983). Deve-se dar especial atenção às cabras em lactação que, na maioria dos casos, recebem ração à base de fenos, que muitas vezes são mal conservados e apresentam pequeno conteúdo de ß-caroteno. As dietas típicas para caprinos contêm quantidades de caroteno suficientes para prevenir possíveis deficiências de vitamina A. O hábito alimentar dos caprinos sob pastejo, isto é, sua tendência de selecionar as partes mais verdes da planta coloca-os em vantagem em relação a outros ruminantes, entretanto, na ausência de partes verdes essa vantagem não possui importância. A deficiência de vitamina A em caprinos criados nos trópicos é rara, exceto nas condições supracitadas (DA SILVA et. al., 2021). A vitamina E apresenta uma deficiência ocasional em caprinos, embora essa vitamina, que é transferida através do leite, seja considerada essencial em função de suas propriedades antioxidantes (DA SILVA et. al., 2021). A vitamina D é relatada como fator anti-raquítico, dada sua propriedade em prevenir o raquitismo através de duas vias conhecidas, seja pelo aumento da absorção de cálcio dietético pelo intestino delgado ou pela mobilização deste, presente nos ossos. Além de evitar o raquitismo em animais jovens, a vitamina D também atua na integridade corporal dos adultos. Os caprinos expostos à luz solar por alguns minutos diariamente conseguem receber vitamina D em quantidades suficientes para suas necessidades fisiológicas, esse recebimento de vitamina D acontece através da conversão do 7-dehidrocolesterol da pele em vitamina D3, portanto a vitamina D3 é uma pró-vitamina. Assim, em animais mantidos em regime de pastejo, nas condições brasileiras, não há maior preocupação quanto ao suprimento de vitamina D3 (VELLOSO, 1983). Entretanto, os animais em regime de confinamento total, onde não possuem acesso à luz solar, devem receber atenção especial, uma vez que podem ocorrer deficiência desta vitamina, esta que pode ser evitada mediante o fornecimento da vitamina na mistura concentrada. Água Muitos autores da área de nutrição animal, seja em artigos ou livros, desconsideram a água como nutriente essencial para os animais, entretanto ela é imprescindível para inúmeras funções metabólicas. Além da água de bebida, os caprinos obtêm água através dos alimentos consumidos na matéria natural, da neve derretida e através do orvalho. A necessidade de água se deve a três motivos, primeiro pela excreção de água nas fezes e na urina ligada à utilização digestiva e metabólica dos alimentos; segundo pela fixação e exportação de água nas produções (carne, leite, pele e fibra); e, por fim, pelas perdas de vapor de água pelos pulmões e através da pele. O total de água requerida varia segundo o tamanho e condição fisiológica do animal, a temperatura ambiental e o nível de ingestão de matéria seca do animal. A ingestão de água é expressa em kg de água necessária por kg de matéria seca ingerida. Nas condições brasileiras, onde a temperatura fica acima dos 30 ºC, normalmente, o ideal de fornecimento é de 6-10 kg de água/kg de IMS. O consumo total é estimado em 3,5 kg de água/kg de leite produzido. Segundo DA SILVA & AIRES, 2018 as recomendações são de 145,6 g de água/kg de peso metabólico (kg0,75) para mantença e 1,43 kg/kg de leite produzido. Para aclarar os dados, suponhamos uma cabra em lactação com 40 kg de PV e produção de 5 kg de leite/dia, seu consumo será de 145,6 g x 400,75 = 2,32 kg de água para mantença + 1,43 x 5 = 7,15 kg de água, seu consumo total será 9,47 kg de água/dia. É necessário enfatizar que, à medida que a temperatura ambiental aumenta, os requisitos de água também aumentam. Em condições semidesérticas os caprinos adaptam-se, bebendo água apenas duas vezes por semana. A equação de necessidade de água, segundo DA SILVA & AIRES, 2018, é: ingestão total de água (L/dia) = 3,86 x IMS - 0,99. REQUISITOS NUTRICIONAIS Para que possamos formular uma dieta balanceada e que os concentrados possam ser utilizados eficazmente e racionalmente, primeiramente é necessário conhecer as exigências nutricionais das cabras em lactação. Esses requerimentos são, na verdade, aproximações dos valores reais das exigências dos animais. Normalmente, os requisitos são tabulados, visando a facilidade no manejo de informações, entendimento e utilização dos dados na prática. Infelizmente, no Brasil não existem tabelas das exigências nutricionais dos caprinos e, com isso, é imperativo a utilização de dados obtidos em outros países e que possuem condições climáticas e animais diferentes, o que nem sempre corresponde à realidade brasileira. Os dados mais utilizados para estabelecimento das exigências são os do NRC nos Estados Unidos, AFRC na Inglaterra, CSIRO na Austrália, INRA na França e FEDNA na Espanha. A tabela 1 apresenta os requisitos nutricionais de ingestão de matéria seca de cabras leiteiras segundo a equação proposta pelo AFRC. É importante levar em consideração todos os fatores que afetam as exigências das cabras, tais como exigências de mantença, gestação, crescimento, atividade física, lactação, clima, raça etc. Os valores apresentados na tabela 2 devem ser incluídos aos valores de mantença. Os requerimentos completos dos caprinos podem ser tomados nas tabelas 3 a 19 do livro Formulação de Ração Para Caprinos. Como supracitado, os valores das exigências para produção de leite devem ser adicionados aos de mantença, por sua vez a tabela 3 apresenta os valores de produção que devem ser múltiplos dos requisitos de mantença. Existem formulações que levam em consideração a porcentagem de nutrientes no conteúdo total do concentrado. Diversos autores publicam quantidades de proteína, nutrientes digestíveis totais, cálcio e fósforo com base na matéria seca da ração. DA SILVA, 2021 sugere que para cabras em lactação com uma ou duas crias é ideal um concentrado com 14 a 16% de proteína bruta. Uma formulação para cabras em lactação, segundo DA SILVA, 2021, pode obedecer a ordem de 3 a 5% de IMS, 16 a 24% de proteína bruta, 65% de nutrientes digestíveis totais e minerais na ordem de 0,75% Ca e 0,3% P. O teor de nutrientes na mistura concentrada é importante para saber se a ração irá atender às exigências das cabras em lactação (tabela 8). O conhecimento dos níveis de nutrientes na mistura é essencial para elaborar uma ração balanceada que atenda aos requisitos de mantença e de produção. É importante, também, saber as observações quanto a relação entre energia/proteína e entre os minerais para que não haja um mau aproveitamento dos nutrientes e possíveis distúrbios metabólicos. ALIMENTOS CONCENTRADOS Por definição, são aqueles que possuem conteúdo de fibra bruta inferior a 18%. Eles são divididos em concentrados proteicos e energéticos, quando possuem mais ou menos de 20% de proteína bruta, respectivamente. Um grande número de alimentos pode ser usado no balanceamento das misturas de concentrados na propriedade e deve permitir uma formulação equilibrada nutricionalmente, economicamente e de boa qualidade. As tabelas 9 e 10 apresentam a composição de alguns alimentos concentrados considerados mais comuns na formulação de dietas e de maior disponibilidade no Brasil. As recomendações para utilização de concentrados nas rações de cabras leiteiras podem variar em função dos demais ingredientes da ração total. De modo geral, quanto aos concentrados energéticos, não existem restrições às quantidades usadas na ração, desde que as exigências nutricionais sejam atendidas. A tabela 11 apresenta as restrições de utilização dos ingredientes na ração de caprinos. De tal forma pode ser pensado para os concentrados proteicos, entretanto, nesse caso, exige-se mais cuidado por parte do formulador, uma vez que deve-se levar em consideração a carga energética presente no ingrediente proteico. Deve-se enfatizar sempre que a utilização de ingredientes de origem animal é expressamente proibida na alimentação de ruminantes. Deve-se, ainda, referenciar quanto ao uso de fontes de nitrogênio não proteico (NNP) (ureia, biureto etc.) que podem ser usadas com vantagens nas dietas com alta carga energética. O critério de uso de NNP, em até ⅓ da proteína total da dieta, ainda pode ser utilizado de forma generalizada. RECOMENDAÇÕES PARA USO DAS MISTURAS DE CONCENTRADOS Qualquer tipo de alimento concentrado pode ser usado no preparo de uma mistura de boa qualidade, entretanto os requerimentos das cabras devem ser atendidos. Sendo assim, o preço e a disponibilidade dos alimentos básicos são fatores importantes na escolha dos ingredientes. Conforme supracitado, a composição da mistura concentrada depende da qualidade do volumoso. Para que o produtor tenha garantia e controle de que as exigências estão sendo supridas, é recomendável o ajuste periódico das quantidades de concentrados que serão fornecidas. Esse ajuste é necessário em função da mudança da composição química das forrageiras com o avanço da maturidade fisiológica da planta. Essa composição normalmente existe em tabelas, entretanto as melhores aproximações são obtidas quando se faz a análise destas forrageiras em laboratórios especializados. É difícil fazer uma recomendação única para fornecimento de concentrado para cabras em lactação. Cada propriedade dispõe de recursos forrageiros peculiares, com variações na qualidade nutricional. Não obstante, os valores apresentados na tabela 12 podem servir de guia quando há impossibilidade de realização de um balanceamento específico para cada propriedade. É essencial a verificação dos níveis de outros nutrientes, tais como energia e minerais. Em geral, a preocupação é dada somente à proteína e, muitas vezes, a energia é negligenciada. O conteúdo de energia da ração (EM, EL ou NDT) muitas vezes se apresenta deficiente, o que possui relação direta com os índices de produção e produtividade insatisfatórios. Este é um dos pontos de limitação da produção leiteira, principalmente porque escapa à capacidade de observação do criador. Quando alimentadas com forrageiras de média ou baixa qualidade, é necessário completar os requerimentos de mantença das cabras e, dependendo da qualidade da forrageira disponível, recomenda-se de 200 a 500 g de concentrado/cabeça/dia. As fontes de NNP também podem ser utilizadas para cabras em lactação, desde que não ultrapasse ⅓ do nitrogênio total da dieta. Em termos práticos, a ureia deve constituir até 1% da matéria seca total da dieta ou, aproximadamente, 3% da mistura de concentrados. Uma adaptação gradativa é necessária para que os caprinos possam aproveitar eficazmente a ureia sem distúrbios. Essa adaptação é feita com níveis crescentes de ureia adicionados ao concentrado na base de 0,5% por semana até a limitação. Desta forma, na sexta semana, as cabras estarão recebendo concentrado contendo 3% do elemento. No caso de cabras de alta produção leiteira, é essencial dar atenção aos minerais, uma vez que elas não conseguem ingerir as quantidades exigidas para sua mantença e produção. Para mitigar o problema, recomenda-se adicionar ao concentrado ou à mistura concentrada um premix, isto é, uma mistura vitamínico-mineral completa ao nível de 3%. As rações comerciais também podem ser utilizadas, desde que se verifiquem os níveis de garantia, tanto de qualidade como de composição. É importante que se evite rações com altos níveis de proteína, onde, normalmente, não possuem boa relação energia/proteína. Essas rações, em geral, não são bem aproveitadas pelas cabras, onerando o custo de produção de leite. É importante sempre frisar que um máximo cuidado deve ser dado ao estado de conservação dos ingredientes. As condições de armazenamento devem ser as melhores possíveis, procurando-se locais secos e com boa ventilação. Alimentos rancificados, de uma forma geral, são rejeitados pelas cabras. No caso de utilização de alimentos com alto conteúdo de matéria graxa, que se rancificam facilmente, deve-se ter cuidados especiais, evitando-se preparar grandes quantidades de uma só vez. Outro ponto que merece destaque é a presença de bolores. Os alimentos mofados devem ser sistematicamente eliminados, pois além de causar danos à saúde do animal, podem também ocasionar problemas para a saúde humana. Intoxicações por aflatoxina são frequentemente relatadas em caprinos. Assim, o uso de ingredientes suscetíveis ao fungo (Aspergillus flavus) que produz aflatoxina, deve ser feito com ressalvas. É imprescindível salientar que essas toxinas também podem ser produzidas por outros fungos e podem estar presentes em uma série de alimentos em más condições de armazenamento. O local de armazenamento dos ingredientes ou da mistura concentrada deve possuir boa vedação para não permitir a entrada de insetos e/ou roedores. A proliferação de insetos, além de causar danos físicos aos alimentos, uma vez que se alimentam de alguns princípios nutritivos, produz um aquecimento em função dos processos metabólicos dos insetos, o que reduz as características do alimento e seu valor nutritivo. É essencial que o local seja à prova de roedores, pois além do grande desperdício de ração, causado pelo consumo e danos às embalagens, os roedores também são vetores de doenças que causam sérios prejuízos e perdas ao criatório. Na maioria dos casos, essas doenças escapam à capacidade de observação do criador. As cabras devem ser alimentadas segundo sua produção. Neste caso, é importante que a alimentação seja individual. Pode-se fornecer a ração durante a ordenha ou no intervalo do fornecimento da ração volumosa, porém sempre em horário previamente estabelecido. A mistura concentrada pode ser fornecida em cochos coletivos, mas é necessário a instalação de canzis para a contenção dos animais. É essencial que, antes do fornecimento, os cochos estejam limpos para permitir um melhor aproveitamento. Os concentrados muito farelados devem ser evitados durante a ordenha, uma vez que podem afetar a qualidade do leite pelo aumento da possibilidade de contaminação com poeira. As cabras de alta produção devem receber a ração concentrada dividida em duas ou três refeições no dia para permitir melhor aproveitamento. O fornecimento da mistura concentrada juntamente com a ração volumosa não é recomendável, mesmo que esta seja de baixa qualidade, porque de forma geral causam desperdício. No caso de cabras semi-confinadas, a prática da mistura de concentrados com os volumosos pode facilitar e agilizar o arraçoamento. Neste caso, também se faz recomendável a disposição de canzis nos comedouros para evitar a competição entre os animais. RAÇÕES PARA CABRAS EM LACTAÇÃO As rações de cabras em produção de leite devem ser de boa qualidade, produzidas em ambiente higienizado e com normas de segurança, além de, no caso de armazenamento, serem armazenadas em ambiente limpo, arejado e fora do alcance de insetos e roedores. Além das condições de fabricação e armazenagem, a ração, quando formulada, deverá obedecer os requisitos nutricionais das cabras para sua mantença e para a produção de leite. Sabemos que quanto maior a produção mais nutritiva deverá ser a ração. O fornecimento de ração volumosa também é essencial para o funcionamento normal do rúmen, além de fornecer uma carga nutricional. A relação entre volumoso e concentrado é importante, um não pode se sobressair em excesso sobre o outro, caso aconteça, haverá um desbalanceamento e consequente baixa na produção e produtividade. O limite de utilização dos ingredientes concentrados também é importante, caso haja uma incorporação maior de um dado ingrediente, poderá haver perdas significativas; por exemplo, se houver maior incorporação de ureia poderá haver intoxicação do animal. Na sequência, são apresentadas rações para cabras em lactação formuladas e disponíveis no livro sobre formulação de ração para caprinos do mesmo autor, exemplos 2 e seção rações prontas para caprinos números 2, 3, 4 e 21. A primeira ração formulada é para uma cabra da raça Saanen com 50 kg de PV e produção leiteira de 5 kg/dia com teor de gordura de 3,5%. A ração é composta por volumoso e concentrado, conforme tabela 13. Tomando os requerimentos da cabra em questão e a composição química da dieta, observamos que a dieta volumosa e concentrada supre todas as exigências nutricionais do animal (tabela 13.1). A seguir, são apresentadas misturas de volumosos e concentrados para cabras em lactação, conforme as recomendações dadas por DA SILVA, 2021 sobre os níveis nutricionais de rações para a categoria. Segundo o autor, a composição industrial de um concentrado deve ser de 16 a 24% de proteína bruta, 65% de nutrientes digestíveis totais, 0,75% de Ca e 0,3% de P, seguindo um CMS de 3 a 5% do peso vivo. Tais valores são genéricos, o ideal é consultar as tabelas de exigências das cabras. Os valores das misturas supracitadas, tanto de quantidade como de composição, são genéricos e podem variar em função de alguns fatores, os mais importantes são composição bromatológica dos ingredientes e das exigências nutricionais das cabras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, L. F.; ZANETTI, M. A. (Eds.). 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FISIOLOGIA DO PARTO E DA LACTAÇÃO ANIMAL ANIMAL REPRODUCTION: PHISIOLOGY OF PARTURITION AND ANIMAL LACTATION Emanuel Isaque Cordeiro da Silva Departamento de Zootecnia da UFRPE WhatsApp: (82)98143-8399 1. INTRODUÇÃO O sucesso biológico do processo de reprodução culmina com a sobrevivência das crias. Durante a gestação, o feto desenvolve-se no útero materno protegido das influências externas, e obtendo os nutrientes e o oxigênio através da mãe. O parto é o processo biológico que marca o fim da…Read moreFISIOLOGIA DO PARTO E DA LACTAÇÃO ANIMAL ANIMAL REPRODUCTION: PHISIOLOGY OF PARTURITION AND ANIMAL LACTATION Emanuel Isaque Cordeiro da Silva Departamento de Zootecnia da UFRPE WhatsApp: (82)98143-8399 1. INTRODUÇÃO O sucesso biológico do processo de reprodução culmina com a sobrevivência das crias. Durante a gestação, o feto desenvolve-se no útero materno protegido das influências externas, e obtendo os nutrientes e o oxigênio através da mãe. O parto é o processo biológico que marca o fim da gestação e o início da vida extrauterina do animal. Para garantir a sobrevivência do recém-nascido o parto deve ser um processo controlado para que se inicie unicamente quando o feto tiver alcançado desenvolvimento suficiente que lhe permita enfrentar a vida extrauterina. Após o nascimento, a secreção de leite pela glândula mamária proporciona ao neonato tanto os nutrientes necessários para seu desenvolvimento como as defesas (imunoglobulinas) que lhe protegerão contra as possíveis infecções durante as primeiras fases de sua vida. Parto e lactação constituem a última etapa de um ciclo reprodutivo completo nas fêmeas dos animais domésticos, estando ambos os processos regulados e sincronizados por complexas mudanças hormonais na mãe. Estas mudanças são, em última análise, provocadas e governadas pelo próprio feto ou recém-nascido, o qual acomoda as respostas maternas às suas necessidades garantindo a sua sobrevivência. 2. O PARTO O parto é definido como o processo fisiológico pelo qual ocorre a expulsão de um ou mais fetos maduros, bem como das membranas fetais existentes no útero materno. Este processo é desencadeado por uma interação complexa entre as hormonas maternas (fatores maternos) e fetais (fatores fetais). Para que se realize a expulsão do feto é necessário que o útero deixe de ser um órgão quiescente, essencial para a manutenção da gestação, para ser um órgão contrátil. Ao mesmo tempo, o cérvix ou colo uterino, que durante a gestação permanece firmemente fechado para impedir a expulsão prematura do feto e evitar a entrada de agentes infecciosos, relaxa e dilata para facilitar a passagem do feto na hora do parto. Esta modificação na atividade do útero e do colo uterino, ocorrem como consequência das mudanças hormonais que o organismo materno experimenta à medida que a data do parto se aproxima. 2.1 Fatores maternos A gestação dos animais domésticos ocorre com elevada concentração de progesterona que, dependendo da espécie animal, é secretada seja pelo corpo lúteo do ovário (vaca, porca e cabra) ou pela placenta (ovelha e égua). A progesterona desempenha um papel fundamental durante a gestação, inibindo as contrações da musculatura lisa do útero (miométrio), permitindo assim a acomodação do feto durante o seu crescimento. Os estrogênios, estimulantes da atividade contrátil do miométrio, mantêm-se a baixas concentrações durante a maior parte da gestação. À medida que se aproxima o momento do parto, os níveis destes hormônios esteroides modificam-se, produzindo-se a diminuição nos níveis circulantes da progesterona ao mesmo tempo que se incrementam os valores sanguíneos dos estrogênios (figura 1). A redução dos níveis de progesterona suprime a sua ação inibitória sobre a atividade contrátil do miométrio, permitindo que se manifestem os efeitos estimulantes dos estrogênios sobre este órgão. A concentração de estrogênios começa a aumentar geralmente no final da gestação, atingindo os seus valores máximos no momento do parto (figura 1). O aumento da concentração de estrogênios favorece a atividade contrátil espontânea do útero ao: a) estimular a síntese de proteínas contráteis; b) aumentar, sob medida, a sensibilidade do miométrio uterino à ação estimulante das prostaglandinas; c) induzir a formação de receptores de oxitocina no útero. Figura 1. Níveis de progesterona e estrógenos durante a gestação e parto das espécies ovina, caprina, suína e bovina. Fonte: HAFEZ, 2013. Os estrogênios estimulam a síntese e secreção de prostaglandina (PGF2a), que constitui o elemento essencial para o início do parto devido aos efeitos que esta substância provoca. Assim, nas fêmeas, cujos níveis de progesterona gestacional dependem da presença do corpo lúteo, a secreção de PGF, origina a regressão deste (luteólise), com a consequente diminuição da progesterona a níveis basais. Além disso, a PGF2a origina contrações de crescente intensidade no útero sensibilizado pela ação dos estrogênios. Esta ação contrátil da PGF2a deve-se a um aumento da concentração de cálcio intracelular das fibras musculares uterinas. A PGF2a também está envolvida no relaxamento do colo do útero, inibindo a formação de colágeno cervical ao mesmo tempo que estimula a síntese de enzimas (colagenase) que degradam a matriz de colágeno formado no início da gestação. A dilatação do colo do útero está também associada à pressão que o feto exerce sobre o mesmo e, no caso da porca, a relaxina pode também estar envolvida. Esta hormona é também de grande importância para a preparação do parto em todas as espécies animais, uma vez que é responsável pelo relaxamento dos ligamentos e músculos que rodeiam o canal pélvico para favorecer a separação da sínfise púbica durante a expulsão do feto. Nos grandes animais (vaca, égua) as mudanças que ocorrem nos tecidos e ligamentos pélvicos são muito evidentes e constituem um sintoma de parto iminente. O início do parto, ou primeira fase do parto, caracteriza-se pelo aumento das contrações uterinas provocadas pela PGF2a coincidindo com a dilatação do colo uterino para permitir a passagem do feto para o canal do parto, momento em que começa a segunda fase do parto. A distensão vaginal que produz-se para a passagem do feto pelo canal do parto origina um estímulo nervoso que viaja através da medula espinal para o hipotálamo, onde se encontram os neurônios responsáveis pela síntese de oxitocina. As terminações nervosas destes neurónios são projetadas para o lobo posterior da hipófise (neurohipófise), onde a oxitocina é secretada para ser, posteriormente , transportada pela circulação sanguínea. Este reflexo neuroendócrino chamado reflexo de Ferguson determina a secreção súbita de oxitocina, provocando o aumento tanto na intensidade como na frequência das contrações uterinas necessárias para a expulsão final do feto. O papel da oxitocina é ativar a conclusão do processo de expulsão, uma vez que esta hormona não está envolvida no início do parto. A alteração mais significativa entre a gestação e o parto é a alteração na atividade contrátil do miométrio uterino. Esta mudança é devido às alterações hormonais que ocorrem na mãe quando a gestação chegou a fim. No entanto, para que estes mecanismos maternos sejam acionados, é necessário que o feto indique de alguma forma à mãe o seu estado de desenvolvimento, de modo que o nascimento realize-se quando o feto estiver preparado para enfrentar a vida extrauterina. 2.2 Fatores fetais A destruição experimental da hipófise e/ou das glândulas adrenais do feto origina o prolongamento da gestação nos animais domésticos. Pelo contrário, a administração exógena de cortisol (corticosteroides adrenais), ou do seu precursor hipofisário (ACTH), à circulação fetal provoca, em poucas horas, o início do parto. Estes fatos evidenciam a importância do eixo hipófise-adrenal do feto para desencadear o início do parto (figura 2). Figura 2. Mecanismos fetais que controlam o parto em ovelhas. Fonte: LIGGINS et al, 1972. No final da gestação, o feto maduro apresenta um aumento da concentração de corticosteroides plasmáticos devido ao efeito estimulante da hormona adrenocorticotróide (ACVH) secretada pela hipófise fetal sobre as glândulas adrenais do feto. Os corticosteroides fetais por sua vez estimulam as enzimas placentárias para transformar a progesterona em estrogênio. O resultado final é a diminuição dos níveis de progesterona ao mesmo tempo que se eleva a concentração de estrogênios que, por sua vez, estimulam a libertação de PGF2a responsável pelas contrações uterinas. Este raciocínio explica algumas doenças caracterizadas por gestação prolongada em ovelhas, como ocorre na África do Sul, onde estes animais são obrigados, durante as épocas de seca, a ingerir as folhas de um arbusto chamado Salsola tuberculate. O prolongamento da gestação ocorre quando estas folhas são ingeridas durante o último terço da gestação cujos efeitos estão relacionados com a supressão do eixo hipotálamo-hipófise, com o qual as adrenais não recebem o estímulo necessário (ACTH) para a síntese e liberação de corticoides. O efeito contrário é observado nas cabras da raça Angorá, nas quais se produzem, com relativa frequência, partos prematuros que podem estar relacionados com um desenvolvimento precoce das glândulas adrenais. Isto significa que, nos animais domésticos, o feto determina a data do parto. O sinal hormonal que indica à mãe o grau de maturidade do feto é o desenvolvimento do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal que origina o aumento na secreção de corticoides fetais que são os responsáveis por desencadear as alterações hormonais no organismo materno necessárias para iniciar o parto. A figura 2 mostra como a remoção da hipófise e as adrenais do feto prolongam a gestação, enquanto a administração exógena de ACTH ou corticoides (cortisol) ao feto originam um parto prematuro. O momento em que ocorre o aumento da concentração plasmática de corticoides no feto varia de acordo com a espécie: de 25 a 30 dias antes do parto na vaca, de 7 a 10 dias na porca e de 2 a 3 dias na ovelha. 2.3 Desenvolvimento e fases do parto O parto inicia-se com o início das contrações peristálticas e regulares do miométrio uterino ao mesmo tempo que o colo do útero se dilata progressivamente. Nas fêmeas que gestam um único feto (monotecas), as contrações começam na extremidade anterior do córneo uterino, enquanto que nas espécies que gestam vários fetos (politocas) as contrações começam pela extremidade cervical para começar a expulsar o feto que se encontra mais próximo do cérvix. Durante o parto são reconhecidas três fases: 1. Fase preparatória - Na qual as contrações uterinas estimulam a rotação do feto (fêmeas monotecas) para adotar a posição dorsal (extremidades anteriores e cabeça forçadas contra o cérvix) que lhe permite oferecer a menor resistência para sua expulsão. A PGF2a provoca as contrações miometriais e a dilatação do cérvix, deslocando o feto contra e através desta estrutura. 2. Fase de expulsão - A passagem do feto através do colo uterino e da vagina causam a completa dilatação destas estruturas, originando a secreção de oxitocina (reflexo de Ferguson), que provoca contrações de maior frequência e intensidade. Por sua vez, estas contrações uterinas são reforçadas pela pressão e contração dos músculos abdominais, chegando estes últimos a ser a força principal (forças de expulsão) envolvida no processo de expulsão do feto. O cordão umbilical rompe-se bem ao levantar-se a mãe ou pelos movimentos do recém-nascido. 3. Fase de expulsão da placenta - Após o parto, as contrações rítmicas do útero continuam a facilitar a expulsão da(s) placenta(s). O tempo necessário para este processo varia de acordo com a espécie animal. Este processo é rápido na égua, já que a separação do corion (membrana fetal) de sua inserção uterina ocorre durante a expulsão do feto, com o qual o parto deve ser concluído rapidamente ou, caso contrário, o potro se asfixiaria. Nos ruminantes, a expulsão da placenta cotiledonaria é um processo mais lento que exige a separação dos cotilédones (membrana fetal) das carúnculas do útero. Por conseguinte, a troca de nutrientes e oxigênio entre a mãe e o feto continua até que este tenha sido totalmente expelido, devido ao cordão umbilical destes animais ser bastante longo. Nas fêmeas politocas, como a porca, geralmente as placentas de vários leitões são expulsadas no final, quando os leitões já foram expelidos, se bem que o último leitão poderá ser expelido durante a expulsão da massa placentária. 3. LACTAÇÃO A lactação constitui o processo que define os mamíferos como classe biológica. O desenvolvimento pós-natal dos mamíferos vai depender, em grande medida, dos nutrientes e defesas fornecidos pela mãe através da secreção de leite (imunoglobulinas). Assim, uma vez concluído o desenvolvimento gestacional do feto, a glândula mamária irá substituir, de certa forma, a função nutritiva e protetora da placenta durante a gestação. 3.1 Anatomia funcional da glândula mamária A estrutura funcional da glândula mamária é muito semelhante em todos os mamíferos, embora o tamanho, forma e número de glândulas varia dependendo da espécie animal. As glândulas mamárias desenvolvem-se como estruturas pares cujo número varia de um par (égua, cabra e ovelha), dois pares (vaca) até sete ou nove (porca). A localização das glândulas também difere sendo inguinal em vaca, égua, cabra e ovelha, enquanto que na porca, cadela e gata se estendem por todo o comprimento do tórax e abdômen. Nos animais domésticos em geral as glândulas mamárias recebem o nome de úberes. Tomando como modelo a vaca, a glândula mamária se organiza em duas estruturas: o estroma, formado por tecido conjuntivo procedente dos ligamentos suspensório medial, localizado entre os dois pares de glândulas, dando suporte à segunda estrutura que é o tecido secretor. Este é formado por acúmulos de células secretoras formando estruturas ocas chamadas alvéolos, que são as unidades fundamentais secretoras de leite. Os alvéolos estão circulados internamente por células epiteliais (secretoras) e rodeados externamente por células mioepiteliais contráteis, cuja contração origina a ejeção do leite (figura 3). O agrupamento de vários alvéolos adjacentes formam um lobo secretor. Figura 3. Diagrama de um agregado de alvéolos na glândula mamária de uma cabra. Fonte: COWIE et al, 1980. Os lobos expelem a secreção através de ductos que, por sua vez, drenam os ductos galactóforas (ductos lácteos) de maior diâmetro, para desembocar em áreas especializadas em armazenar o leite chamadas cisternas (vaca, cabra). Finalmente, a cisterna abre-se para o exterior através do canal papilar da teta. A presença do músculo liso na teta permite-lhe agir como esfíncter para impedir que o leite seja expelido passivamente do interior da glândula. O mamilo/teta é provido de numerosos receptores sensitivos cuja excitação durante a ordenha ou amamentação vai desencadear estímulos nervosos de grande importância para a manutenção da lactação. 3.2 Desenvolvimento da glândula mamária (mamogênese) A glândula mamária difere das demais glândulas do organismo no escasso desenvolvimento que apresenta no nascimento da fêmea, o qual não se inicia até que esta não atinja a puberdade. O início da atividade cíclica do ovário (puberdade) dá origem à síntese de estrogênios (fase folicular do ciclo estral) e progesterona (fase lútea). Os estrogênios originam o alongamento e ramificação dos ductos e a formação de pequenas massas esféricas de células (os futuros alvéolos). Embora este desenvolvimento seja dependente do estrogênio, é também necessária a ação sinérgica da prolactina, hormona do crescimento (GH) e corticoides adrenais, como demonstrado pelos estudos realizados em ratos aos quais foi removida a hipófise, glândulas suprarrenais e ovários (figura 4). A função da progesterona no desenvolvimento da glândula mamária é estimular o crescimento do lobo-alveolar, mas como no caso anterior também requer a ação conjunta dos hormônios acima mencionados. Figura 4. Hormonas relacionadas com o crescimento da glândula mamária e início da secreção de leite na rata hipofisectomizada-adrenoectomizada-ovariectomizada. Fonte: COWIE, 1980. O desenvolvimento da glândula, durante cada ciclo estral, vai depender da duração da fase folicular (níveis elevados de estrogênio), já que nas restantes fases do ciclo, quando os níveis de estrogênio são baixos, os ductos sofrem uma ligeira regressão. Nas espécies com ciclos curtos (rata), em que a fase folicular do ciclo é predominante, enquanto a fase lútea é quase inexistente, verifica-se um grande desenvolvimento dos ductos; enquanto que aquelas que apresentam um corpo lúteo funcional de longa duração (cadela e primatas), além do crescimento dos ductos, mostram um grande desenvolvimento lóbulo-alveolar semelhante ao que ocorre na gestação. É durante a gestação que o sistema alveolar sofre uma hipertrofia considerável, resultando em lobos proeminentes e no desenvolvimento da luz interna dos alvéolos, fato que é evidente na maioria dos animais domésticos por volta da metade do período gestacional. Em algumas espécies, as células que circundam interiormente os alvéolos contêm produtos secretores, indicando que a glândula mamária já está preparada para a fase da lactação. O desenvolvimento glandular durante a gestação deve-se ao efeito conjunto da progesterona e dos estrogênios com as hormonas hipofisárias acima mencionadas: prolactina, hormona do crescimento (GH) e adrenocorticotropina (ACTH). A proporção entre estrogênios e progesterona varia de acordo com a espécie, mas geralmente é necessária uma maior concentração de progesterona (proveniente do corpo lúteo ou da placenta). Quanto às hormonas hipofisárias, a prolactina desempenha um papel fundamental na diferenciação da glândula mamária (mesmo a baixas concentrações) ao estimular o desenvolvimento do epitélio secretor dos alvéolos. A GH favorece o crescimento dos ductos e a ACTH estimula a secreção de corticoides nas adrenais que, por sua vez, favorecem de forma generalizada o crescimento das glândulas. 3.3 Secreção da glândula mamária (lactogênese) A lactogênese, ou o processo pelo qual se produz a síntese e secreção do leite pela glândula mamária, começa no final da gestação coincidindo com o desencadeamento do parto. O primeiro leite formado imediatamente antes ou depois do parto é denominado colostro. No entanto, a lactação não pode desenvolver- se completamente até que se inicie o processo de parto. Isto deve-se ao fato de que o processo de lactação resulta de uma interação complexa de hormonas que preparam a glândula mamária para a secreção do leite. Os requisitos hormonais mínimos para o início da lactogênese são: aumento da secreção de estrogênios, prolactina e corticoides, juntamente com a diminuição da concentração de progesterona, perfis hormonais que estão intimamente relacionados com o desencadeamento do parto. Isto deve-se ao fato de que a progesterona inibe a atividade lactogênica da prolactina bloqueando a formação dos seus receptores na glândula mamária durante a gestação impedindo, assim, a prolactina de sintetizar os componentes fundamentais do leite. Pelo contrário, o aumento da concentração de estrogênios no final da gestação (figura 1, na seção do parto) estimula a síntese, o armazenamento e a secreção hipofisária de prolactina. Assim, apesar da glândula mamária estar preparada para iniciar a secreção de leite, muito antes da data prevista para o parto, a elevada concentração de progesterona (existente durante esse período de gestação) impede a fase láctea (saída do leite pelas tetas) de ocorrer antes da expulsão do feto. Desta forma, o feto poderá beneficiar das vantagens que o fornecimento do colostro materno irá trazer para a sua sobrevivência (imunização, nutrição e favorecimento da exoneração do mecônio). O aumento da concentração de estrogênios nos dias que antecederem o parto resulta num rápido aumento das concentrações plasmáticas de prolactina e corticoides. A prolactina é a hormona lactogênica mais importante na síntese dos componentes do leite. No entanto, para que esta hormona possa exercer a sua função, é necessária a participação dos corticoides, já que os mesmos são os responsáveis pelo desenvolvimento das organelas citoplasmáticas (retículo endoplasmático rugoso e aparelho de Golgi) onde se realiza a síntese do leite. No desenvolvimento da lactogênese, para além da prolactina e dos corticoides, participam também outras hormonas como a insulina, a tiroxina e o hormônio do crescimento. A insulina estimula a proliferação de novas células epiteliais na glândula mamária, enquanto a tiroxina, embora não seja essencial para a lactação, pode influenciar no volume de leite produzido pela fêmea (alta produção leiteira). Por último, a hormona do crescimento favorece, em geral, a lactação, existindo atualmente um interesse considerável no uso desta hormona para promover a produção adicional de leite em vacas através da sua administração exógena (trabalho e projeto desenvolvido pela professora titular e médica-veterinária do IFPB Campus Sousa Marianne Christina Velaqua). 3.3.1 Síntese e secreção dos componentes do leite Os principais constituintes do leite são: proteínas (caseína, alfa-lactalbumina, albumina sérica e imunoglobulinas), açúcares (lactose), gorduras (principalmente sob a forma de triglicerídeos), vitaminas, minerais e citrato (no caso dos ruminantes). As proteínas (caseína e alfa-lactalbumina) são sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso e posteriormente embaladas em vesículas secretoras do aparelho de Golgi para serem liberadas da célula para a luz alveolar mediante um processo de exocitose. A lactose é o principal açúcar do leite que, além disso, atua regulando a pressão osmótica do mesmo de modo que o volume de leite que a glândula mamária segrega está diretamente relacionado com a quantidade de lactose presente. A síntese da lactose ocorre no aparelho de Golgi pela condensação de glicose e galactose; esta reação é catalisada por uma enzima (lactose sintetase) presente na membrana do aparelho de Golgi que, por sua vez, é ativada pela proteína alfa-lactalbumina. Esta proteína só aparece na glândula mamária e é essencial para a síntese da lactose, o que demonstra que este açúcar é exclusivamente formado no leite. A lactose é também embalada junto com o cálcio, o fosfato e as proteínas nas vesículas secretoras para ser expulsada ao lúmen alveolar por exocitose. As imunoglobulinas (anticorpos IgA) são formadas pelas células plasmáticas, derivadas dos linfócitos B do sangue, como consequência da exposição da mãe a diferentes microrganismos. Estes anticorpos passam para a glândula mamária por migração dessas células a partir dos tecidos adjacentes. Os triglicerídeos são sintetizados no citoplasma e no retículo endoplasmático liso a partir de ácidos graxos provenientes da circulação sanguínea; em seguida, unem-se formando glóbulos de gordura que se dirigem até o vértice da membrana plasmática para serem finalmente expelidos para a luz do alvéolo, rodeados pela membrana, formando assim uma dispersão de glóbulos de gordura (figura 5). Figura 5. Estrutura de três células alveolares durante a síntese do leite. Fonte: COWIE, 1980. Do ponto de vista quantitativo, a caseína e os triglicerídeos constituem as proteínas e as fontes de energia, respectivamente, mais importantes do leite. Por último, o citrato é um intermediário do metabolismo da glicose que ocorre em grande concentração no leite dos ruminantes. Este composto é também englobado no interior das vesículas secretoras, junto com os outros compostos, para sua expulsão à luz alveolar. A composição do leite varia dependendo da espécie animal, e difere também até entre a mesma espécie. Estas variações estão relacionadas com a raça, idade, estágio de lactação e estado nutricional do animal. O teor de gordura no leite de ovelhas, porcas, cadelas e gatas varia entre 7 e 10%. No gado leiteiro estes valores variam de 3,5 a 5,5%, dependendo da raça. Em relação às cabras, os valores de gordura são muito semelhantes aos das vacas, enquanto o leite das éguas é o que tem menor teor de gordura (tabela 1). Espécie Gordura Proteína Lactosa Cinzas/Cálcio Gata 7,1 10,1 4,2 0,5 Vaca holandesa 3,5 3,1 4,9 0,7 Cadela 9,5 9,3 3,1 1,2 Cabra 3,5 3,1 4,6 0,8 Égua 1,6 2,4 6,1 0,5 Tabela 1. Composição do leite em várias espécies (%). Fonte: JACOBISON, 1984. 3.4 Manutenção da lactação (galactopoiese) A capacidade da glândula mamária de secretar um grande volume de leite começa em/ou imediatamente antes do parto, para aumentar no período pós-parto durante um tempo variável e, posteriormente, diminuir de forma gradual. Em geral, existe um paralelismo entre a atividade secretora da glândula e a procura de leite por parte do lactente. Isto deve-se ao fato de sucção pelo lactente, ou a extração por ordenha, que constituem o fator fundamental para a manutenção da lactação. A sucção estimula a lactação de duas formas: a) reduzindo os efeitos inibitórios da pressão intramamária produzida pela acumulação de leite, e b) estimulando intensamente a secreção de hormonas necessárias para manter a síntese e secreção de leite nos alvéolos. As hormonas que desempenham um papel fundamental na manutenção da lactação são: I) a prolactina, que é responsável pela estimulação da síntese e secreção de leite nas células epiteliais nos alvéolos, e 2) a oxitocina, que provoca a contração das células musculares que circundam externamente os alvéolos e os ductos (células mioepiteliais). A libertação de ambos os hormônios ocorre como resultado de um reflexo neuroendócrino originado pela estimulação do mamilo. 3.4.1 Secreção reflexa de prolactina A secreção de prolactina é regulada por dois fatores hipotalâmicos: a dopamina, que inibe a secreção de prolactina e um fator cuja identidade não está bem definida, conhecido como fator liberador de prolactina (PRF)que estimula a liberação deste hormônio. O estímulo sensorial originado como sequência da estimulação do mamilo, pela sucção do lactente, é transportado através da medula espinhal para o hipotálamo, onde atua na inibição da dopamina ou estimulando a secreção do PRF para desencadear a secreção de prolactina da adenohipófise para a circulação sanguínea (figura 6). Figura 6. Reflexos neuroendócrinos secretores de prolactina e oxitocina. Fonte: HAFEZ, 2000. A prolactina estimula a secreção dos componentes do leite para a luz dos alvéolos, afim de repor o volume de leite extraído durante a última ordenha ou sucção. Ao mesmo tempo, a prolactina induz a síntese das proteínas, incluindo a alfa-lactalbumina para estimular novamente a síntese da lactosa, bem como as enzimas necessárias para a produção dos triglicerídeos. Desta forma, a secreção de prolactina originada pelo lactente durante o aleitamento proporciona um mecanismo simples para combinar o volume de produção de leite com as necessidades do lactente. A quantidade de prolactina liberada durante cada período de sucção depende do número de crias, da duração do estímulo e dos intervalos de tempo decorridos entre os períodos de sucção (ou ordenha). No caso das vacas leiteiras, as ordenhas são geralmente realizadas de doze em doze horas, intervalo de tempo suficiente para manter a lactogênese. Os valores plasmáticos de prolactina aumentam imediatamente após o início da ordenha, mas os valores mais elevados são obtidos cerca de meia hora após o início do estímulo (ordenha ou sucção). A secreção de prolactina e a produção de leite são influenciadas de alguma forma pelo fotoperíodo, uma vez que, em alguns animais se comprovou como o aumento do número de horas de exposição à luz dá origem a um aumento da concentração de prolactina circulante, bem como uma maior produção de leite (entre 6 e 10%) (trabalho e projeto elaborado pelos estudantes do curso técnico em agropecuária e da graduação em Medicina Veterinária do IFPB Campus Sousa sob a coordenação e orientação da profa. Me. Esp. Marianne C. Velaqua). 3.4.2 Reflexo da ejeção do leite A sucção do mamilo pelo lactente estimula os receptores sensoriais presentes nesta estrutura, originando a geração de impulsos nervosos que são transmitidos pelas vias nervosas ascendentes da medula espinhal para os corpos celulares produtores de oxitocina no hipotálamo. O estímulo desencadeia a síntese e liberação de um bolo de oxitocina através das terminações nervosas dos núcleos hipotalâmicos para a neurohipófise, da qual é transmitida, através do sangue, para a glândula mamária, provocando a contração das células mioepiteliais que rodeiam os alvéolos (figura 6). Além da estimulação direta do mamilo provocada pela sucção, qualquer estímulo relacionado à ordenha é capaz de gerar o reflexo da ejeção, por exemplo: os estímulos sensoriais auditivos (ruído dos cubos na hora da ordenha), visuais (ambiente da sala de ordenha), táteis (lavagem manual dos mamilos antes da ordenha) e os estímulos olfatórios que se produzem em torno do animal. O desencadeamento do reflexo de ejeção pelos estímulos sensoriais, que não estão diretamente relacionados com a sucção ou ordenha, indica a possível participação de centros superiores do sistema nervoso central para controlar a secreção de oxitocina. Esta teoria é baseada em que os estímulos relacionados com situações de estresse em animais de estimação (medo, ansiedade, frio, etc.) inibem a ejeção do leite. A contração das células mioepiteliais gera um aumento da pressão intra-alveolar mamária, provocando o deslocamento do leite para os ductos maiores da glândula. Este efeito é popularmente conhecido como diminuição do leite e constitui um mecanismo fisiológico muito eficaz para controlar a expulsão do leite para o mamilo, assegurando que a ejeção do leite se realize unicamente quando o lactente o demanda. O efeito estimulante da oxitocina é de grande importância já que a maior parte do leite se encontra nos alvéolos e nos ductos, com o qual, a ausência deste hormônio provocaria um lento movimento do leite para a cisterna do úbere e, portanto, uma menor quantidade de leite. Assim, quando os alvéolos e ductos menores são contraídos, ocorre o relaxamento dos ductos principais, bem como da cisterna (ruminantes) e do mamilo, o que dá origem a um aumento destas estruturas para alojar o volume de leite expelido. Como resultado da volumosa ejeção do leite dos alvéolos e ductos menores, ocorre um aumento da pressão intramamária de modo que o lactente terá que vencer a resistência do esfíncter do mamilo para poder extrair o leite. A produção de leite pela glândula mamária diminui gradualmente à medida que os intervalos de tempo entre os dois períodos de amamentação do lactente diminuem e os estímulos necessários para manter as concentrações de prolactina e oxitocina na circulação sanguínea. A diminuição ou cessação da secreção de leite, geralmente coincide com a mudança na alimentação das crias (desmame) para passar à dieta característica da espécie. 3.5 Colostro O colostro é o primeiro leite que se forma na glândula mamária coincidindo com o parto. A ingestão de colostro por recém-nascidos é de grande importância para a sua sobrevivência, não só pelo seu elevado valor nutritivo, mas também pelo seu teor em imunoglobulinas (IgA) que lhe confere a imunização passiva necessária para o proteger contra patologias. Em algumas espécies (homem, coelho e cobaia) grande parte dos anticorpos passam para a circulação do feto através da placenta durante a gestação. Nos animais domésticos (vaca, égua, ovelha, cabra, porco) as características da placenta (número de camadas entre a circulação materna e fetal) não permitem a passagem destas proteínas. Como resultado, a imunização das crias nestas espécies animais vai depender da transferência das imunoglobulinas através do colostro. O epitélio intestinal dos recém-nascidos permite a passagem destas imunoglobulinas durante as primeiras 24 a 48 horas de vida. Passado este tempo, o epitélio torna-se impermeável à passagem dos anticorpos, fato que põe em evidência a importância que tem para os animais recém-nascidos e desprovidos de defesas a ingestão do colostro durante os primeiros dias. A composição do colostro caracteriza-se (em relação ao leite normal) por um teor mais elevado de proteínas, vitaminas, minerais e uma menor concentração de lactose. A composição do colostro muda gradualmente durante os primeiros três dias após o parto para se transformar em leite normal. 4. RESUMO E PRIMEIRAS CONCLUSÕES O parto, ou processo fisiológico pelo qual se expulsa o feto, é o resultado da maturação sequencial de um sistema de comunicação hormonal. A sequência inicia-se no sistema nervoso central do feto de onde os sinais são transmitidos e amplificados, através da hipófise, para as glândulas adrenais fetais, as quais respondem ao estímulo mediante a secreção de cortisol. O aumento da concentração de cortisol por parte do feto indica que este conseguiu o desenvolvimento necessário para enfrentar a vida extrauterina e, portanto, é hora de interromper a gestação. O cortisol atua sobre a placenta para aumentar a secreção de estrogênios que, por sua vez, estimulam a síntese e a liberação de prostaglandinas. O resultado é a diminuição da progesterona, que é a hormona encarregada de manter a gestação ao inibir as contrações espontâneas do útero, impedindo assim a expulsão prematura do feto. O útero, sob os efeitos da prostaglandina, começa a contrair-se ao mesmo tempo que o colo uterino amolece e dilata progressivamente (fase preparatória do parto). A passagem do feto ao canal do parto origina a secreção reflexa de oxitocina (fase de expulsão), causando contrações de maior frequência e intensidade que culminam com a expulsão do feto. Finalmente, as contrações uterinas continuam durante algum tempo até que finalmente é expulsa a placenta (fase de expulsão da placenta). O desenvolvimento da glândula mamária durante a gestação e a subsequente capacidade desta estrutura para secretar leite, coincidindo com o parto, oferece aos animais pertencentes à classe biológica dos mamíferos a vantagem de alimentar as suas crias para assegurar a sua sobrevivência durante as primeiras fases do seu desenvolvimento e, portanto, a continuidade da espécie. A lactação constitui um dos processos fisiológicos mais complexos em consequência do grande número de hormonas que, segregadas de forma coordenada, controlam as diferentes fases pelo que atravessa este processo: I) mamogênese ou desenvolvimento dos dutos e estruturas lóbulo-alveolares durante a gestação; 2) lactogênese ou síntese láctea por células epiteliais e sua secreção para a luz alveolar coincidindo com o parto, e 3) galactopoiese ou manutenção da síntese e secreção do leite como consequência da sua extração da glândula mamária seja pela sucção da cria ou pela ordenha. Emanuel Isaque Cordeiro da Silva – Departamento de Zootecnia da UFRPE. Recife, 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEIGHLE, D. E. The effect of gestation and lactation on bone calcium, phosphorus and magnesium in dairy cows. Journal of the South African Veterinary Association, v. 70, n. 4, p. 142-146, 1999. BRACKELL, B. G.; JR SEIDEL, G. E.; SEIDEL, S. Avances en zootecnia nuevas técnicas de reproducción animal. 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Formulação de Ração para Caprinos APRESENTAÇÃO O material Formulação de Ração para Caprinos, assim como a edição para ovinos, visa servir de alicerce para demonstrar as exigências nutricionais atualizadas dos caprinos, além das equações que servem para determinar a exigência do animal em uma determinada situação. Além disso, demonstra a avaliação bromatológica dos principais alimentos utilizados para a alimentação do rebanho no Brasil, esses valores da composição nutricional servem de base, ass…Read moreFormulação de Ração para Caprinos APRESENTAÇÃO O material Formulação de Ração para Caprinos, assim como a edição para ovinos, visa servir de alicerce para demonstrar as exigências nutricionais atualizadas dos caprinos, além das equações que servem para determinar a exigência do animal em uma determinada situação. Além disso, demonstra a avaliação bromatológica dos principais alimentos utilizados para a alimentação do rebanho no Brasil, esses valores da composição nutricional servem de base, assim como as exigências para as técnicas matemáticas empregadas na formulação manual de dietas. A abordagem desse material é a apresentação das exigências nutricionais dos caprinos mediante as bases científicas como o NRC (2007); e, através de equações de predileções, apresentar as exigências nutricionais sob as condições brasileiras, principalmente sob condições em que deverão ser incrementados uma dada porcentagem das exigências, por exemplo para os caprinos em atividade intensa e/ou moderada no semiárido nordestino. Posteriormente, apresentar exemplos práticos de formulação de dietas mediante as técnicas matemáticas empregadas para tal. Será abordada situações reais onde um profissional pode se deparar no cotidiano de propriedades caprinocultoras. O texto também é dividido em três capítulos com as exigências nutricionais, composição dos principais alimentos e a formulação prática de dietas que visem suprir as necessidades dos animais de forma clara e objetiva, com a finalidade de servir de ferramenta para que os produtores rurais, técnicos, zootecnistas, nutricionistas etc. possam conseguir elaborar dietas para fornecer uma ração de boa qualidade física e nutricional. SUMÁRIO EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DOS CAPRINOS 1 Equações de predição do consumo de matéria seca (CMS) 2 Algumas exigências para caprinos 4 Tabelas de requerimentos nutricionais dos caprinos 6 Concentrações de nutrientes necessárias em rações de caprinos (% da MS) 12 Energia metabolizável para caprinos 15 Relação volumoso:concentrado (v:c) para caprinos 17 ALIMENTOS PARA CAPRINOS 19 FORMULAÇÃO DE RAÇÃO PARA CAPRINOS 34 RAÇÕES PRONTAS PARA CAPRINOS 78 CONCLUSÕES 86 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 87 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DOS CAPRINOS Para formular dieta para os caprinos, devemos seguir os mesmos passos tal qual para as demais espécies de interesse zootécnico. Os passos a serem seguidos para a elaboração de rações são: Após a caracterização do rebanho a ser alimentado, devemos buscar as equações de predileção para estimar as exigências nutricionais do lote servindo de alicerce para que a ração final obtenha as mesmas quantidades de nutrientes tal qual os animais requerem, por exemplo, um caprino reprodutor da raça Boer de 50 kg de PV sob condições de trabalho moderado, onde devemos incluir 50% da exigência da mantença, exige cerca de 795 g de NDT/ kg de MS ingerida, então após estabelecer os alimentos disponíveis e a composição bromatológica dos mesmos, o resultado final do balanceamento deverá ser igual a exigência de NDT do animal, podendo haver pouco excesso ou pouco défice. Como citado em outros trabalhos, as exigências dos animais variam em função do peso, idade, estado fisiológico etc. e que, para a elaboração de dietas, os nutrientes mais comumente trabalhados são a proteína bruta (PB), as necessidades energéticas podendo-se utilizar os nutrientes digestíveis totais (NDT), energia metabolizável (EM), energia digestível (ED) ou energia líquida (EL), as necessidades minerais dando ênfase aos de maior importância que são cálcio e fósforo e, raramente, as necessidades vitamínicas. Existem diferentes fontes teóricas e científicas que dispõem de tabelas de requerimentos nutricionais da espécie caprina de acordo com diferentes fatores, sendo eles os de peso vivo; ganho ou perda de peso; estado produtivo ou improdutivo de carne ou leite; animal em início, meio ou fim da gestação com um ou dois fetos; fêmeas paridas em lactação com uma ou duas crias ao pé etc. Também, segundo o NRC para caprinos (1981) e o para pequenos ruminantes (2007), os fatores de atividade leve, moderada ou intensa são levados em consideração. Apresentarei aqui algumas equações para predizer as exigências líquidas e as principais tabelas de requerimentos nutricionais dos caprinos expressas com base na necessidade do animal ou em percentual da ração, que servirão de base teórica para a formulação prática de rações para animais em diferentes situações. Equações de predição do consumo de matéria seca (CMS) É comum, na literatura acerca da criação e, principalmente, sobre a nutrição de caprinos observar que os especialistas trabalham com porcentagens de fornecimento de ingestão ou consumo de matéria seca (IMS ou CMS) para os animais de acordo com três fatores, um leva em consideração a origem do animal, outro o estado fisiológico e outro a categoria do animal. Para aclarar melhor vejamos a tabela 1 sobre as porcentagens de matéria seca em função do peso vivo para os caprinos. Tabela 1: Porcentagens ideais de consumo de matéria seca de acordo com o peso vivo de caprinos em diferentes etapas e origens Tipo de animal CMS em % do PV Cabras de origem temperada 5 a 6 Cabras de origem tropical 4 a 5 Mantença 3 Cabras gestantes 2,2 a 2,8 Cabras em lactação 3 a 5 Cabritos em crescimento 2,5 a 3 Fonte: Adaptações de BORGES & GONÇALVES, 2011 e SILVA & VALLE, 2018. No entanto, existem diferentes fórmulas para estimas as exigências de consumo de matéria seca dos caprinos, uma, apesar de não completa, é estabelecida pelo INRA, outras apresentadas pelo AFRC estimam para caprinos em mantença e lactação. Outras formas simplificadas indicam um consumo em porcentagem de acordo com o estado fisiológico ou origem. A equação de ingestão de matéria seca (IMS) determinada pelo INRA (1988) leva em consideração a produção de leite (se houver), o ganho diário de peso (se houver) e a porcentagem de volumoso fornecida ao caprino. IMS (g/dia) = (423,2 x kg leite/dia) + 27,8 x kg0,75 + (440 x kg de GPD) + (6,75 x %de volumoso) Para um exemplo prático utilizando a fórmula proposta, suponhamos um caprino macho adulto (descartar a produção de leite = 0) com 50 kg PV, com ganho de peso diário de 100 g e recebendo uma dieta baseada em 80% de volumoso de boa qualidade, a IMS será: IMS (g/dia) = 27,8 x 50 kg0,75 + (440 x 0,1) + (6,75 x 80) = 1974 g MS/dia = 3,5% PV Outro exemplo prático utilizando a fórmula proposta pelo INRA, suponhamos uma cabra da raça Saanen com 60 kg de PV e produzindo 5 litros de leite/dia com 3,5% de gordura, com ganho de peso diário de 30 g e recebendo apenas concentrado, logo descartamos a parte volumosa então, a IMS será: IMS (g/dia) = (423,2 x 5) + (27,8 x 60 kg0,75) + (440 x 0,03) = 2730 g MS/dia = 4,54% PV Agora, a mesma cabra recebe suplementação volumosa à base de 40%, então: IMS (g/dia) = (423,2 x 5) + (27,8 x 60 kg0,75) + (440 x 0,03) + (6,75 x 40) = 3000 g MS/dia = 5% PV Outra forma de estimar a ingestão de matéria seca em gramas por dia é a proposta pelo AFRC (1993) que leva em consideração dois fatores, o peso vivo e a produção leiteira (com 3,5% de gordura), se houver, para cabras leiteiras prenhes e em lactação: CMS (kg/animal/dia) = 0,062 x PV0,75 + 0,305 x PL Para utilizar essa fórmula, suponhamos uma cabra da raça Saanen, de 50 kg de PV, produzindo 5 kg de leite com 3,5% de gordura. Qual deverá ser seu consumo em matéria seca? CMS = 0,062 x 500,75 + 0,305 x 5 = 2,69 kg de MS/dia ou 5,38% do PV em MS Para caprinos adultos em mantença, o AFRC sugere a fórmula: CMS (kg/animal/dia) = 0,522 + 0,0135 x PV Utilizando essa fórmula, qual deverá ser o CMS de um caprino da raça Alpina em mantença, que possui peso vivo de 45 kg? CMS = 0,522 + 0,0135 x 45 = 1,13 kg de MS/dia ou 2,5% do PV em MS Algumas exigências para caprinos Energia metabolizável (EM): 101,38 kcal/kg de PV0,75 para mantença, ou 2,0 a 2,4 Mcal/kg de MS 7,25 kcal/g de ganho de peso para animais em crescimento 1,25 Mcal/kg de leite com 4% de gordura para cabras em lactação Proteína bruta (PB): 32 g PB/Mcal de Energia digestível (ED) (EM = ED x 0,82) 4,15 g de PB/kg de PV0,75 para animais em mantença 0,284 g de PB/g de ganho para animais em crescimento 7,76 g de PB/kg de PV0,75 para cabras gestantes 96,9 g PB/kg de leite com 4% de gordura para cabras em lactação Minerais: Os principais minerais usados na formulação de ração para ruminantes são Ca e P, logo a estimativa de suas exigências são imprescindíveis, uma vez que a mistura elaborada pode apresentar deficiência de um ou ambos os minerais. O NRC (2007) propõe as seguintes equações para o cálculo dos requerimentos de Ca e P, em diferentes categorias: 1. Mantença: Cálcio (g) = ((0,623 x CMS) + 0,228)/0,45 Fósforo (g) = (0,081 + (0,88 x CMS))/0,65 Onde: CMS = consumo de matéria seca em kg/dia. 2. Crescimento: Cálcio (g) = (11 x GPD)/0,45 Fósforo (g) = (6,50 x GPD)/0,65 Onde: GPD = ganho de peso diário em kg. 3. Produção de leite: Cálcio (g) = (1,40 x L)/0,45 Fósforo (g) = (1,00 x L)/0,65 Onde: L = produção de leite em kg. É importante ressaltar que os requerimentos para cabras em lactação devem ser somados com os de mantença; dessa forma, como exemplo prático, uma cabra com 50 kg de PV que produz 3 kg de leite/dia requer cerca de 11,5 g de Ca (9,3 g de mantença + 2,2 g de produção). 4. Gestação: Cálcio (g) = (0,23 x NC x PMnasc.)/0,45 Fósforo (g) = (0,132 x NC x PMnasc.)/0,65 Onde: NC = número de crias e PMnasc. = peso médio esperado da cria ou crias ao nascimento. Resumidamente, o NRC (2007) apresenta algumas indicações: 2 a 3 g de cálcio/kg de leite produzido ou 0,114 a 0,163% de Ca da MS 1,4 a 2,1 g de fósforo/kg de leite produzido ou 0,084 a 0,122% de P da MS Sal (NaCl): 0,5% da MS diariamente Potássio (K): 0,8% da MS diariamente Enxofre (S): 0,16% da MS diariamente Magnésio (Mg): 0,2% da MS diariamente Tabelas de requerimentos nutricionais dos caprinos Resumidamente, a composição do concentrado dos caprinos, de acordo com a categoria, e as quantidades a serem fornecidas/animal/dia é a seguinte: Tabela 2: Composição do concentrado e quantidades fornecidas Fonte: CODEVASF, 2011. Agora, vamos dividir os requerimentos dos caprinos de acordo com situações, conforme os dados obtidos por NRC (2007), NUNES (1998) e RIBEIRO (1997): Tabela 3: Caprinos em mantença PV (kg) CMS (kg/animal¹) CMS (% PV) PB (g) PB (%) EM (Mcal) NDT² (g) NDT (%) Ca (g) P (g) 10 0,28 2,8 25 9 0,57 160 57 1 1 20 0,49 2,4 40 8,2 0,96 270 55 1 1 30 0,66 2,2 50 7,6 1,30 360 55 2 1,5 40 0,82 2,0 65 8 1,60 450 55 2 1,5 50 0,97 1,9 80 8,2 1,90 530 55 3,5 2,5 60 1,11 1,8 90 8 2,20 610 55 3,5 2,5 70 1,25 1,8 95 7,6 2,50 680 55 4 3 80 1,40 1,7 105 7,5 2,70 750 54 4 3 90 1,50 1,65 120 8 3,00 820 55 4 3 100 1,62 1,6 130 8 3,20 900 56 5 3,5 1 – para converter matéria seca em matéria natural, dividir o valor em MS pela porcentagem de MS do ingrediente. Por exemplo, em uma ração encontrou-se 100 g MS de milho, sabendo-se que a % de MS do milho é 90%, então: 100/0,9 = 112 g de milho com base na matéria natural. 2 – 1 kg de NDT equivale a 4,4 Mcal de energia digestível (ED) e 1 Mcal de ED = 0,82 Mcal de EM. Tabela 4: Mantença e baixa atividade (incremento de 25% dos valores de mantença da tabela 3) – manejo extensivo, pastagem tropical e gestação inicial PV (kg) CMS (kg/cab./dia) PB (g) EM (Mcal) NDT (g) Ca (g) P (g) 10 0,3 30 0,71 200 1 0,7 20 0,5 50 1,20 335 2 1,4 30 0,67 60 1,62 452 2 1,4 40 0,84 80 2,02 560 3 2,1 50 0,99 90 2,38 662 4 2,8 60 1,14 105 2,73 760 4 2,8 70 1,28 120 3,07 852 5 3,5 80 1,41 130 3,39 942 5 3,5 90 1,54 145 3,70 1030 6 4,2 100 1,67 155 4,01 1114 6 4,2 Por exemplo, um animal com 40 kg de PV em mantença e submetido a baixa atividade, deverá receber PB na base de: Mantença: 65 g/dia + (65 x 25%) = 80 g/dia de PB Tabela 5: Mantença e média atividade (incremento de 50% dos valores de mantença da tabela 3) – terreno semiárido, pastagens levemente acidentadas (em encosta) e gestação inicial PV (kg) CMS (kg/cab./dia) PB (g) EM (Mcal) NDT (g) Ca (g) P (g) 10 0,36 33 0,86 239 1 0,7 20 0,60 55 1,44 400 2 1,4 30 0,81 74 1,95 543 3 2,1 40 1,01 93 2,42 672 4 2,8 50 1,19 110 2,86 795 4 2,8 60 1,37 126 3,28 912 5 3,5 70 1,53 141 3,68 1023 6 4,2 80 1,69 156 4,06 1131 6 4,2 90 1,85 170 4,44 1236 7 4,9 100 2,01 184 4,82 1336 7 4,9 Por exemplo, um animal com 50 kg de PV em mantença e vivendo sob condições de média atividade (clima semiárido como algumas regiões de Pernambuco), deverá receber NDT na base de: Mantença: 530 g/dia + (530 x 50%) = 795 g/dia de NDT Tabela 6: Mantença e alta atividade (incremento de 75% dos valores de mantença da tabela 3) – terreno árido, vegetação escassa, pastagens montanhosas e gestação inicial PV (kg) CMS (kg/cab./dia) PB (g) EM (Mcal) NDT (g) Ca (g) P (g) 10 0,42 38 1,00 278 2 1,4 20 0,70 64 1,68 467 2 1,4 30 0,95 87 2,78 634 3 2,1 40 1,18 108 3,46 784 4 2,8 50 1,39 128 4,10 928 5 3,5 60 1,60 146 4,69 1064 6 4,2 70 1,79 165 5,27 1194 6 4,2 80 1,98 182 5,81 1320 7 4,9 90 2,16 198 6,35 1442 8 5,6 100 2,34 215 6,88 1559 8 5,6 Por exemplo, um animal com 30 kg de PV em mantença, sob condições de clima árido e alta atividade, deverá receber NDT na base de: Mantença: 360 g/dia + (360 x 75%) = 630 g/dia ou 634 g como está na tabela 6 Tabela 7: Exigência para 100 g de ganho de peso diário PV (kg) CMS (kg/animal) PB (g) EM (Mcal) NDT (g) Ca (g) P (g) 10 0,1 29 0,42 116 1,32 0,73 20 0,2 29 0,57 159 1,43 0,71 30 0,3 28 0,72 199 1,49 0,7 40 0,4 27 0,88 245 1,54 0,69 50 0,4 26 1,03 286 1,58 0,68 60 0,5 25 1,19 331 1,61 0,67 70 0,5 24 1,36 379 1,64 0,67 Tabela 8: Exigências para gestação de cabras em diferentes períodos PV (kg) Período CMS (kg/cab./dia) PB (g) EM (Mcal) NDT (g) Ca (g) P (g) 40 Início 1,07 77 2,45 680 3 2 4º mês 1,07 159 2,94 816 5 2,5 5º mês 0,97 215 4,10 1141 7 3 50 Início 1,20 91 2,84 789 3,5 2,5 4º mês 1,20 173 3,35 932 6 3,1 5º mês 1,09 235 4,56 1268 8,5 3,7 60 Início 1,33 105 3,19 887 4 3 4º mês 1,33 187 3,70 1027 7 3,8 5º mês 1,21 253 4,90 1363 10 4,5 70 Início 1,47 118 3,51 975 4,5 3,5 4º mês 1,47 200 4,01 1114 8 4,4 5º mês 1,34 273 5,23 1454 11,5 5,3 80 Início 1,60 130 3,84 1068 5 4 4º mês 1,60 212 4,25 1458 9 5 5º mês 1,46 293 5,41 1504 13 6 Tabela 9: Requerimentos adicionais para a produção de 1 kg de leite segundo a % de gordura. Incluem-se os requisitos para aleitamento de filhote único, gêmeos ou trigêmeos no respectivo nível de produção leiteira Gordura (%) PB (g) EM (Mcal) NDT (g) Ca (g) P (g) 2,5 60 1,20 330 2 1,5 3,0 65 1,21 335 2 1,5 3,5 70 1,23 340 2 1,5 4,0 75 1,25 345 3,5 2,5 4,5 80 1,26 350 3,5 2,5 5,0 85 1,28 355 3,5 2,5 5,5 90 1,29 360 4 3 6,0 95 1,31 365 4 3 Tabela 10: Requerimentos por kg de leite com 3,5% de gordura – cabras alpinas PB (g) EM (Mcal) NDT (g) Ca (g) P (g) 70 1,22 345 4 2 Tabela 11: Requerimentos por kg de leite com 4,7% de gordura – cabras anglo-nubianas PB (g) EM (Mcal) NDT (g) Ca (g) P (g) 80 1,50 415 6 4 Tabela 12: Requerimentos para cada 0,1% de variação no teor de gordura do leite PB (g) EM (Mcal) NDT (g) Ca (g) P (g) 10 0,30 80 0,5 0,5 Tabela 13: Requerimentos adicionais para gestação tardia CMS (kg/cab./dia) PB (g) PB (%) EM (Mcal) NDT (g) NDT (%) Ca (g) P (g) 0,71 80 11 1,42 395 56 2 1,5 Tabela 14: Requerimentos adicionais para ganho de peso diário (GPD) de 50 g CMS (kg/cab./dia) PB (g) PB (%) EM (Mcal) NDT (g) NDT (%) Ca (g) P (g) 0,18 15 8,5 0,36 100 55,5 1 1 Tabela 15: Requerimentos adicionais para ganho de peso diário (GPD) de 100 g CMS (kg/cab./dia) PB (g) PB (%) EM (Mcal) NDT (g) NDT (%) Ca (g) P (g) 0,36 30 8,5 0,88 200 55,5 1 1 Tabela 16: Requerimentos adicionais para ganho de peso diário (GPD) de 150 g CMS (kg/cab./dia) PB (g) PB (%) EM (Mcal) NDT (g) NDT (%) Ca (g) P (g) 0,54 45 8,5 1,32 300 55,5 2 1,5 Seguindo o mesmo raciocínio da tabela 2 da CODEVASF, a tabela 17 apresenta valores de proteína bruta e quantidade de MS para caprinos de corte e leite em diferentes estágios produtivos. Tabela 17: Exigências de PB e quantidade de MS de caprinos em diferentes estágios Etapa produtiva PB % Quantidade/cab./dia Caprinos de corte Pré-desmame 18 110 – 150 g Pós-desmame 16 230 – 340 g Crescimento/engorda 14 450 g Flushing 14 – 16 450 g – 1,4 kg Gestação (2º e 3º mês) 14 – 16 230 – 450 g Gestação (último mês) 14 – 16 340 – 910 g Lactação (1 cria) 14 – 16 340 – 570 g Lactação (2 crias) 14 – 16 910 g Fêmeas de reposição 16 230 – 450 g Machos adultos 14 < 230 g Caprinos leiteiros Pré-desmame (2-4 meses) 18 Ad libitum Crescimento (4º mês até 6-8 semanas antes do parto) 14 – 16 450 – 680 g Fêmeas secas 14 – 16 450 – 910 g Fêmeas lactantes 14 – 16 330 g/kg de leite Machos adultos 14 – 16 450 – 910 g Fonte: adaptação de PARDO RINCÓN, 2007. pp. 567-568. Concentrações de nutrientes necessárias em rações de caprinos (% da MS) De forma geral, as rações para os caprinos seguem os mesmos padrões das dietas elaboradas e fornecidas para os ovinos. No entanto, sabendo-se que as exigências de ambas as espécies são diferentes, é necessário compreendermos que mesmo uma ração servindo para os ovinos e caprinos, esta pode não fornecer as quantidades desejadas pelos caprinos, ou ainda, a ração poderá conter excesso de nutrientes para este animal e acarretar problemas metabólicos e de eficiência alimentar, além das perdas econômicas uma vez que será adquirida e fornecida uma ração que não irá alcançar seu objetivo. Dito isto, através da literatura acerca da produção, nutrição e alimentação de caprinos de corte e leiteiros, a tabela 18 apresenta os níveis recomendados de rações para os caprinos de acordo com a categoria e estado fisiológico do animal, levando-se em consideração os requerimentos das tabelas 2 a 16 e os níveis de nutrientes de acordo com as grandes fábricas de ração recomendam e formulam as dietas. Tabela 18: Concentrações de nutrientes para rações de caprinos com base na % da MS Mantença CMS 1,5-3% PV - PB 10% - NDT 55% - EM (Mcal/kg) 2,0 - Ca 0,35% MS – P 0,25% MS Mantença CMS 1,8-2,4% PV – PB 7% - NDT 53% - Ca 0,3-0,8% MS – P 0,25-0,40% MS Gestação precoce CMS 2,4-3,0% PV – PB 9-10% - NDT 53% - Ca 0,3-0,9% MS – P 0,2-0,4% MS Gestação tardia CMS 2,4-3,0% PV – PB 13-14% - NDT 53% - Ca 0,3-0,9% MS – P 0,2-0,4% MS Lactação CMS 2,8-4,6% PV – PB 12-17% - NDT 53-66% - Ca 0,3-0,8% MS – P 0,25-0,45% MS Caprinos leiteiros castrados ganhando 100-150 g/diaa CMS 3,3-3,8% PV – PB 12% - NDT 67% - Ca 0,3-0,4% MS – P 0,3-0,35% MS Caprinos de corte castrados ganhando 100-150 g/diaa CMS 3,0-3,4% PV – PB 15-17% - NDT 67% - Ca 0,4% MS – P 0,3% MS Caprinos leiteiros inteiros ganhando 100-150 g/diaa CMS 3,2-3,7% PV – PB 10-15% - NDT 67-86% - Ca 0,4% MS – P 0,3% MS Caprinos de corte inteiros ganhando 100-150 g/diaa CMS 3,3-3,7% PV – PB 15% - NDT 67% - Ca 0,4% MS – P 0,3% MS Cabras gestantes CMS 2,2-2,8% PV – PB 20-24% - NDT 55-65% - Suplemento mineral 3% Cabras em lactação CMS 3,0-5,0% PV – PB 16-24% - NDT 65% - Ca 0,75 g/kg – P 0,3 Creep-feeding para cabritos CMS Ad libtum – PB 12-18% - NDT 80% Caprinos em crescimento CMS 2,5-3,0% PV – PB 14% - NDT 55-70% - Relação Ca:P 2:1 Machos adultos CMS 2,5-3,5% PV – PB 14-16% - NDT 60% - Relação Ca:P 2:1 Reprodutores em serviço CMS 2,5-3,0% PV – PB 10% - NDT 65% Confinamento de caprinos PB 14% - NDT 65% - Ca 0,8 % – P 0,4% Fonte: adaptação de BORGES & GONÇALVES, 2011 e NRC, 2007. A tabela 19 apresenta os valores de energia metabolizável (EM) em MJ/dia e a concentração proteica para formular rações para caprinos. Para transformar MJ em Mcal, saiba que 1 MJ equivale a 0,24 Mcal. Note que as concentrações de energia, proteína e/ou NDT, aportados nas tabelas aqui presentes variam em função das equações de predição ao qual são calculados os requerimentos. Tabela 19: Valores simples para formular rações para ovinos e caprinos em diferentes cenários de produção Estágio produtivo EM (MJ/dia) PB (%) Mantença EMm = 0,12 x PV + 1,5 6 – 8 Rápido crescimento EMm x 2 14 – 16 Gestação (3-4 meses) 1 feto EMm + 3 8 – 10 2 fetos EMm + 4 Gestação (último mês) 1 feto EMm + 4 8 – 10 2 fetos EMm + 8 Lactação (1º mês) 1 cria EMm + 8 12 – 14 2 crias EMm + 12 Fonte: DA SILVA, 2021. Por exemplo, utilizando a tabela 19, calcular a EM requerida em Mcal/dia para cabra Saanen de 60 kg de PV em mantença e depois para a mesma cabra em lactação com 1 cria: Mantença: 0,12 x 60 + 1,5 = 8,7 MJ para Mcal: 8,7 x 0,24 = 2,09 Mcal/dia Lactação: 8,7 + 8 = 16,7 MJ para Mcal: 4 Mcal/dia Note que os valores de produção devem ser adicionados aos de mantença. As exigências minerais dos caprinos, segundo autores, e o nível máximo tolerável na dieta são apresentadas na tabela 20. Tabela 20: Exigências minerais de caprinos MACROMINERAIS CHURCH (2002) (% MS) HART (2011) (% MS) NRC (2005) Nível máximo (% MS) Ca 0,2 – 0,8 0,3 – 0,8 1,5 P 0,2 – 0,4 0,25 – 0,4 0,6 Mg 0,1 – 0,2 0,18 – 0,4 0,6 K 0,5 – 0,8 0,8 – 2,0 2 S 0,15 – 0,25 0,2 – 0,32 0,3 – 0,5 Na 0,09 – 0,18 0,2 4 Cl 0,09 – 0,18 0,2 MICROMINERAIS CHURCH (2002) mg/kg MS HART (2011) mg/kg MS NRC (2005) Nível máximo (mg/kg MS) Co 0,1 – 0,2 0,1 – 10 25 Cu 7 – 11 10 – 80 15 Fe 30 – 50 50 – 1000 500 I 0,1 – 0,8 0,5 – 50 50 Mn 20 – 40 0,1 – 3 2000 Mo 0,5 0,1 – 3 5 Se 0,1 – 0,2 0,1 – 3 5 Zn 20 – 33 40 – 500 300 Energia metabolizável para caprinos A energia metabolizável é a parte da energia bruta que não aparece em fezes, urinas e nos gases produtos da fermentação (principalmente metano). É determinada pela subtração das perdas de energia na urina e gases combustíveis da energia digestível (ED) consumida. É um pouco mais precisa que a ED em termos de estimativa da energia disponível, porém mais caro para determiná-la. Compara-se com a energia proveniente do NDT menos a energia dos gases da fermentação. Determinamos através da fórmula: EM = EB (energia bruta) – (energia perdida em fezes + energia perdida em gases da fermentação + energia perdida na urina) Em muitos cálculos da formulação de dietas para animais de produção é utilizada a energia metabolizável no lugar do NDT. Logo, apresentamos as exigências de energia metabolizável dos caprinos em função do peso e da categoria fisiológica do animal. 1. Mantença (EMm): Pré-desmame (nascimento aos 3 meses de idade): Fêmeas e machos castrados 0,107 Mcal/kg PV0,75 Machos inteiros 0,125 Mcal/kg PV0,75 Crescimento (do desmame aos 18 meses de idade): Fêmeas e machos castrados 0,128 Mcal/kg PV0,75 Machos inteiros 0,149 Mcal/kg PV0,75 Adultos (> 18 meses de idade): Fêmeas e machos castrados 0,120 Mcal/kg PV0,75 Machos inteiros 0,138 Mcal/kg PV0,75 2. Ganho de peso (EMg): Pré-desmame 0,00320 Mcal/kg PV0,75 Crescimento 0,00552 Mcal/kg PV0,75 Adultos 0,00681 Mcal/kg PV0,75 3. Produção de leite (EMl): EMl (Mcal/dia) = (kg de leite x 1,179943) x ((1,4694 + (0,4025 x %gordura))/3,079) 4. Gestação (EMgest): EMgest (Mcal/dia) = (- 15,467 - (1,1439 x PMnasc) + (0,26316 x D) - (0,0021667 x NC) – (0,0010963 x D2) + (0,011772 x PMnasc x D) - (0,98352 x PMnasc x NC) + (0,011735 x PMnasc x D x NC)) x 0,239 Onde: PMnasc = peso médio esperado da cria ou crias ao nascimento em kg; D = dias de gestação e NC = número de crias. As exigências nutricionais dos caprinos servem de alicerce para a elaboração de uma dieta, uma vez que, diante os cálculos, é necessário estimar uma quantidade x de um dado alimento para suprir uma exigência final seja proteica, energética ou qualquer outra. Essas tabelas de exigências dos caprinos servem de base após a caracterização do lote para que deve ser elaborada uma mistura. Por exemplo, um lote de caprinos com 30 kg de peso vivo em mantença, quais são as exigências de cada animal? Basta consultar a tabela 3 deste manual para depois ser levantado os alimentos e a composição destes e começar a elaborar a dieta. Relação volumoso:concentrado (v:c) para caprinos Além do balanceamento dos nutrientes necessários, a relação v:c da dieta depende, basicamente, da qualidade do volumoso e da ração concentrada. Se o volumoso possuir boa qualidade, consequentemente seu valor nutricional será melhor e, para caprinos em mantença por exemplo, pode ser empregado em 100% da ração; por sua vez, se o volumoso possuir péssima qualidade nutricional será necessária a adição de concentrado na dieta diária do animal, não esquecendo de que essa ração concentrada deverá atender os requisitos do animal, logo a ração deverá ser de boa qualidade e balanceada. Além da qualidade do volumoso e/ou concentrado, a relação v:c depende também do objetivo final de criação, isto é, se é necessário engordar os animais em menos tempo para abate, ou em pastagem etc., portanto, também depende da necessidade de ganho de peso diário para os animais, uma vez que a finalidade é um GPD maior é utilizada uma relação concentrada maior que a volumosa. Segundo estudos, a relação volumoso:concentrado influencia diretamente em padrões como consumo de matéria seca, presença de fibras, digestibilidade da matéria seca e nutrientes e atividades de mastigação e ruminação. Segundo esses estudos, uma relação mais próxima de 50:50 aumenta o teor de fibra, aumenta a ingestão de MS e aumenta a digestibilidade da MS, mas diminui a da fibra, e diminuem as atividades físicas da mastigação e o processo de ruminação. O NRC, 2007 sugere as proporções de v:c para caprinos as mesmas dos ovinos, que são divididas em diferentes situações. Exemplos de proporções de volumoso e concentrado na dieta de caprinos PV Kg VOLUMOSO % CONCENTRADO % Mantença 70 100 0 Cabras secas 70 100 0 Últimas 4 semanas de gestação 70 85 15 Últimas 4-6 semanas de lactação 1 cria 70 85 15 Últimas 4 semanas de gestação 70 65 35 Primeiras 6-8 semanas de lactação com 1 cria 70 65 35 Últimas 4-6 semanas de lactação com 2 crias 70 65 35 Primeiras 6-8 semanas de lactação com 2 crias 70 65 35 Cabras secas – primeiras 15 semanas de gestação 55 85 15 Cabras – últimas 4 semanas de gestação 55 70 30 Cabras – últimas 4 semanas de gestação 55 60 40 Cabras – primeiras 6-8 semanas de lactação com 1 cria 55 60 40 Cabras – primeiras 6-8 semanas de lactação com 2 crias 55 50 50 Cabras de reposição 30 65 35 40 65 35 50-70 85 15 Machos para reposição 40 70 30 60 70 30 80-100 70 30 Engorda 30 40 60 40 25 75 50 20 80 Cabritos recém-desmamados até adultos 10 10 90 20 15 85 30 15 85 40-60 15 85 Fonte: DA SILVA, 2021. ALIMENTOS PARA CAPRINOS De forma geral, sabemos que os alimentos dividem-se em dois grupos os alimentos volumosos e os concentrados. Os volumosos são aqueles que possuem carga nutritiva menor e que o animal deve consumir em maior quantidade para suprir suas exigências nutricionais, o teor de proteína desses alimentos é variável, mas, na maior parte, não ultrapassa os 20%; por sua vez, a quantidade de fibra é grande já que esse grupo engloba as forragens, pastagens, fenos, palhas, silagens, raízes, tubérculos etc. Dentro da classificação de alimentos volumosos, ainda encontramos os volumosos “proteicos” que são representados pelas forrageiras leguminosas e algumas gramíneas. Os concentrados, por sua vez, são aqueles com alta carga nutricional e que o animal, mesmo consumindo poucas quantidades (em torno de 1 kg), supre todas suas exigências nutricionais; estes são divididos em alimentos que fornecem mais energia do que proteína (energéticos) como o milho, e nos que fornecem mais proteína que energia (proteicos) como o farelo de soja. Existem uma série de alimentos que podem ser utilizados na alimentação dos caprinos. Existem ainda, os alimentos provenientes da caatinga com alto potencial para a alimentação dos caprinos; a composição proteica desses alimentos e a parte comestível que pode ser fornecida aos caprinos é apresentada na tabela 21. Como a maioria dos caprinos são criados em regiões onde há escassez alimentar e baixas oportunidades de fornecimento de ração concentrada, há os alimentos não usuais que possuem enorme capacidade para manter os animais ou para que continuem produzindo em períodos de seca, por exemplo. Na região semiárida do Brasil, os alimentos não-convencionais mais comumente utilizados são cactáceas como coroa de frade, mandacaru e a palma; e outros como algaroba, faveira, moringa, umbu, maniçoba, leucena, aveloz etc. Uma das melhores alternativas alimentares em épocas de escassez é a produção e o fornecimento de fenos de gramíneas locais, silagem de sorgo e girassol. Tabela 21: Forragens nativas do nordeste brasileiro usadas como alimento Fonte: CODEVASF, 2011. A composição bromatológica dos ingredientes utilizados na alimentação dos caprinos, que é indispensável para a elaboração de dietas que supram os requisitos é apresentada na tabela 22. Tabela 22: Composição bromatológica dos alimentos utilizados na alimentação de caprinos Alimento MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Concentrados energéticos Algaroba farelo integral 85 8,6 0,54 - - 0,31 0,14 Arroz farelo desengordurado 88,2 16,8 1,66 2,1 24,9 0,09 1,8 Arroz farelo desfinitizado 90,8 18 1,65 - - 0,31 2,04 Arroz farelo integral 88,9 13,4 16,4 3,3 87,5 0,11 1,73 Arroz farelo parboilizado 91,2 16,2 24,25 - - - 0,09 Arroz grão c/casca 89,1 8,2 3,9 2,0 56,1 0,09 0,08 Continuação MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Arroz grão s/casca 86,2 8,5 1,2 - - 0,04 0,16 Aveia grão 90,4 14,6 3,8 3,2 83,3 0,13 0,35 Batata 29,1 3,1 0,3 3,1 84,6 0,33 0,08 Batata doce - 6 0,6 - - 0,05 0,11 Beterraba 14 2 0,4 - - 0,18 0,12 Cacau farelo 88,8 15,9 4,5 2,4 64,5 0,74 0,5 Centeio grão 88,4 18,1 1,9 - - 0,68 0,42 Cevada grão 89,9 12,4 1,5 2,8 76,8 0,05 0,37 Dendê torta 91 15,4 9,3 3,1 82,3 0,2 0,75 Faveira vagem 77,3 11,2 1,25 - 72,5 - - Mandioca raspa 87,7 2,8 0,5 3,0 82,2 0,21 0,07 Milheto grão 88,1 12,1 3,2 - - - - Milho grão/fubá 88 9 4 3,3 87,7 0,03 0,26 MDPS 87,9 7,1 3,15 2,8 75,9 0,04 0,22 Milho espiga silagem 55,2 8,1 3,7 3,2 85,9 0,05 0,27 Milho gérmen farelo 89,9 11 22,9 3,9 103,8 0,03 0,42 Milho grão reidratado silagem 65,8 9,3 4,7 3,75 99,6 - - Milho silagem grão úmido 66,7 9,2 4,6 3,3 88,2 0,03 0,25 Polpa cítrica 88,4 6,9 3,1 2,9 78,3 1,8 0,13 Soja casca 90,1 12,6 2,2 2,7 72,5 0,52 0,16 Sorgo grão 88 9,3 2,9 3,1 84,4 0,07 0,29 Sorgo grão reidratado silagem 65,3 9,15 3,4 3,0 79,9 - - Trigo farelo 87,6 16,7 3,6 2,95 77,3 0,17 1,01 Trigo grão 89,1 14,2 1,45 - - - - Concentrados proteicos Algodão caroço 90,6 23,1 19,2 3,45 88,2 0,27 0,75 Algodão farelo 28 89,8 28 2,0 2,8 68,1 0,26 0,77 Algodão farelo 38 89,7 38 1,5 2,7 65,6 0,24 0,97 Algodão farelo 42 90,5 42 1,6 3,0 69,8 0,22 0,96 Algodão torta 90,4 29,6 9,5 3,0 75,6 0,28 0,58 Continuação MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Amendoim farelo 89,4 56 1,3 3,9 89,5 0,18 0,62 Amiréia 90,6 200 5,0 - 22 0,12 0,08 Babaçu farelo 90 20,6 1,6 2,75 71,9 0,13 0,36 Babaçu torta 90,8 19,3 8,0 3,0 78 0,15 0,69 Crambe farelo 89,1 35,9 1,2 3,1 73,9 0,29 0,47 Canola farelo 89,4 40,1 2,5 3,5 83,4 0,62 0,82 Colza farelo 91,2 40 5,2 - - 0,65 1,34 Colza grão 93,3 23,6 43,7 - - 0,24 0,81 Farinha de ostras 95,7 33,7 - - - 36,2 5,3 Fava grão 87,1 22,2 0,9 2,6 - 0,12 0,53 Feijão moído 89,6 24,2 1,5 3,2 80,8 0,54 0,43 Guandu grão 88,5 21,1 0,8 2,5 - 0,1 0,32 Guandu grão tostado 89,3 20,3 0,8 2,5 - 0,1 0,31 Girassol farelo 90,2 31,4 1,9 2,9 71,1 0,3 0,9 Linhaça integral 90 21 34 - - 0,25 0,5 Linhaça torta - 32 3,5 - 75 0,4 0,8 Linhaça farelo 92 34 1,0 - - 0,6 0,6 Mamona farelo 89,6 38 2,7 2,95 70,9 0,7 0,77 Mamona farelo detoxificado 89,2 38,1 1,5 2,9 69,3 1,46 0,65 Mamona torta 89,2 31,8 7,0 3,3 81,6 0,72 0,84 Mamona torta detoxificada 86,3 34 5,5 3,0 73,9 2,14 0,8 Milho glúten 60 90,6 60 2,8 3,8 83,9 0,05 0,44 Milho glúten farelo 21 88,8 21 2,8 3,0 76,7 0,16 0,7 Nabo forrageiro torta 91,9 37,3 18,1 3,7 91,2 0,36 1,71 Milho (DDGS) 91,2 31,8 8,2 - 89 0,05 0,86 Resíduo de cervejaria 22,3 25,6 6,3 3,6 92,2 0,33 0,78 Milho – (DDG) 87,5 23,6 12,7 3,4 86,2 0,05 0,32 Milho (WDG) 31,8 32 6,7 - 93 0,05 0,35 Soja farelo 87 45 2,0 3,4 73 0,3 0,61 Soja farelo extrusado 96,7 41 10,6 3,7 89,7 0,07 0,57 Soja grão 92,8 37 18,8 4,1 87 0,25 0,58 Continuação MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Soja grão tostado 91,7 39,1 21 3,9 94,2 0,25 0,49 Ureia 97,9 280 - - - - - Coprodutos e/ou subprodutos Arroz palha 89 4,4 - - - - - Abacaxi desidratado 87,1 8,8 1,5 2,1 58,8 0,41 0,18 Acerola subproduto 84,2 11,7 2,4 1,85 51,2 0,41 0,18 Aveia palha 88,8 4,6 2,3 - - - - Batata doce folha - 26,8 - - - - - Batata doce rama 17,4 11,5 2,3 2,4 66,8 1,44 0,32 Cana-de-açúcar bagaço 91 2,0 0,69 1,7 46,6 0,21 0,07 Café casca 84,8 10,1 1,6 1,8 49,7 0,33 0,13 Capim elefante colmo 22 5,8 - 2,0 55,9 - - Caju subproduto suco 88,7 13,9 3,1 - 47,2 0,43 0,1 Maça bagaço 9,9 9,8 - - - - - Mandioca casca 88,6 4,5 1,15 2,7 74,5 0,48 0,06 Maracujá subproduto 85,8 11,9 2,4 1,85 50,8 0,53 0,13 Trigo palha 90 3,9 - - - - - Uva bagaço 35,2 15,9 - - - - - Forragens secas Alfafa feno 85,8 18,7 2,0 2,1 66,4 1,17 0,33 Alfafa feno peletizado 90 25 - - - - - Aveia feno 90 10 2,3 2,0 54 0,4 0,27 Aveia preta feno 87,7 9,9 1,75 - - - - Azevém feno 93 13,5 1,4 - - - - Brachiaria B. feno 88 4,2 1,2 1,9 54 0,33 0,11 Brachiaria D. feno 89 7 1,35 1,9 54,5 0,27 0,14 Cevada feno 90 9 2,1 2,1 57 0,3 0,28 Coast-cross feno 87 10,5 1,75 1,9 53 0,27 0,38 Capim elefante feno 87,3 6 1,8 1,8 52 0,24 0,18 Capim gordura feno 90,7 4,5 2,2 1,5 45 - - Continuação MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Capim jaraguá feno 90 6,5 - - 53 0,47 0,12 Capim tifton 85 feno 88 9,9 1,45 2,2 57,7 0,33 0,27 Jureminha feno 88 15,9 2,0 1,9 51,7 - - Maniçoba feno 86 12 4,2 2,1 56,2 - - Trevo feno 89 16 2,2 2,1 57 1,73 0,24 Trigo feno 90 9 2,0 2,1 57 0,21 0,22 Triticale feno 90 10 - 2,0 56 0,3 0,26 Silagens (pré-secado) Alfafa silagem 30 18 3,0 2,0 55 1,4 0,29 Arroz silagem planta 37 8,5 - - - - - Aveia preta silagem 23,4 11 2,9 - - - - Aveia silagem 35 12 3,2 2,2 60 0,34 0,3 Azevém silagem 22,4 10,6 1,9 - - - - Cana-de-açúcar silagem 25,7 3,5 1,7 1,9 54,8 0,3 0,05 Cana silagem 0-0,5% CAO 28,9 2,8 1,1 2,2 62 - - Cana silagem 0,5% ureia 28,6 10 - - - - - Cana silagem 1% ureia 31 15 - - - - - Cana silagem 1,5% ureia 29 18 - - - - - Capim-colonião silagem 32 6,6 2,6 1,5 47,3 - - Capim-colonião silagem 2% melaço 26 2,3 1,2 1,5 54 - - Capim elefante silagem 27,5 5,5 2,2 1,7 50 0,31 0,2 Capim elefante silagem 1,5% melaço 23,7 1,5 0,9 0,25 13,3 - - Capim elefante silagem 3% melaço 19,2 1,1 0,8 0,2 11 - - Capim elefante silagem 4% melaço 18,8 1,1 0,7 0,2 10,3 - - Capim elefante silagem 7,5% melaço 19,3 1 0,7 - 11 - - Capim jaraguá silagem 32,2 1,4 0,9 - 15,4 - - Capim mombaça silagem 24,4 7,4 1,7 1,7 49,4 0,44 0,12 Cevada silagem 30 18 3,0 2,0 55 1,4 0,29 Estilosantes silagem 29,3 11,8 1,8 1,8 49 - - Continuação MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Girassol silagem 24,7 9,6 12,4 2,0 56,1 1,02 0,24 Mandioca silagem raiz 40,4 1,2 0,2 1,4 - 0,09 0,04 Milho silagem 31,1 7,2 2,9 2,3 63,8 0,28 0,19 Milheto silagem 19 15 3,8 2,3 62,7 - - Milho silagem sem espiga 21,3 6,4 1,4 1,9 53,6 - - Soja silagem 25,8 17,8 9,5 2,3 60 - - Sorgo silagem 32 9 2,7 2,1 59 0,48 0,21 Sorgo forrageiro silagem 28,1 6,3 3,4 2,3 63,9 0,14 0,14 Sorgo silagem com tanino 27,6 7,1 2,1 2,2 61,7 - - Sorgo silagem sem tanino 28 7,4 2,2 2,2 61 - - Triticale silagem 26,3 14 1,4 2,1 58 0,66 0,4 Trigo silagem 33 12 3,2 2,1 59 0,4 0,28 Forragens verdes Amendoim forrageiro 22,8 18,4 1,9 2,1 54,5 2,1 0,22 Cana-de-açúcar 28,9 2,8 1,5 2,3 64,5 0,24 0,08 Capim-angola 92 4,2 - - 42,6 0,1 0,19 Capim braquiária brizantha 34 6,9 2,0 1,8 52 0,31 0,11 Capim bb (46-60 dias) 20,8 9,5 4,0 2,0 55,7 0,71 0,47 Capim bb (61-90 dias) 24,9 6,5 4,0 2,1 58 0,46 0,38 Capim bb (91-120 dias) 27,7 4,8 1,2 1,9 54 0,58 0,17 Capim braquiária marandu 33,2 7,7 2,0 1,8 51,5 0,28 0,09 Capim bm (61-90 dias) 37,8 5,5 1,8 1,8 53 0,08 0,05 Capim braq. marandu outono 31 11,8 1,4 2,0 55 - - Capim bm primavera 27 11,3 2,0 2,1 58,7 - - Capim bm verão 29 12,3 1,8 2,0 54 - - Capim bb MG4 23 9,2 1,9 1,9 52,6 - - Capim bb MG4 (61-90 dias) 29 6,4 1,5 1,9 53 - - Capim bb piatã (61-90 dias) 34 4,7 1,7 1,9 55,8 - - Capim bb xaraés 23 9,3 1,5 2,0 56 0,6 0,09 Capim braquiária decumbens 28,5 6,7 1,8 1,8 51,5 0,4 0,1 Capim bd (61-90 dias) 27,8 7,2 2,1 1,7 49,3 0,3 0,19 Continuação MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Capim bb (91-120 dias) 30 5,7 2,1 1,9 55,2 0,3 0,2 Capim bd (121-150 dias) 43,7 5,1 2,1 2,0 56,7 0,72 0,28 Capim braquiária humidícola 28 7,4 2,5 1,9 54,8 0,38 0,12 Capim buffel (61-90 dias) 34,6 7,8 1,8 1,8 52,3 - - Capim coast cross 32,6 12,2 2,5 - 65,4 0,46 0,16 Capim colonião outono 29,4 14,7 1,3 - - - - Capim colonião primavera 23,4 14,6 1,6 - - - - Capim colonião verão 26,7 16,5 2,6 - - - - Capim elefante 21,7 7 2,3 1,7 50 0,36 0,23 Capim elefante pastejo 24,5 3,3 0,8 0,3 15,7 - - Capim gordura 28 6,9 1,3 2,1 58 0,24 0,07 Capim gordura pastejo 24,8 1,7 0,8 - 8,5 - - Capim jaraguá 29,7 2,7 0,8 - 16,3 - - Capim massai (61-90 dias) 29,5 8 2,1 1,8 51,6 - - Capim mombaça 27 11 1,7 1,9 53 0,74 0,19 Capim mombaça (61-90 dias) 26,8 8,3 1,4 1,8 52 - 0,11 Capim setária (61-90 dias) 21,7 9 1,4 1,9 53,7 - - Capim sudão 19 12,9 2,9 2,0 55 - - Capim tanzânia 23,4 9,5 2,4 1,8 51 0,59 0,14 Capim tanzânia (61-90 dias) 31 5,6 1,7 1,8 53 - - Capim tifton 68 23 13,4 2,9 - - - 0,08 Capim tifton 85 27 12,9 2,0 1,4 39,5 0,54 0,5 Capim-de-rhodes 89 9,6 3,2 - 56,6 - - Crotalária 88,6 15,9 2,7 - 48,9 - - Cunhã 29 16,6 5,1 2,6 69,5 - 0,18 Galáxia 90 13,8 3,6 - 53,5 - - Gliricídia 22 17 5,4 2,2 59 - - Leucena 32 21,2 3,9 2,7 69 0,86 0,18 Maniçoba 24,8 19,4 7,1 2,5 65,3 - 0,18 Milheto 20 12,2 3,1 2,2 60 0,72 0,26 Mororó 47,4 11,3 3,8 2,3 62 - - Continuação MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Palma miúda 11,3 4,1 2,6 2,3 64,2 3,84 0,22 Sabiá 43,6 12 4,3 2,3 62,2 - - Sorgo forrageiro 24 6,9 3,0 1,8 51,6 0,13 0,13 Forragens verdes e cultivadas Alfafa 25 22 2,7 - 65 1,64 0,23 Aveia branca 90 15 - - - - - Aveia preta 21 8 1,6 2,2 61,5 0,31 0,25 Aveia + Azevém (cultivada) 19 19 4,8 - - - - Azevém 15 15 3,6 - 68 0,43 0,28 Azevém pré-florescimento 17,5 15 1,7 2,4 66,6 0,42 0,3 Azevém início floresc. 22,4 12 1,5 2,3 63 0,45 0,27 Cana-de-açúcar caule 26 2,9 3,2 - - - - Cana-de-açúcar caule+folhas 24 7 3,0 2,3 63,5 0,23 0,21 Centeio 25 13 1,5 2,2 60 0,26 0,29 Cornichão 21 18 2,0 2,3 63 0,92 0,27 Festuca 24 8,5 1,8 2,3 64 0,32 0,3 Trevo branco 16 19 2,1 2,4 64 1,1 0,37 Amendoim branco 36,6 16,8 2,4 2,4 67 1,23 0,18 Braquiarão - 9 1,7 2,3 57 0,3 0,17 Capim colonião (20-60 dias) - 11-5 - - 61-47 0,45¹ 0,24² Capim pangola 35 7,5 - - 55 - - Guandu (40->90 dias) - 21-13 - - - - - Fontes alternativas (Nordeste) Coroa de frade 11 8 3,5 2,5 - 2,06 0,17 Facheiro 10,5 7,5 2,4 2,5 - 5,03 0,12 Mandacaru 14,5 3,5 1,8 2,5 - 3,06 0,07 Palma gigante 12 5 1,9 2,5 - 2,35 0,13 Xique-xique 13 6 1,3 1,7 48,3 3,12 0,07 Cana-de-açúcar caldo 23 0,3 - 2,0 - 0,01 0,02 Cana-de-açúcar levedura 89 35 1,9 2,0 - 0,48 0,73 Continuação MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Coco farelo 91 24 9,0 3,0 - 0,29 0,51 Capim buffel feno 87 4,5 1,2 1,2 - 0,21 0,06 Capim tifton feno 91 8,5 1,6 1,75 53 0,49 0,14 Cunhã feno 90,5 18 2,7 3,0 - 0,43 0,18 Erva-sal feno 89 9 1,6 - - 0,77 0,04 Feijão bravo feno 80 11,5 3,3 3,0 51 - - Flor de seda feno 75 14 6 1,9 - 2,6 0,22 Guandu feno - 14 2,7 - - - 0,11 Leucena feno 91 21 3,2 2,8 55 1,18 0,29 Mata-pasto feno 89 9,5 - - - 1,75 0,12 Sorgo forrageiro feno 90,8 4,2 - 2,0 - 0,4 0,22 Canafístula 40,8 12,9 4,6 2,0 54 - - Capim elefante roxo 20 8,5 3,5 - - 0,42 0,41 Géria 88 16 1,0 - - 1,17 0,21 Feijão dos arrozais 24 17 5,0 2,7 69 2,6 0,04 Glicirídia casca - 13 0,9 - - 2,06 0,18 Glicirídia caule - 5,6 0,4 - - 0,44 0,07 Glicirídia folha - 22,7 2,0 - - 2,44 0,18 Guandu parte aérea 35 19 5,0 - - 0,89 0,12 Jurema preta 35 12 9,0 - - 0,67 0,25 Leucena caule 49,4 7,5 2,1 - - 0,56 0,69 Leucena folha 35,5 24 2,2 - - 2,18 0,2 Mandioca folha 45 22 5,5 2,5 - 0,91 0,23 Siratro 25 16 2,7 - - 1,02 0,16 Umbuzeiro folha 15 15 8,6 - - 1,29 0,22 Mandioca parte aérea silagem 12,3 18 3,6 2,0 53 1,21 0,14 Caju castanha 97,5 21,9 40,1 5,5 128,9 - - Caju castanha farelo amêndoa 95 23,5 47 3,5 - 0,6 0,25 Caju farelo pseudofruto 89,5 14,8 6,0 - 75 0,06 0,04 Coco amêndoa farelo 96 25 21,7 2,7 - 0,31 0,26 Goiaba subproduto 55 8 4,7 - 35,7 0,15 0,36 Continuação MS% PB% EE% EM (Mcal/kg) NDT% Ca% P% Mandioca bagaço 87,6 2 0,6 - 65 0,14 1,8 Maracujá subproduto 92 11 0,7 1,8 52 0,42 0,22 Melão subproduto 92 14 2,1 0,95 37 0,56 0,8 Milho palha 92,3 5,1 0,4 2,5 54 0,15 0,13 Fontes de minerais Calcário 100% MS – 38% Ca e 1% Mg Calcário calcítico 100% MS – 33,6% Ca Calcário dolomítico 92% MS – 20,3% Ca e 9,6% Mg Cloreto de potássio 100% MS – 39,6% K Flor de enxofre 100% MS – 96% S Fosfato bicálcico 100% MS – 23% Ca – 18% P – 1% Mg – 0,08% K e 0,13% Na Fosfato tricálcico 99,6% MS – 40,2% Ca e 16% P Iodato de potássio 100% MS – 59,3% I Óxido de magnésio 98% MS – 0,58% Ca – 53,8% Mg e 0,03% Na Sal comum 99% MS – 39,5% Na – 2,7% Mn e 9,9% Zn – 1,3% Cu Selenito de sódio 100% MS – 45,6% Se Sulfato de cobalto 100% MS – 20% Co Sulfato de cobre 100% MS – 25,4% Cu Sulfato de manganês 100% MS – 32,5% Mn Sulfato de zinco 100% MS – 35% Zn Fontes proteicas de origem animal³ Proibidos na alimentação de ruminantes dada a IN MAPA – 8/2004 Art. 1º Fonte: DA SILVA, 2021. Na formulação de ração para os animais de produção, é importante levar em consideração que dos mais variados alimentos citados supra, e de tantos outros usados na alimentação e que não são usuais, existem perigos dado os fatores antinutricionais presentes nestes. Por exemplo, os taninos presentes no sorgo, as aflatoxinas presentes no farelo de amendoim, a sojina presente no farelo de soja, o efeito laxativo do farelo de trigo etc. Logo, quando se deseja formular uma dieta, é necessário obedecer às recomendações e nível de uso do ingrediente em quantidade ou porcentagem na ração. A tabela 23 mostra os níveis recomendados dos principais ingredientes para rações de caprinos. Tabela 23: Níveis recomendados de ingredientes para rações de caprinos Ingrediente Quantidade Milho 70% ou mais (depende) Farelo de soja Sem restrição de uso Grão de sorgo Substitui 100% do milho Farelo de trigo 10 – 40% Farelo de arroz Até 20% Farelo de arroz desengordurado 10 – 30% Farelo de amendoim 100 – 400 g/cab./dia Farelo de algodão Até 40% (não recomendável para reprodutores) Casca de amendoim 5% Aveia 70% Centeio moído 40% Polpa seca de cevada 40% Farelo de linhaça 15% Fubá de milho 50% Proteinoso de milho 25% Glúten de milho 10 – 25% Sabugo de milho desintegrado 5% Caroço de algodão 25% Farelo de girassol 30% Ureia 2% Casca de algodão 40% Casca de arroz 15% Torta de girassol Até 30% Torta de colza Até 20% Torta de linhaça Até 20% Torta de mamona 5 – 10% Torta de gergelim Até 30% Raiz fresca mandioca 1 – 2% do PV Polpa cítrica Até 30% Melaço de cana 150 – 230 g/cab./dia Melaço de cana em pó Até 5% Farelo de coco Até 30% Feijão Até 15% Gergelim Até 30% Girassol 20 – 30% Ureia 50 g/100 kg PV Bananeira Até 20% Farelo de cacau Até 30% Farelo de café Até 20% Bagaço de cana Até 30% Cana-de-açúcar picada fresca 1 – 2 kg/cab./dia Centeio 40 – 40% Cevada 40 – 60% Semente de girassol 400 – 500 g/cab./dia Torta de girassol 200 – 300 g/cab./dia Farelo integral de mandioca Até 50% Farelinho de trigo 150 g/cab./dia Grão de trigo Até 50% Fonte: DA SILVA, 2021; NUNES, 1998 e TEIXEIRA, 1998. Além dos alimentos convencionais ou não acima citados, existem os alimentos chamados de subprodutos que possuem alto potencial nutricional para a alimentação animal. A tabela 24 apresenta a composição de subprodutos da agricultura com alto potencial para serem utilizados na formulação de ração como ingrediente e/ou suplemento. Tabela 24: Composição de subprodutos e alimentos não usuais para rações de caprinos Alimento MS (%) PB (%) NDT (%) EE (%) FB (%) Ca (%) P (%) Abacate, farelo desengordurado 91 20,3 50 1,2 19,3 - - Abacate, casca 24 6,9 90 34,9 24,5 0,11 0,18 Continuação MS (%) PB (%) NDT (%) EE (%) FB (%) Ca (%) P (%) Abacate, semente 41 4,9 90 3,8 5,9 0,04 0,20 Abacaxi 14,7 2,7 80,1 1,4 2,7 0,14 0,07 Abacaxi, bagaço 87 4,6 68 1,5 20,9 0,27 0,13 Abacaxi, coroa 16 10 42,8 3,1 23,1 - - Abacaxi, cortado verde 18 7,8 56 2,2 27 0,28 0,08 Arroz, casca 92 3,3 12 0,8 42,9 0,10 0,08 Banana, polpa fruto 24 4,5 84 0,8 2,1 0,03 0,11 Batata, farelo tubérculo 89 8,4 90 0,4 7,3 0,16 0,25 Batata, tubérculo fresco 23 9,5 81 0,4 2,4 0,04 0,24 Batata, silagem tubérculo 25 7,6 82 0,4 4 0,04 0,23 Batata-doce, planta 20 19,5 49,4 2,5 14,5 - - Batata-doce, tubérculo 31 5 80 1,3 6 0,09 0,13 Batata-doce, farelo tubérculo 90 5,4 80 1 3,7 0,17 0,16 Beterraba-forrageira 13,8 11,3 79,2 0,6 7,5 0,22 0,22 Cenoura 12 9,9 84 1,4 9,1 0,4 0,35 Cenoura, planta 16 13,1 74 3,8 18,1 1,94 0,19 Cenoura, polpa 14 6,4 62,8 7,8 18,6 - - Cevada, palha 91 4,3 49 1,9 42 0,3 0,07 Laranja, silagem do bagaço 11,3 8,8 65 2,2 17,7 - - Limão, bagaço 93 6,9 77 1,5 15,9 - - Ervilha, feno da planta 88 13,6 58 2,5 30,2 1,39 0,28 Ervilha, silagem da rama 25 13,1 57 3,3 29,8 1,31 0,24 Ervilha, farelo da vagem 90 19,7 84 1,6 26,3 - - Feijão, palha 90 6,8 51 1,5 44,5 1,85 0,14 Feijão, farelo da palha 92,1 7,7 44,1 1,5 39,6 - - Gergelim, torta da semente 94,7 38 88,8 26 4 - - Maça, bagaço 89 4,9 69 5,1 17 0,13 0,12 Maça, silagem do bagaço 21,4 7,8 74 6,3 20,6 0,1 0,1 Maça, fruto 17 2,8 70 2,2 7,3 0,06 0,06 Melão 4,1 11,5 70,7 3,3 23 - - Melão, torta 6,1 11,5 74,6 3,3 23 - - Continuação MS (%) PB (%) NDT (%) EE (%) FB (%) Ca (%) P (%) Pera 17,3 - 86,7 - - - - Pera, bagaço 91,5 6,1 70,6 2,1 23,8 2,38 0,12 Pêssego 10 8,7 80 3,7 10,3 - - Repolho 9,5 25,3 85,3 4,2 15,8 0,64 0,35 Repolho, folhas 14,8 14,4 66,7 2,5 14,3 0,63 0,21 Romã, bagaço 26 8,4 68,4 4,9 16,6 - - Soja, palha 88 5,2 44 1,4 44 1,59 0,06 Tomate, bagaço 92 23,5 58 10,3 26,4 0,43 0,60 Tomate, silagem do bagaço 29,5 19,2 63,9 14,6 44,9 0,5 0,47 Tomate, fruto 6 16,4 69 5 9,1 0,16 0,49 Uva, bagaço 91 13 33 7,9 31,9 0,61 0,06 Uva, farelo 90 30,2 - - - - - Fonte: NUNES, 1998. FORMULAÇÃO DE RAÇÃO PARA CAPRINOS A formulação de dietas para caprinos de corte ou leiteiros é análoga ao esquema de formulação para os demais ruminantes. Sempre é necessário categorizar os animais para determinar situações como peso vivo do animal, estado fisiológico, isto é, se está produzindo ou não, idade etc.; posteriormente, faz-se necessário a busca pelas exigências nutricionais dos animais mediante a literatura, seja através das publicações do NRC, AFRC ou CSIRO, caso o lote possua peso diferente das tabelas, por exemplo média de 27 kg de PV, basta utilizar as equações de predição para determinar as exigências de MS, PB, NDT ou EM, Ca e P; encontrada as exigências dos caprinos é necessário a avaliação de quais são os ingredientes disponíveis na propriedade e sua composição nutricional para ser utilizado de métodos matemáticos ou programações de computador para balancear as quantidades de cada um para que possam suprir a exigência do animal. Aqui, apresentarei situações de formulação práticas, que o profissional poderá se deparar no cotidiano profissional, dos quais os animais serão alimentados com o uso do creep-feeding; e animais em mantença, confinados para o ganho de peso, sob pastejo, gestantes e, por fim, em lactação. Para a determinação das exigências dos animais utilizarei os valores aqui descritos que foram compilados do NRC, 2007 e NUNES, 1998 descritos nas tabelas do capítulo 1. Para os alimentos serão usados os valores aqui presentes e compilados de diversos autores e descritos na tabela 20 do capítulo 2. A abordagem matemática utilizada para formular as dietas serão explicadas pelos métodos de formulação do quadrado de Pearson simples, que balanceia apenas um nutriente, ou duplo, que balanceia mais de um nutriente; pelo método algébrico com duas equações e dois ingredientes, ou três equações e três ou mais ingredientes, do qual esse método é capaz de sempre balancear dois ou três nutrientes, sendo os usados a PB e NDT. Os cálculos serão explicados de forma didática visando a facilidade para todos. EXEMPLO 1: formular dieta para uso em creep-feeding, para lote de cabritos com média de 10 kg PV e CMS à vontade. A ração deverá conter 20% PB e 80% de NDT. Os alimentos disponíveis são fubá de milho, raspa de mandioca e farelo de soja. Deixar 2% para suplemento mineral e sal. Determine o aporte mineral da dieta final. 1º passo: determinação da composição dos alimentos: Ingrediente MS % PB % NDT % Ca % P % Fubá de milho 91 10 86 0,02 0,29 Raspa de mandioca 88 3 69 0,15 0,80 Farelo de soja 89 47 81 0,25 0,65 2º passo: montar o sistema com 3 equações e 3 incógnitas onde x é milho, y raspa de mandioca e z farelo de soja: Equação MS: x + y + z = 98 Equação PB: 0,1x + 0,03y + 0,47z = 20 Equação NDT: 0,86x + 0,69y + 0,81z = 80 3º passo: resolvendo o sistema, vamos obter: x +y +z = 98 0,1x +0,03y +0,47z = 20 0,86x +0,69y +0,81z = 80 x +y +z = 98 0,1x +0,03y +0,47z = 20 0,432y -3,232z = -92 (-8,6 foi adicionada a linha 3) x +y +z = 98 -0,07y +0,37z = 10,2 0,432y -3,232z = -92 ( -0,1 foi adicionada a linha 2) x +y +z = 98 -0,07y +0,37z = 10,2 -0,949z = -29,051 (6,171 foi adicionada a linha 3) x + y +z = 98 y -5,286z = -145,714 -0,949z = -29,051 (a 2ª linha foi dividida -0,07) x +y +z = 98 y -5,286z = -145,714 z = 30,627 (a 3ª linha foi dividida -0,949) 3ª linha: z = 30,6 2ª linha: y -5,286z = -145,714 Use as variáveis já calculadas: y -5,286⋅30,627 = -145,714 Resolva y: y = 16,2 1ª linha: x +y +z = 98 Use as variáveis já calculadas: x +⋅16,169 +⋅30,627 = 98 Resolva x: x = 51,2 4º passo: verificação da ração: Ingrediente MS kg PB kg NDT kg Ca g P g Fubá de milho 51,2 5,1 44 10,2 148,5 Raspa de mandioca 16,2 0,5 11,2 24,3 129,6 Farelo de soja 30,6 14,4 24,8 76,5 198,9 TOTAL 98 20 80 111 477 Exigência 98 20 80 - - DÉFICE - - - - - 5º passo: a relação Ca:P é de 0,23:1, como para ruminantes o ideal é entre 1:1 e 2:1, é necessário a adição de uma fonte de Ca para aumentar a quantidade do mesmo na ração e aumentar a relação. Usando 2 kg (ER de 2%) de calcário, teremos: 1 kg calc. ---------- 0,38 kg Ca 2 kg calc. ---------- x kg Ca X = 0,76 kg de Ca. O total de Ca na ração será 871 g. E a relação agora será de 1,8:1, ideal. 6º passo: composição final da ração para creep-feeding para cabritos: Ingrediente MS kg MN kg % final MN PB kg NDT kg Ca g P g Fubá de milho 51,2 56,3 50,6 5,1 44 10,2 148,5 Raspa de mandioca 16,2 18,4 16,6 0,5 11,2 24,3 129,6 Farelo de soja 30,6 34,4 31 14,4 24,8 76,5 198,9 Calcário 2 2 1,8 - - 760 - TOTAL 100 111,1 100 20 80 871 477 Exigência 100 - 100 20 80 - - DÉFICE - - - - - - - 7º passo: segundo o NRC, o CMS de um cabrito com essas características é de 0,3 kg/dia. Então a ração deverá ser composta por: Ingrediente CMS g MS g MN g PB g NDT g Fubá de milho 300 153,6 168,8 15,4 132,1 Raspa de mandioca 48,6 55,2 1,5 33,5 Farelo de soja 91,8 103,1 43,2 74,4 Calcário 6 6 - - TOTAL 300 300 333,1 60 240 As 60 g da PB equivalem aos 20% e os 240 g de NDT equivalem a 80%. Por fim, para uma boa ração de uso em creep-feeding para cabritos com 10 kg PV, são necessários 170 g de milho moído, 60 g de raspa de mandioca, 110 g de farelo de soja e 6 g de calcário. EXEMPLO 2: você foi convidado para trabalhar em uma fazenda que produz leite de cabras da raça Saanen, a média da produção leiteira é de 5 kg/dia com um teor de 3,5% de gordura. Forneça ração volumosa em até 20% da MS total. Os alimentos disponíveis para a ração volumosa são silagem de milho e feno de braquiária; para a mistura concentrada são milho moído, ureia e farelo de soja. Dados o CMS é de 3 kg/dia e o peso médio do lote de 50 kg. 1º passo: determinação das exigências nutricionais da cabra: Exigência CMS kg PB kg NDT kg Ca g P g (1) Mantença 3,0 0,075 0,530 3 2,1 Prod./kg 0,068 0,342 4 1,5 (2) Prod./kg x 5 0,340 1,71 20 7,5 (1 + 2) TOTAL 3,0 0,415 2,24 23 9,6 TOTAL % 100 13,8 74,7 0,77 0,32 2º passo: composição dos alimentos disponíveis: Ingrediente MS % PB % NDT % Ca % P % Silagem de milho 27 8 65 0,52 0,16 Feno de braquiária 89 8 60 0,23 0,10 Milho moído 90 9 86 0,02 0,29 Ureia 100 280 - - - Farelo de soja 90 45 84 0,29 0,65 3º passo: como 600 g (20% CMS) deverá ser aportada pela ração volumosa, vamos fornecer 300 g MS de ambos os volumosos. Teremos, então: Volumosos MS kg PB kg NDT kg Ca g P g Silagem 0,3 0,024 0,195 1,6 0,5 Feno 0,3 0,024 0,180 0,7 0,3 TOTAL 0,6 0,048 0,375 2,3 0,8 Exigência 3,0 0,415 2,24 23 9,6 DÉFICE 2,4 0,367 1,865 20,7 8,8 4º passo: a ração concentrada deverá conter 0,367 kg de PB e 1,865 kg de NDT. Vamos fornecer uma quantidade fixa de 50 g de ureia, então: 50 x 280/100 = 140 g PB Calculando o novo défice da PB: 0,367 – 0,140 = 0,227 5º passo: montamos o sistema de duas equações e duas incógnitas para determinar a quantidade de x milho moído e y farelo de soja necessárias para suprir 0,227 kg PB e 1,865 kg de NDT. Lembrando que o défice de MS é de 2,4, ou seja, o total final de x + y não deverá ser superior. Equação PB: 0,09x + 0,45y = 0,227 Equação NDT: 0,86x + 0,84y = 1,865 Respondendo direto, já que aprendemos o método de resolução anteriormente: 0,86x + 0,84y = 1,865 0,86x + 4,30y = 2,17 0 - 3,46y = 0,305 y = 0,305/3,46 y = 0,088 kg de farelo de soja, ou 90 g. Substituindo y na equação PB: 0,09x + 0,45(0,09) = 0,227 0,09x + 0,0405 = 0,227 0,09x = 0,227 – 0,0405 0,09x = 0,1865 x = 2,07 kg de milho moído, ou 2,1 kg. 6º passo: verificação da ração concentrada: Ingrediente MS kg PB kg NDT kg Ca g P g Milho 2,1 0,189 1,8 0,42 6,1 Ureia 0,05 0,140 - - - Farelo de soja 0,09 0,040 0,07 0,26 0,6 TOTAL 2,24 0,369 1,87 0,68 6,7 Exigência 2,4 0,367 1,865 20,7 8,8 DÉFICE 0,16 - - 20 2,1 7º passo: ajuste mineral para suprir o défice de 2,1 g de P com fosfato bicálcico e 20 g de Ca com calcário. Fazendo as relações, análogas a anteriores, e sabendo-se que o FB contém 18% de P e 23% de Ca e o calcário possui 38% de Ca, encontramos: Para P: 11,7 ou 12 g de fosfato bicálcico contendo 2,1 g de P e 2,8 g de Ca Para Ca: 45,5 g de calcário contendo 17,2 g de Ca 8º passo: composição final da dieta: Volumosos MS kg MN kg % final PB kg NDT kg Ca g P g Silagem de milho 0,3 1,1 27,6 0,024 0,195 1,6 0,5 Feno de braquiária 0,3 0,34 8,5 0,024 0,180 0,7 0,3 Concentrados Milho moído 2,1 2,33 58,6 0,189 1,8 0,42 6,1 Ureia 0,05 0,05 1,3 0,140 - - - Farelo de soja 0,09 0,1 2,5 0,040 0,07 0,26 0,6 Calcário 0,046 0,046 1,2 - - 17,4 - Fosfato bicálcico 0,012 0,012 0,3 - - 2,7 2,1 TOTAL 2,9 3,98 100 0,417 2,24 23,1 9,9 Exigência 3,0 - 100 0,415 2,24 23 9,6 DÉFICE - - - - - - Por fim, uma ração para cabras Saanen com 50 kg PV e produzindo 5 kg leite/dia com 3,5% de gordura, são necessários 600 g de mistura volumosa à base de 50% de silagem de milho e 50% de feno de braquiária e 2,6 kg de ração concentrada à base de 2,4 kg de milho, 100 g de farelo de soja, 50 g de ureia e 50 g para calcário e fosfato bicálcico. O CMS de cada cabra com essa ração será de 2,9 kg/dia, ou seja, dentro dos limites de 3 kg/dia, segundo o NRC, 2007. A relação Ca:P é 2,3:1, sendo uma relação aceitável, já que ruminantes suportam uma relação até 3:1. EXEMPLO 3: formule uma dieta para animais em mantença situados na região semiárida de Pernambuco. Os animais possuem peso médio de 40 kg e estão em condições de atividade média, ou seja, 50% a mais dos requisitos de mantença segundo o NRC, 2007. Os alimentos disponíveis são capim tifton verde e fubá de milho. Dados o CMS é de 1,1 kg/dia. 1º passo: determinação das exigências nutricionais do animal: Exigência MS kg PB kg NDT kg Ca g P g Mantença 1,1 0,064 0,448 3 2 X50% 0,032 0,224 2 1,5 TOTAL 1,1 0,096 0,672 5 3,5 TOTAL % 100 8,8 61,1 0,45 0,32 2º passo: composição dos alimentos disponíveis: Ingrediente MS % PB % NDT % Ca % P % Capim tifton 27 13 40 0,54 0,50 Fubá de milho 90 9 85 0,02 0,29 3º passo: montando o sistema de equações onde x milho e y capim terão que fornecer 0,096 kg de PB e 0,672 kg de NDT: Equação PB: 0,09x + 0,13y = 0,096 Equação NDT: 0,85x + 0,40y = 0,672 Resolvendo o sistema direto, temos: 0,85x + 0,40y = 0,672 0,85x + 1,223y = 0,907 0 + 0,823y = 0,235 y = 0,235/0,823 y = 0,286 kg de capim tifton, ou 290 g. Substituindo y na equação PB: 0,09x + 0,40(0,286) = 0,096 0,09x + 0,037 = 0,096 0,09x = 0,096 – 0,037 0,09x = 0,059 x = 0,656 kg de milho moído, ou 660 g. 4º passo: verificação da ração: Ingrediente MS kg PB kg NDT kg Ca g P g Milho 0,656 0,059 0,558 0,1 1,9 Capim tifton 0,286 0,037 0,114 1,5 1,4 TOTAL 0,942 0,096 0,672 1,6 3,3 Exigência 1,1 0,096 0,672 5 3,5 DÉFICE 0,158 - - 3,4 0,2 5º passo: adição de fosfato bicálcico e calcário ao milho para suprir o défice de P e Ca: Para P: 1,2 g de fosfato bicálcico fornecerá 0,2 g de P e 0,28 g de Ca. Para Ca: 8,2 g de calcário fornecerá 3,1 g de Ca. 6º passo: verificação final da dieta: Ingrediente MS g MN g % final PB g NDT g Ca g P g Capim tifton 286 1060 58,9 37 114 1,5 1,4 Fubá de milho 656 729 40,6 59 558 0,1 1,9 Calcário 8,2 8,2 0,45 - - 3,12 - Fosfato bicálcico 1,2 1,2 0,05 - - 0,28 0,2 TOTAL 951,4 1798,4 100 96 672 5 3,5 Exigência 1100 - 100 96 672 5 3,5 DÉFICE - - - - - - - Por fim, para mantença de lote de caprinos no semiárido com atividade média e 40 kg de PV, são necessários, para fins práticos, 1,1 kg de capim tifton, 730 g de milho misturado com 9 g de calcário e 1,5 g de fosfato bicálcico. A MS da ração satisfaz completamente as exigências de CMS do animal e sobre espaço de 0,149 kg de MS que o animal poderá ingerir com outras fontes de alimentos para um possível início de ganho de peso. A relação Ca:P da mistura é de 1,4:1. EXEMPLO 4: um pequeno produtor de caprinos de Belo Jardim-PE deseja manter seu lote de animais no período da seca, onde a vegetação é escassa e o clima semiárido. Os alimentos disponíveis na propriedade são algarobeira e sementes de guandu. O lote de animais possui média de 40 kg PV. O CMS é de 1,1 kg/dia. 1º passo: exigências nutricionais do animal: Segundo o NRC, 1981 para uma seca e um clima tipicamente semiárido como o de Belo Jardim, são necessários acréscimos de 75% das exigências de mantença, ou seja, é necessário adicionar 75% a mais do valor de mantença para obter as exigências finais. Logo: Exigência MS kg PB kg NDT kg Ca g P g Mantença 1,1 0,063 0,448 3 2 X75% 0,047 0,336 3 2 TOTAL 1,1 0,110 0,784 6 4 TOTAL % 100 10 71,3 0,55 0,36 2º passo: composição dos alimentos disponíveis: Ingrediente MS % PB % NDT % Ca % P % Algaroba 89 9 70 0,4 0,15 Guandu 89 23 80 0,15 0,45 3º passo: montando o sistema e respondendo direto vamos obter: Equação PB: 0,09x + 0,23y = 0,110 Equação NDT: 0,70x + 0,80y = 0,784 Resolvendo o sistema direto, temos: 0,70x + 0,80y = 0,784 0,70x + 1,789y = 0,856 0 - 0,989y = -0,072 y = -0,072/-0,989 y = 0,073 kg de sementes de guandu, ou 80 g. Substituindo y na equação PB: 0,09x + 0,23(0,08) = 0,110 0,09x + 0,0184 = 0,110 0,09x = 0,110 – 0,0184 0,09x = 0,0916 x = 1,02 kg de algaroba, ou 1,1 kg. 4º passo: verificação da ração: Ingrediente MS kg PB kg NDT kg Ca g P g Algaroba 1,02 0,092 0,715 4,1 1,5 Guandu 0,08 0,018 0,65 0,1 0,4 TOTAL 1,1 0,110 0,780 4,2 1,9 Exigência 1,1 0,110 0,784 6 4 DÉFICE - - - 1,8 2,1 5º passo: ajuste mineral para suprir Ca e P: Para P: 12 g de fosfato bicálcico tem 2,1 g de P e 2,7 g de Ca 6º passo: composição final da dieta: Ingrediente MS g MN g % final PB g NDT g Ca g P g Algaroba 1020 1146 91,8 92 715 4,1 1,5 Guandu 80 90 7,2 18 65 0,1 0,4 Fosfato bicálcico 12 12 1,0 - - 2,7 2,1 TOTAL 1112 1248 100 110 780 6,9 4 Exigência 1100 - 100 110 784 6 4 DÉFICE - - - - - - - Por fim, para manter um lote de caprinos na seca com média de 40 kg PV, é necessário o fornecimento de, para fins práticos, 1200 g de algaroba, 100 g de sementes de guandu e 12 g de fosfato bicálcico. O CMS da dieta é ideal e a relação Ca:P é de 1,7:1. EXEMPLO 5: formular dieta para caprinos reprodutores. Os alimentos disponíveis são palma miúda, triticale e farelo de algodão. O peso médio do reprodutor é de 70 kg e o CMS de 1,26 kg/dia. Por fim, calcular o aporte mineral da dieta. Será fornecido 1 kg de palma in natura/cabeça. 1º passo: exigências para caprino reprodutor com 70 kg PV: Exigência CMS kg PB g NDT g Ca g P g TOTAL 1,26 203 695 5 3 TOTAL % 100 16 55,1 0,4 0,24 2º passo: composição dos alimentos disponíveis: Ingrediente MS % PB % NDT % Ca % P % Palma 9 4 70 2 0,31 Triticale 87 14 85 0,04 0,32 Farelo de algodão 90 33 70 0,2 0,8 3º passo: fornecimento fixo de 1 kg de palma: Volumoso MS g PB g NDT g Ca g P g Palma 90 3,6 63 1,8 0,3 Exigência 1260 203 695 5 3 DÉFICE 1170 199,4 632 3,2 2,7 4º passo: calcular mistura de x triticale e y farelo de algodão que atenda a demanda de 0,1994 kg de PB e 0,632 kg de NDT. Montando a equação e resolvendo direto teremos: Equação PB: 0,14x 0,33y = 0,1994 Equação NDT: 0,85x + 0,70y = 0,632 Fator de multiplicação: 6,071 (0,85/0,14) Equação NDT: 0,85x + 0,70y = 0,632 Equação 3: 0,85x + 2,00y = 1,211 0 - 1,30y = 0,579 y = 0,445 kg de farelo de algodão Substituindo na equação PB: 0,14x + 0,33 x 0,445 = 0,1994 0,14x + 0,1469 = 0,1994 0,14x = 0,1994 – 0,1469 0,14x = 0,0525 x = 0,375 kg de triticale 5º passo: verificação da ração: Ingrediente MS g PB g NDT g Ca g P g Triticale 375 52,5 319 0,15 1,2 Farelo de algodão 445 146,9 312 0,9 3,6 TOTAL 820 199,4 631 1,05 4,8 Exigência 1170 199,4 632 3,2 2,7 DÉFICE - - - 2,15 - 6º passo: ajuste mineral com calcário para suprir o défice de 2,15 g de Ca: 5,7 ou 6 g de calcário tem 2,3 g de Ca 7º passo: composição final da dieta: Ingrediente MS g MN g % final PB g NDT g Ca g P g Palma 90 1000 51,8 3,6 63 1,8 0,3 Triticale 375 431 22,3 52,5 319 0,15 1,2 Farelo de algodão 445 494,5 25,6 149,9 312 0,90 3,6 Calcário 6 6 0,3 - - 2,3 - TOTAL 916 1931,5 100 203 695 5 3 Exigência 1260 - 100 203 694 5,15 5,1 DÉFICE 344 - - - - - - O CMS é inferior do que o recomendado, no entanto, as exigências foram supridas pelos alimentos. São necessários 1 kg de palma e uma mistura concentrada de 430 g de triticale, 500 g de farelo de algodão e 6 g de calcário/cabeça/dia. A relação Ca:P é de 1:1. EXEMPLO 6: formular dieta para caprinos reprodutores que necessitam de 16% de PB e 60% de NDT. Os alimentos disponíveis são milho, silagem de capim-elefante e farelo de soja. Deixar 2% de ER para suplement
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APRESENTAÇÃO O material Nutrição sobre a Reprodução e Fertilidade dos Bovinos é fruto de diversas pesquisas realizadas com o rebanho leiteiro do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) de São Bento do Una em parceria com curso técnico em agropecuária do Instituto Federal de Pernambuco Campus Belo Jardim que visa demonstrar os fatores nutricionais como agentes diretos de alterações no sistema fisiológico do aparelho reprodutivo dos bovinos bem como na fertilidade destes animais. O trabalho estru…Read moreAPRESENTAÇÃO O material Nutrição sobre a Reprodução e Fertilidade dos Bovinos é fruto de diversas pesquisas realizadas com o rebanho leiteiro do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) de São Bento do Una em parceria com curso técnico em agropecuária do Instituto Federal de Pernambuco Campus Belo Jardim que visa demonstrar os fatores nutricionais como agentes diretos de alterações no sistema fisiológico do aparelho reprodutivo dos bovinos bem como na fertilidade destes animais. O trabalho estruturado de forma sistemática e mais didática possível, é dividido em 18 capítulos que apresentam as principais variações fisiológicas no sistema reprodutivo e sobre a fertilidade dos animais mediante aos elementos nutricionais e possíveis desbalanceamentos das dietas fornecidas aos animais. É parte inerente do trabalho de conclusão de curso que me conferiu o título de técnico em agropecuária pelo IFPE Belo Jardim, texto laureado pela banca examinadora com nota máxima e êxito. A partir da realização de dias em campo e de pesquisas na literatura zootécnica e veterinária, esse projeto visa oferecer meios para que a comunidade técnico-científica e leiga, além dos produtores é claro, possam conhecer os principais distúrbios reprodutivos e férteis que a nutrição pode ocasionar nos animais, efeitos esses que causam prejuízos sem precedentes. Com isso, visa a melhoria na produção e produtividade dos animais mediante ao conhecimento das possíveis consequências de negligência nutricional e da má formulação de dietas que não suprem os requerimentos básicos dos animais em energia, proteína, vitaminas e/ou minerais. 1. RETENÇÃO DE PLACENTA A retenção da placenta é uma anomalia reprodutiva de diferentes origens. Nos bovinos, caracteriza-se pela não expulsão dos anexos dos sacos placentários nas primeiras 12 horas após o parto. Os principais fatores que podem causar a retenção de placenta são: a) dificuldades no processo normal do parto (distorcias, partos gêmeos etc.), b) distúrbios hormonais, c) estresse intenso (subnutrição, falta de movimento, mau manejo do período de transição), d) doenças infecciosas, e) prolongamento do processo de gestação e f) fatores hereditários (KANKOFER, et al. 2005). Na apresentação das retenções de placenta considera-se a seguinte ordem: a primeira opção é de tipo infeccioso, portanto, deve-se descartar agentes indutores de aborto e de retenção infecciosa de placenta como: Brucella (principal causa de aborto), Leptospira, Neospora etc. Logo, a causa mais frequente de retenções de placenta, corresponde a intervenções muito precoces na atenção do parto. Isto faz com que não haja descolamento normal da placenta, terminando o parto. Esta segunda causa seria de origem mecânica ou traumática ao induzir o rasgo incompleto da unidade cotilédone-caruncular. A terceira causa de retenção de placenta são desequilíbrios nutricionais (FRAZER, 2005; GORDON, 1996), entre os quais podemos citar: 1.1 Deficiência de energia Dentro do aspecto nutricional este é um dos fatores que tem grande importância devido à deficiência na dieta de energia, levando a um Balanço Energético Negativo (BEN), já que o animal se vê obrigado a mobilizar reservas (CONTRERAS, 1998). Alterações metabólicas que ocorrem, causam stress no animal, stress que é refletido em problemas reprodutivos como a retenção da placenta que é dada pelas alterações que levam ao não desprendimento do cotilédone das criptas carunculares ou por baixa resposta do endométrio que nos processos de contração produz isquemia temporária na carúncula. Outra razão associada é que quando têm-se uma baixa no consumo de energia também se reduz a produção de glicose, a médio prazo o colesterol não é sintetizado e, portanto, a produção de estrogénios diminui, uma vez que não haverá excedentes energéticos que possam sintetizar o precursor da hormona esteroide, que a mesma placenta segrega ocorrendo uma atonia uterina onde não haverá contratilidade do útero na hora do parto o que leva à retenção de placenta, como sequela imediata ao estresse do parto sob grave BEN. 1.2 Deficiências de minerais Uma das causas da retenção de placenta é o déficit de alguns nutrientes no pré-parto, dentro dos quais se encontram o iodo e o selênio. Por isso, um dos sinais de que evidenciaria a deficiência de selênio seria a retenção da placenta. Talvez a forragem que se está oferecendo ao animal seja afetada pela estação do ano que determina os aumentos das deficiências nos meses de inverno, e a carência deve-se não só à disponibilidade na planta, mas também à disponibilidade e mobilidade do mineral no solo. A presença de altas concentrações de selênio em tecidos como o ovário, a placenta, a hipófise e as glândulas adrenais é uma manifestação da importância do conhecimento de uma possível deficiência do mesmo e suas consequências na área reprodutiva. A deficiência de selênio afeta a função da tireoide, uma vez que demonstrou-se que a concentração de tiroxina (T4), produzida pela tiroide em animais com deficiência de selênio, está aumentada no plasma enquanto a triiodotironina (T3) está diminuída. Isto deve-se à ação da enzima tipo I, iodotironina-5-deiodinase, que contém selênio na sua molécula, o que explica a diminuição da função hormonal da glândula tiroide que pode ser encontrada em animais com deficiência de selênio. Podem ser tomadas medidas preventivas para evitar problemas de retenção da placenta com a administração parentérica (IM) de 5 a 10 mg de selênio 1 mês antes do parto, podendo também evitar-se este fenômeno através da administração do selênio orgânico do tipo seleniometionina. Isto eleva o nível de enzima antioxidante glutationa peroxidase pelo menos por 3 meses, este tempo de proteção favorece a redução na retenção da placenta, uma vez que o parto é o momento de maior geração de radicais livres de oxigênio, cujo efeito nocivo é neutralizado pela glutationa peroxidase que é rica em selênio. A disponibilidade de selênio nas forrageiras brasileira é deficiente, uma vez que esse elemento encontrado no solo e em pouquíssimas quantidades é lixiviado pelas condições naturais. O selênio ainda possui funções essenciais no trato reprodutivo de touros e vacas, dentre as funções nós touros que mais se destacam estão a função antioxidante, que protege a membrana lipídica dos espermatozoides e também a função estrutural dos mesmos, uma vez que é estrutura fixa intermediária da membrana e das mitocôndrias dos espermatozoides. Quando há deficiência de selênio nos machos, a gametogênese fica comprometida e os espermatozoides apresentam-se com anormalidades em sua estrutura e elevam-se as porcentagens de oligozoospermia e de necrozoospermia. Nas vacas, a função do selênio também é antioxidante e sua ação evita o aparecimento dos cistos nós ovários, que são folículos que, por alguma intempérie, não ovularam naturalmente e normalmente. Estudos feitos por Julian et al., demonstraram que a inserção do selênio e a vitamina E na dieta das vacas gestantes reduziram indubitavelmente a incidência de retenção de placenta nas vacas (tabela 1). Foram testadas 193 vacas com quantidades variáveis de selênio divididas em grupo de controle e grupo tratado, os resultados demonstram que o selênio é essencial para que se reduza o número de placentas retidas por vacas. Tabela 1: Efeito do selênio e da vitamina E na prevenção de retenção de placenta Selênio na dieta (mg/kg) Grupo de controle Grupo de tratamento* N° de vacas Placentas retidas % N° de vacas Placentas retidas % 0,04 39 16 41 53 6 11,3 0,02 23 12 52 37 4 10,8 0,035 9 7 77,7 14 0 0 — 9 6 66,7 9 0 0 Total 80 41 51,2 113 10 88 * Injeção IM de 50 mg de selenito de sódio e 600 UI de acetato de alfa-tocoferol. 40 – 20 dias ou 20 dias pré-parto. Fonte: JULIEN et al., 1976. Para oferecer alimentos ricos em selênio, basta que o criador utilize farelos/rações com ingredientes como a semente de girassol, o arroz ou o próprio trigo, desde que a quantidade presente na ração supra as necessidades e exigências dos animais para seus processos fisiológicos. Todavia, vale salientar que o selênio é um elemento químico encontrado no solo, e que a quantidade do mesmo nesses ingredientes implica no manejo correto do solo onde foram cultivados. Outro elemento muito importante é o iodo em si, já que sua deficiência influenciará sobre o comportamento sexual produzindo-se supressão ou depressão dos níveis de estrogênio, também pode diminuir a incidência de partos prolongados, cuja pior consequência é o aumento de placentas retidas. A importância de suplementar os animais com este mineral nas zonas afastadas do mar mostra uma notável melhoria nas taxas de concepção e redução da retenção de placenta. O iodo é efetivamente absorvido na circulação sanguínea, a partir do qual passa para a glândula tireoide ou é eliminado através da urina. A tireoide contém grande quantidade de iodo na forma de tiroglobulina. A partir das tironinas é sintetizado T3 e T4. A deficiência do mineral produz bócio que consiste em uma hipertrofia da tireoide, uma vez que o órgão tenta compensar a falta de iodo tornando mais eficiente seu mecanismo para captá-lo. A tireoide produz compostos hormonais que têm uma característica única no organismo, é que em sua composição entra o iodo. Isto é um fato importante, porque se o organismo não tiver iodo, a tireoide não pode produzir hormonas da tireóideas (T3 e T4). O iodo é um dos elementos essenciais. Poder-se-ia viver com um número limitado de elementos, é possível viver sem níquel, sem cádmio, mas impossível viver sem iodo. O iodo é um elemento químico encontrado no mar, sendo assim, os animais marinhos como peixes, moluscos, lulas, etc. são notadamente ricos em iodo. Para suprir as necessidades de iodo das vacas, bem como de quaisquer outras espécies domésticas, o criador poderá obter por oferecer uma ração industrial que contenha o iodo necessário que supra as necessidades e exigências das vacas, ou poderá optar pela utilização de farinha de peixe, por exemplo, como fonte de iodo sustentável e de baixo valor comercial. Uma deficiência de cobre e zinco nos níveis séricos pode causar a retenção de placenta, sendo assim, deve-se ter em conta a idade do animal, já que em menor idade há maior probabilidade de ocorrer o problema (AKAR, et al. 2005). Os hormônios da tireoide têm múltiplas funções. Atualmente sabe-se que a mais importante delas é intervir no desenvolvimento do sistema nervoso, participa na calorigênese e na regulação do consumo de oxigênio, por essa razão, processos de elevada troca de oxigênio requerem elevados níveis circulantes de hormonas tireóideas, tal como acontece no parto, onde o miométrio e a musculatura abdominal sofrem constantes contrações para a expulsão do feto e da placenta. Por esta razão, deficiências de iodo gerarão menor síntese de T3 e T4, dando lugar a menor regulação da troca de oxigênio e, com isso, a uma provável retenção de placenta por esgotamento após a contração muscular. O cobre usado em quantidades adequadas nas rações dos animais de produção, pode ser um ótimo promotor de crescimento, sendo assim, é indispensável na dieta das vacas e quaisquer outros animais de criação, ele é encontrado em diversos cereais, sendo a aveia o maior destaque que o produtor pode obter para oferecer a seus animais, ou mesmo com uma ração balanceada. O zinco é um microelemento imprescindível na vida da vaca, pode ser oferecido através de ração, em pasto ou por meio de cereais como o amendoim ou a castanha do caju. Esses minerais supracitados (selênio, iodo, cobre e zinco), podem ser oferecidos, além do método mais tradicional que é por meio de alimentos concentrados (ração), por meio dos alimentos volumosos que são as forrageiras como os capins. Para tanto, o criador deve optar por uma variedade que consiga, por meio da sua fisiologia vegetal, apresentar quantidades aceitáveis desses minerais em sua matéria verde ou seca. As vacas, bem como as demais espécies de produção, possuem exigências específicas de minerais, vitaminas, carboidratos, proteínas, etc. como já supracitado. As quantidades dos minerais (tabela 2) presentes no alimento fornecido devem ser respeitadas para que não haja problemas maiores como Intoxicações. Tabela 2: Exigências minerais para vacas de corte e leite Mineral Vacas de corte em gestação (mg/kg) Vacas leiteiras em transição (mg/kg) Vacas leiteiras em lactação (mg/kg) Selênio 0,10 0,3 0,3 Iodo 0,50 0,4 – 0,5 0,34 – 0,88 Cobre 10 12 – 18 9 – 16 Zinco 30 21 – 30 43 – 73 Fonte: BARBOSA & SOUZA, 2003. 1.3 Fitoestrógenos Outra possível causa da retenção placentária é a manifestação do chamado "Síndrome Hiperestrogênico", que pode resultar no consumo de grandes quantidades de fitoestrogênios provenientes da alfafa, trevos e outras plantas ricas em estrogênios de origem vegetal. Os fitoestrogênios, tais como cumarinas e isoflavonas, são substâncias que têm a capacidade de ligar-se aos receptores endógenos de estrogênios, provocando nos animais que os ingerem em grandes quantidades, alterações reprodutivas por hiperestrogenização. Nos bovinos foram observados casos de ninfomania, hiperemia vulvar, quistos ováricos, hiperplasia das mamas e do útero, prolapsos da vagina, relaxamento dos ligamentos pélvicos e até a esterilidade. O fitoestrogênio encontra-se presente em maior quantidade na alfafa (coumestrol), que é 30 a 100 vezes mais potente do que outros fitoestrogênios presentes em vegetais como as isoflavonas. Estas substâncias encontram-se naturalmente em pequenas quantidades nas forragens e possuem efeitos antimicrobianos e fungicidas. A diferença com os estrogênios provenientes de ervas ou fitoestrogênios, representados pela genisteína, genistina e coumestrol presentes em muitas plantas leguminosas, e estrogênio endógeno, como 17-beta estradiol, estrona e outros compostos esteroides, é que os estrogênios endógenos são eliminados através da urina, das fezes ou são biologicamente desativados e não são armazenados como os fitoestrogênios. O possível efeito direto dos fitoestrogênios sobre a retenção da placenta, seria o bloqueio dos receptores para os estrogênios naturais, perdendo esta fonte de estímulo contrátil que resulta na expulsão da placenta. Figura 1: vaca leiteira com retenção placentária pós-parto de bezerro. Acervo pessoal do autor. 2. INVOLUÇÃO UTERINA A involução uterina retardada é uma desordem reprodutiva parcialmente ocasionada por problemas nutricionais. Terminados os mecanismos do parto, os órgãos genitais da fêmea sofrerá alterações em seu tamanho, peso e forma, eles reduzem de tamanho até sua normalização, esse processo é conhecido como involução uterina (LANDAETA-HERNÁNDEZ, et al. 2004); a sua duração pode variar entre quatro a oito semanas, embora idealmente deva ser atingida aos 30 dias, é mais rápida em vacas de primeiro parto, bem como em vacas que amamentam os seus bezerros e pode ser retardada em vacas que tiveram problemas nutricionais (mal alimentadas ou até desnutridas), partos gêmeos, distorcias e retenção placentária. A recuperação do útero pós-parto ou involução uterina depende de contrações miometriais, eliminação da possível infecção bacteriana e regeneração do endométrio. A regeneração como tal, é denominada involução microscópica e usualmente segue à involução macroscópica ou de redução de peso e tamanho. Esta última pode levar entre 2 a 4 semanas e a primeira, entre 4 a 6 semanas (FRAZER, 2005; GORDON, 1996). A eliminação dos loquios e a redução do tamanho uterino são causadas por contrações miometriais, devidas inicialmente à presença de estrogênio durante o parto e posteriormente à secreção sustentada de prostaglandinas após o parto, as quais aumentam o tônus uterino e assim promovem a involução. Quando, de forma anormal, o período de involução se prolonga além dos mecanismos fisiológicos normais, define-se a situação como retardo na involução uterina com riscos potenciais de redução da eficiência reprodutiva, pela maior probabilidade de desenvolvimento de metrite, alteração da ciclicidade pós-parto e posteriores falhas na implantação por falhas na recuperação endometrial. 2.1 Relação energia e proteína O excesso de energia antes do parto pode levar ao retardo na involução uterina por que, a acumulação em excesso de reservas, se faz na forma de tecido adiposo, o qual ao ser mobilizado, durante o periparto, em resposta à busca pelo animal de fontes de energia para a depleção do glicogênio hepático e para a redução do consumo de matéria seca, deve ativar mecanismos gliconeogênicos (ZUÑIGA, 2006). Entre os substratos para a gliconeogênese incluem-se, em primeiro lugar, o tecido adiposo. Um rápido sinal endócrino para sua mobilização provém do cortisol (em excesso durante o parto), mas na presença de grande quantidade de tecido adiposo se apresentará dois efeitos imediatos; o primeiro uma cetose aguda e o segundo a infiltração da gordura do fígado, também chamado fígado graxo. Estas duas situações alteram a homeostase, em especial do tecido uterino (que sob pouca oferta de glicose, já que a mesma está sendo utilizada por outros tecidos que na compartimentalização enérgica prevalecem sobre o tecido reprodutivo), não é abundante, assim, o miométrio não deve ter energia para manter a contractilidade induzida pelas prostaglandinas. Adicionalmente as prostaglandinas são estruturalmente um ácido graxo insaturado composto por 20 átomos de carbono (ácido araquidônico) que necessita da enzima ciclo-oxigenase que dá origem à síntese de compostos intermediários instáveis chamados endoperóxidos cíclicos (PGG e PGH) (BARRERA, 2003), indispensáveis para a formação da prostaglandina e que não podem ser sintetizados por estar alterado o mecanismo lipogênico. Da mesma forma, o fator contrário em relação ao balanço energético preparado, isto é, em casos de deficiência de energia no preparo, leva a involução uterina retarda mediante um mecanismo que finalmente se assemelha ao apresentado em excesso de energia, mas através de um processo fisiológico em alguns pontos diferentes. Dependendo da gravidade do déficit energético, o catabolismo tecidual pode atingir magnitudes exageradas e, se a ele se somam os excessos de amônio formado pelo déficit de energia a nível ruminal, é provável que fenômenos fisiológicos se convertam em patológicos. A rápida perda de condição corporal, afeta o desempenho reprodutivo devido aos efeitos da excessiva taxa de mobilização dos tecidos sobre a saúde do útero e sua motilidade, já que não se encontrará possibilidade de síntese de prostaglandinas por déficit nos precursores lípidos e tampouco haverá glicose disponível como combustível energético, além disso, o atraso na involução uterina está intimamente relacionada com o balanço energético negativo (BEN) e os seus efeitos na concentração de metabolitos que influenciam o balanço hormonal, em especial sobre os estrógenos. Igualmente, no início da lactação o balanço energético negativo é o resultado de uma alta relação entre a hormona do crescimento e a insulina no sangue, que promove a mobilização de ácidos graxos de cadeia longa do tecido adiposo (ZUÑIGA, 2006). O BEN provoca alterações nas concentrações de metabolitos e hormonas como a glicose, a insulina, a hormona do crescimento (GH) (GALVIS, et al. 2003) e o fator insulínico de crescimento tipo 1 (IGF-1) que estão envolvidos no metabolismo energético intermediário e informam do estado nutricional do hipotálamo afetando a secreção de GnRH atrasando, dessa maneira, o tempo de involução uterina. Ações bloqueadoras mediadas por opioides endógenos que freiam a liberação de FSH e dela derivada, ocorre uma menor síntese de estrogênios que ativam receptores específicos no endométrio e não promovem contractilidade endometrial. Para suprir as necessidades das fêmeas quanto a proteínas e energias, os farelos de milho, soja, arroz, algodão, girassol, amendoim etc., suprem muito bem as quantidades necessárias. Para tanto, faz-se necessário o cálculo correto das quantidades a serem disponibilizadas na ração, bem como ao cálculo da quantidade fornecida no cocho para o animal, uma vez que a ingestão superior de determinados elementos como o molibdênio, a exemplo, pode causar diversos transtornos para além dos reprodutivos. As forrageiras podem suprir as fontes de energia e proteínas das fêmeas, como as leguminosas por exemplo, em especial a leucena, que serve como alternativa alimentar para a alimentação dos animais, porém mesmo com o fornecimento à vontade das forrageiras como os capins, é necessária uma complementação e a ração concentrada é o melhor remédio para tal. 2.2 Minerais Sabe-se que as deficiências de alguns minerais, incluindo o cálcio, fósforo, cobalto, cobre, iodo, manganês e selênio e os excessos de molibdênio afetam diretamente o sistema reprodutivo (MONCADA, 2001). Suas deficiências correm paralelas com alterações do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. Sendo o cálcio um elemento indispensável na contractilidade do útero, seu déficit na dieta poderia ser responsável por uma involução uterina inadequada (RÚGELES, 2001). O cobalto é necessário no rúmen para a formação da vitamina B12. Quando ocorre uma deficiência de cobalto observa-se, primeiro, uma diminuição no consumo de alimentos e, com isso, uma baixa síntese de glicose, um consumo anormal de minerais (pica ou depravação do gosto) e uma queda na produção. Como consequência, pode-se afetar indiretamente, tanto a quantidade de nutrientes consumidos como seu aproveitamento refletindo-se finalmente sobre a fertilidade em forma negativa (DEHNING, 1988). As exigências nutricionais de cobalto em bovinos de corte ou leite, são escassas a nível de pesquisas, porém pode-se obter através da ingestão de matéria seca (MS) sobre um coeficiente fixo que é 0,1, esse número é o pico do fornecimento de cobalto, uma vez ultrapassado a quantidade de 0,1 mg/kg os animais serão acometidos por altos índices de toxidade, por isso o criador deve estar atento ao fornecimento desse microelemento aos animais. Porém, segundo estudos, o intervalo sugerido em quantidades desse elemento é de 0,07 e 0,11 mg/kg. Alguns cereais podem disponibilizar o cobalto em concentrações ideais, porém é melhor a prevenção, sendo assim, a deficiência de cobalto pode ser prevenida ou tratada mediante a adição de sais de cobalto às misturas minerais ingredientes da ração fornecida aos animais, ou pode-se optar pela injeção da vitamina B12 diretamente no animal. Da mesma forma que a deficiência de cálcio e fósforo, na deficiência de cobre, é observado um aumento da involução uterina retardada, calores silenciosos e ciclos estrais irregulares, uma vez que as funções deste mineral estão associadas às enzimas relacionadas com o citocromo C oxidase, transporte de albumina e ceruloplasmina, esta última de vital importância como principal oxidadora de ferro e ativadora nos processos de regulação dos mecanismos antioxidantes a nível celular. Não deve-se esquecer a estreita relação entre cobre e molibdênio. Excessos de molibdênio inibem a absorção de cobre. Em animais criados à pasto, deve-se estar atento a áreas onde as concentrações de molibdênio são mais presentes, se houver grande quantidade desse elemento nas forrageiras que o animal consumir, a melhor maneira de suplementação do cobre nesses animais é a injeção periódica de compostos a base de cobre, que evitarão a complexação do trato gastrointestinal. Os bovinos requerem 8,0 mg/kg (4 – 10 mg/kg) de cobre na dieta para corte e de 10,0 mg/kg (9 – 11 mg/kg) na dieta para bovinos leiteiros. Além da opção de ração que contenha esses níveis de cobre, o criador pode optar pelas forragens, que possuem quantidades variadas de cobre dependendo da disponibilidade do mesmo no solo, e que as leguminosas apresentam os melhores valores para que os animais possam consumir as quantidades essenciais para que não haja nem cobre demais nem cobre de menos no organismo, e que evite-se, com isso a involução uterina ou quaisquer outras doenças reprodutivas ou não. A deficiência de iodo induzida pelo consumo de forragens com níveis inferiores a 2 mg/kg de Matéria Seca (MS) ou baixa suplementação mineral, induz a retenção de membranas fetais e involuções uterinas retardadas. A tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3) estimulam a produção de ATP mitocondrial, o que, por sua vez, estimula a captação celular de oxigênio e aumenta o metabolismo energético. Em casos de deficiência de iodo, as tiroxinas não poderão ser sintetizadas (RÚGELES, 2001). 3. METRITE O transtorno caracterizado pela inflamação do útero, devido a causas sépticas ou assépticas que atuam sobre ele, denomina-se genericamente como metrite. As metrites são afecções de grande importância, tanto pela frequência como pela gravidade. As metrites podem ser divididas segundo seu caráter anatômico, como mucosa (catarral), purulenta, hemorrágica, crupal, pútrida e flegmonosa e segundo seu curso, em agudas e crônicas (FRAZER, 2005; GORDON, 1996). Estão associadas às doenças do puerpério. Figura 2: vaca leiteira com escorrimento típico da metrite puerperal. Acervo pessoal do autor. Quando a inflamação é limitada à mucosa é chamada de endometrite; e se ademais interessa a camada muscular denomina-se metrite ou miometrite; se afeta o revestimento peritoneal, perimetrite ou metroperitonite; e se a inflamação se estende ao paramétrio, ou seja, ao tecido conjuntivo pélvico e ligamentos, chama-se parametrite (FÖLDI, et al. 2006). A metrite ocorre em consequência de diversos acidentes que resultam de partos distócicos, após retenção fetal ou secundinas seguidas de putrefação, por arrancamento brutal dos cotilédones; por injeções uterinas irritantes; após o prolapso uterino; tudo o que favorece o desenvolvimento microbiano. Em fêmeas que se inseminam artificialmente sob condições sépticas ou de pobre destreza se produz endometrite seguida com infecundidade passageira, isto se produz como consequência das erosões produzidas pela pistola de inseminação, desassossego geral no procedimento ou por levar o sêmen a maior temperatura que a devida e em lugar inadequado. Algumas situações de origem nutricional se associam em maior ou menor grau com a incidência de metrite, em especial processos de retenção de placenta ou involução uterina de origem nutricional podem levar, de forma indireta, a incidência de metrite. 3.1 Relação energia e proteína Uma das situações de origem nutricional associada à metrite é o excesso de proteína crua na dieta. As vacas necessitam de um adequado fornecimento de proteína. No afã de suprir as necessidades nutricionais e evitar as limitações de aminoácidos, cai-se no erro de fornecer excessos de proteína, trazendo como consequência uma diminuição da eficiência reprodutiva, devido à relação dos altos níveis de proteína na dieta com a falha reprodutiva específica. Um excesso de proteína resulta num aumento da produção de amoníaco e, como consequência, numa maior síntese de ureia pelo fígado (BACH, 2000). Consequentemente, existe um aumento do nível de ureia no sangue, no útero e no muco vaginal. A nível uterino, a ureia parece ter um efeito sobre a função hormonal e depressora da proteção imunitária. O mecanismo específico baseia-se na toxicidade direta da ureia, na perda do balanço energético e na concentração de diaminas de ácido carbônico que favorecem a ampla difusão da ureia em todo o endométrio. O fornecimento de fontes alternativas de nitrogênio na alimentação dos animais vem ganhando espaço no debate entre os especialistas e a ureia é uma dessas fontes. Ela é conhecida como uma fonte de nitrogênio não-proteico (NNP), porém não se destaca tanto pelos inúmeros fatores negativos como a baixa aceitabilidade dos animais ou aos índices de intoxicação pela mesma. O rúmen necessita de um teor de 1% de nitrogênio para manter os mecanismos fisiológicos e a população microbiana, sendo assim, o produtor deve estar atento ao fornecimento desse mineral para seus animais. Especialistas apontam a fórmula de 30 g de ureia por dia para animais de 100 kg, e que essa quantidade nunca pode exceder os 200 g por animal por dia. Esses dados só podem ser postos em prática se as forrageiras existentes na propriedade não conseguirem suprir a exigência de 1% de nitrogênio no animal. Uma fonte vegetal de ótima qualidade e abundante em meios nutricionais e fonte extra de renda é a cana-de-açúcar. Ao nível hormonal a presença de ureia impede a manutenção do gradiente de pH (induzido pela progesterona) que existe entre as células apicais e basais da parede uterina (MARÍN & CÁRDENAS, 1999). Assim, a progesterona não consegue manter o gradiente de pH e aumenta a secreção de PGF2α, que afeta negativamente tanto a sobrevivência como o desenvolvimento embrionário. A nível imunológico, ocorre um efeito negativo devido à elevada concentração de amônio e ureia no sangue, o que diminui a atividade dos linfócitos e impede a defesa celular contra os agentes nocivos provocadores da metrite infecciosa, favorecendo o desenvolvimento microbiano. Para determinar a quantidade e a qualidade da nutrição proteica do animal são utilizados indicadores como a concentração de ureia no sangue e no leite. As proteínas, em geral, possuem inúmeras funções, dentre elas componentes estruturais, funções enzimáticas, funções hormonais, recepção de estímulos hormonais e armazenamento de informações genéticas. Na nutrição animal, as proteínas são divididas entre bruta (PB) e metabolizável (PM), ainda outras, mas o enfoque é esse. Os animais necessitam de níveis distintos de proteínas em suas respectivas fases de vida. Para elucidar melhor, tomemos como exemplo uma vaca nelore de 420 kg no final da gestação necessita, em média, de 389 g/dia de proteína metabolizável e, em média de 581 g/dia de proteína bruta. Os alimentos de origem vegetal (forrageiras) fornecem muito bem e eficazmente teores aceitáveis de proteínas, porém como o elemento mais presente é a fibra, faz-se necessário a suplementação nos animais, e um meio de suprir as necessidades dos mesmos, é optando por farelos de soja que possuem mais de 60% de proteína em sua composição, ou outras fontes alternativas como as farinhas de origem animal como a de sangue, por exemplo. A deficiência de fibra crua desencadeia principalmente uma deficiência de energia no ruminante; pois a partir da fibra formam-se os ácidos graxos voláteis (AGV) que constituem até 60% das fontes energéticas para estes animais. Devido à síntese reduzida de AGV, é muito baixa a concentração destes, são absorvidos pela corrente sanguínea e o animal entra em estado de déficit de precursores glicogênios. Como o consumo de alimento no pós-parto está reduzido, e não há a suficiente disposição de energia (deficiência de AGV principalmente ácido acético, devido a deficiência em fibra crua), o organismo realiza uma mobilização de ácidos graxos para a compensação energética. Os ácidos graxos são levados até acetil-CoA, este é convertido pelo fígado em corpos cetônicos que são utilizados em baixa concentração por alguns tecidos periféricos (cérebro) como fonte de energia, pois os excessos de corpos cetônicos produzem toxicidade. Os excessos de acetil-CoA no fígado podem sofrer condensação e converterem-se em β-hidroxi-β-metil-glutaril-CoA que serve como fonte de mevalonato (precursor do colesterol formado em excesso). Os excessos provocam fígado graxo que gera danos hepáticos, isso deprime a síntese de ácidos graxos para a formação do colesterol que se encontra diretamente implicado na síntese de estrogênios. Após o parto uma deficiência de estrogênio provoca de forma subsequente atonia uterina, retenção de placenta, endometrite puerperal e finalmente metrite. 3.2 Vitaminas Outra causa nutricional que incide na manifestação de metrite, é a vitamina A, que faz parte do grupo de vitaminas lipossolúveis e tem relevância especial na função reprodutiva. Esta exerce sua ação sobre a integridade estrutural e funcional das células epiteliais do organismo animal, atua sobre o crescimento, a reprodução e o desenvolvimento embrionário; mas seu papel principal é atuar como protetora dos epitélios, incluindo o endométrio. Além disso, tem um efeito estabilizador sobre várias membranas celulares e atua regulando a permeabilidade da membrana. A vitamina A, atua como estimuladora dos epitélios da mucosa tubária, uterina e vaginal, aumentando sua resistência contra os agentes infecciosos que produzem problemas que finalizam em metrite, também é necessária para as alterações histológicas que ocorrem na mucosa durante as diferentes fases do ciclo estral. Uma deficiência de vitamina A, pode causar morte embrionária, aborto, bezerros fracos ao nascimento e de forma subsequente uma retenção de placenta, (BACH, 2000) devido a não regulação da filtração de líquidos e gases através das membranas fetais; também dificulta a fecundação, devido à geração de uma atresia ovariana e à degeneração do epitélio germinal. Além disso, são produzidos edemas que ocasionam bezerros mortos ou prematuros (natimortos), o que provoca uma posterior retenção de placenta. Estas retenções provocam metaplasia queratinizam-te, dos epitélios da mucosa uterina-vaginal, o que provoca o aparecimento de metrite. Também, uma deficiência de outras vitaminas provocam o aparecimento de pequenas hemorragias, inchaço vulvar e degeneração epitelial das mucosas, em geral, isto provoca uma endometrite que posteriormente torna-se em metrite devido ao que se afeta a submucosa e a camada muscular do útero. Em relação ao pós-parto precoce, a capacidade de consumo de alimentos (forragem) é limitada, o que conduz, principalmente, a uma deficiência de fibras cruas na ruminação do animal, que conduzirá, em algumas circunstâncias, à predisposição para o desenvolvimento de metrite. Atentos a essas intempéries, o produtor deve estar atento aos requerimentos exigidos pelos animais de vitaminas para que possam manter seu funcionamento normal e longe de quaisquer problema ou agente infeccioso ou patógeno. Para tanto, os níveis de vitaminas por categoria animal, deve prezar pelas quantidades conforme demonstrado nas tabelas abaixo: Tabela 3: Exigências de vitaminas por categoria animal em bovinos de corte Categoria Vitamina A (UI/dia) Vitamina E (mg/dia) Vitamina D (UI/dia) Niacina (g/dia) Vacas lactantes 80.000 – 120.000 100 – 1.000 15.000 – 50.000 1 - 2 Vacas secas 75.000 – 125.000 500 – 900 10.000 – 20.000 0 – 1 Fonte: BERCHIELLI et al., 2006. Tabela 4: Exigências de vitaminas em vacas gestantes de corte Vitamina UI/kg de MS A 2.800 D 275 Fonte: BERCHIELLI et al., 2006. Para que se consiga suprir todas essas quantidades requeridas dos animais, em especial, das vacas gestantes para que não venha a ocorrer a incidência de metrite ou outro transtorno reprodutivo, o criador poderá optar pela injeção direta de complexos vitamínicos e minerais mediante os inúmeros fármacos da indústria farmacêutica animal, ou poderá suprir essas necessidades fisiológicas mediante o fornecimento de rações com teores adequados de vitaminas, ou ainda por intermédio de alimentos volumosos que além das vitaminas necessárias fornecem também as fibras. As forrageiras, leguminosas e gramíneas fornecem minerais, fibras e vitaminas; dentre elas as espécies tifton (capim) apresenta cerca de 34,8% de vitamina A, o capim-tanzânia apresenta 24% e a alfafa 23,4%. Por fim, métodos para fornecimento de fibras, vitaminas e/ou minerais não faltam. 4. CATARRO GENITAL II E III O catarro genital ou metrite (inflamação do miométrio) é uma inflamação inespecífica no trato genital. Existem duas barreiras que impedem a chegada de germes ao interior do trato genital. As barreiras de tipo hemático (diferença de fluxo sanguíneo) e imunossupressão parcial originada pela progesterona, superadas as barreiras, podem se apresentar inflamação no momento do parto ou após o mesmo e frequentemente é acompanhada de retenção de placenta. A principal causa é a deficiência de fatores nutricionais, que causam distúrbios no metabolismo normal do animal. Os catarros trazem problemas de infertilidade, anestro, aumento entre o intervalo entre partos (IEP), o que acarretam altas perdas econômicas na produção (FRAZER, 2005; GORDON, 1996). Podem se manifestar em diferentes graus, que caracterizam-se por fatores específicos; serão abordados os catarros de 2° e 3° grau. 4.1 Relação Sódio (Na) e Potássio (K) Um dos fatores nutricionais associados ao catarro genital é a deficiência de sódio ou o excesso de potássio, o problema existente entre o excesso ou deficiência de um mineral reside na presença imediata de um desequilíbrio homeostático entre a relação fisiológica dos mesmos e, portanto, um desequilíbrio no metabolismo (funcionamento normal do organismo). A relação potássio:sódio (K:Na) ideal situa-se entre 10-15:1 (DEHNING, 1987) e demonstrou-se que à medida que se amplia essa relação se agrava a eficiência reprodutiva. Ao haver um excesso de sódio no organismo altera-se o equilíbrio de potássio:sódio (K:Na), aumentando os níveis de sódio os níveis de potássio diminuem, causando principalmente problemas na síntese de hormonas sexuais, que por sua vez apresentam um efeito negativo no ciclo estral normal da fêmea, além de problemas no parto (partos distócicos), isto porque no córtex adrenal deve produzir-se aldosterona para regular a homeostase mineral, devido ao fato do substrato bioquímico para a síntese da aldosterona ser o mesmo que para a síntese das hormonas sexuais, nomeadamente estrogênios, portanto, estes não se produzem provocando menor contratilidade uterina, o que favorece a contaminação e colonização bacterial típica dos quadros de metrite. Em média, uma vaca de 600 kg com uma produção de leite de 15 kg/dia, requer uma dieta com 230 g/dia de potássio. As concentrações sugeridas pela NRC para bovinos de corte com dieta de matéria seca (MS) é de 0,6 – 0,7% e a concentração máxima de 3%. Para garantir esses níveis de exigências, as forragens apresentam entre 1 % e 4% de K, portanto são excelentes fontes desse mineral. Em geral, os grãos de cereais são deficientes, menos 0,5% de K, no entanto farelos de oleaginosas são uma boa fonte de suplementação. O excesso de fornecimento de sódio (Na) é relativamente raro, mas clinicamente resulta em achados semelhantes de acetonemia, além de enfraquecimento, retenção de placenta, inflamação do aparelho genital e distúrbios no funcionamento ovariano. As forrageiras possuem um teor deficiente em sódio, uma vez que tal elemento é considerado prejudicial às plantas. Uma das formas de garantir a exigência de sódio no animal, é a disponibilidade à vontade de sal mineral (NaCl) em cochos espalhados pela propriedade. De forma geral, o consumo de sódio por animal/ dia deve ser de 20 a 25 g, o que perfaz aproximadamente 50 g de NaCl/cab./dia, considerando-se um percentual de 39% de sódio nesse composto. Vale salientar que o sódio tem função reguladora, portanto, sua disponibilidade não deve ser maior que a exigência requerida pelo animal. 4.2 Relação do Fósforo (P) Outro fator associado com metrite é, o excesso de fósforo (P) na dieta, pode ser dado por uma excessiva ou inadequada suplementação mineral, por intensa fertilização nas pastagens, por utilização de pastos sumamente jovens ou pelo consumo de grandes quantidades de grãos (soja) e cereais. Simultaneamente, com o excesso de fósforo é frequentemente encontrada uma diminuição do teor de manganês no tecido uterino, como consequência a diminuição da resposta do útero aos estrogênios (DEHNING, 1987). Estes, por sua vez, são responsáveis pelo movimento uterino e por criar maior resistência às infecções do trato genital. O intervalo sugerido pelas instituições de pesquisa está entre 0,12 – 0,20% na dieta de MS. Porém esse intervalo depende de alguns fatores como a idade dos animais e a categoria em que se encontram. O fósforo é um elemento que encontra-se em constantes debates em empresas e instituições agropecuárias. Pesquisadores da Austrália revelaram que 0,12% de sódio na matéria seca estaria o mais próximo possível dos níveis exigidos pelos bovinos de corte, o que contradiz os 30% requeridos pela NRC. Contudo, experimentos realizados pela Embrapa, concluíram que uma dieta em matéria seca de forrageiras com 100%, 70% e 40% dos níveis exigidos de fósforo, tiveram ganho de peso semelhantes. Por exemplo, os animais que receberam 70% dos requisitos tiveram ganho de peso médio entre 0,500 e 0,600 g/dia, muito semelhante ao mesmo ganho quando se forneceram 100% dos requisitos do fósforo. Nas forrageiras a disponibilidade de fósforo depende da disponibilidade do mesmo no solo. Nos grãos de cereais e farelos de oleaginosas contêm de moderado a alto teor de P, e nos produtos de origem animal, como farinha de peixe, o teor de P é considerado alto. 4.3 Relação Cálcio (Ca) e Fósforo (P) O caso de fornecimento exagerado de fósforo causa um efeito inverso da relação cálcio:fósforo (Ca:P), ou seja, sendo o fósforo dominante, maior será o déficit absoluto ou relativo de cálcio, cujas manifestações clínicas no aspecto reprodutivo correspondem amplamente com aquelas do excesso de fósforo. Um excesso absoluto de fósforo na presença de um abastecimento suficiente de cálcio é menos prejudicial para a reprodução do que um fornecimento de fósforo de acordo com os requisitos na presença de níveis deficitários de cálcio (DEHNING, 1987). Isto porque o cálcio, regula a contratilidade do músculo liso, como no miométrio. O intervalo sugerido de cálcio na dieta em MS está entre 0,19 e 0,33%, dependendo de fatores como a idade dos animais e o ganho de peso diário. Por exemplo, uma vaca de 600 kg que produz 15 kg/leite/dia requer uma dieta que contenha 40 g/dia de cálcio. O teor tóxico de cálcio na MS de forrageiras, leguminosas e gramíneas é de 4,4%. Para suprir a exigência em cálcio do animal, para que previna os catarros genitais em seus diferentes graus, bem como demais doenças a dieta está alicerçadamente entre o fornecimento de ração concentrada com misturas como farinha de ossos e fosfato bicálcico com elevados teores de Ca, ou entre os volumosos como as gramíneas, leguminosas ou forrageiras. Vale destacar que as leguminosas possuem baixo teor de Ca em sua composição, entretanto é maior do que a presença em gramíneas. A alfafa é uma forrageira que possui bastante cálcio em sua composição e que pode ser todo disponível para o animal. Por fim, os grãos de cereais como milho, soja, sorgo, etc., possui baixo teor de cálcio. O déficit de cálcio em vacas leiteiras de alta produção traz consequências como a doença da vaca caída (hipocalcemia) devido a sua alta exigência do mineral, especialmente após o parto, isto, por sua vez, causa uma inércia uterina que dificulta a eliminação de bactérias adquiridas durante o parto, propiciando um ambiente adequado para a multiplicação e contaminação do trato genital. 4.4 Relação energia:proteína e vitamina A O excesso de proteína ocorre frequentemente quando a alimentação é baseada em pastoreio, especialmente quando os animais recebem uma carga intensa de fertilizantes (com estrume ou nitrogênio) e, simultaneamente, é oferecido um suplemento concentrado rico em proteína (DEHNING, 1987). O excesso de proteína depende da quantidade de alimento consumido, sendo os animais de maior produção os mais afetados, uma vez que passam maior tempo para chegar ao peso ideal de abate (animais de corte), ou quando sua produção é potencialmente leiteira. As grandes quantidades de amônio produzido pelo processo de degradação da proteína nos ruminantes resultam numa sobrecarga prolongada no fígado, aumento dos níveis da enzima GOT (alterações hepáticas; que por sua vez resultam na apresentação de catarros genitais de grau II e III) e altos níveis da enzima GLDH. Estes distúrbios são agravados quando, ao mesmo tempo, há uma deficiência de energia. O excesso de proteína crua faz com que nas secreções uterinas se produzam mudanças no conteúdo dos minerais e um desequilíbrio entre os mesmos causando problemas reprodutivos de índole infecciosa e diminui adicionalmente a capacidade de sobrevivência dos espermatozoides e óvulos. A deficiência de vitamina A, também pode causar catarro genital. Recordando que as vitaminas são um grupo de compostos orgânicos essenciais no metabolismo necessário para o crescimento e o bom funcionamento do organismo. Entre estas, a vitamina A é considerada uma vitamina lipossolúvel que deriva dos carotenos presentes nos vegetais. Esta afeta a formação e manutenção da pele, membranas mucosas, ossos e dentes, retina e possui íntima relação com a reprodução. No último caso há falta de secreção da membrana mucosa do trato genital, o que produz susceptibilidade à invasão bacteriana (catarro genital II e III). O corpo obtém a vitamina A, fabricando-a a partir dos carotenos, precursores da vitamina A, que se encontram nos vegetais (forrageiras, leguminosas e gramíneas). O fornecimento de betacarotenos depende do conteúdo dos mesmos na ração. E se houver deficiência destes não pode haver formação de vitamina A, assim a porcentagem de falhas no crescimento do tecido endometrial leva a catarros genitais, mortalidade embrionária e abortos precoces. Logo, mediante os trabalhos anteriores, o fornecimento dessa vitamina, quantos dos demais macronutrientes exigidos pelo animal por meio da alimentação volumosa ou concentrada é essencial para obtenção do sucesso contra esse transtorno reprodutivo do catarro genital, quanto de demais outros seja no combate ou prevenção. Figura 3: vaca leiteira com corrimento típico do catarro genital de 2º e 3º grau. Acervo pessoal do autor. 5. MORTALIDADE EMBRIONÁRIA A mortalidade embrionária (ME) é uma desordem reprodutiva responsável por cerca de 15% das falhas da gestação. Em si, a ME pode ser dividida em dois grandes grupos, a ME precoce, ou seja, aquela que ocorre nos primeiros dias da gestação, por problemas específicos de reconhecimento materno-fetal, que não geram alteração significativa do ciclo estral, já que, não se afeta o corpo lúteo (BONDURANT, 2004). A segunda forma da ME, denominada ME tardia, altera o ciclo estral e se apresenta por rejeição da implantação em suas primeiras fases, usualmente se apresenta entre 25 e 40 dias pós-serviço. Figura 4: a morte fetal, tipicamente do embrião em desenvolvimento, ocorre em estágios iniciais, isto é, em fetos de aproximadamente 72 dias. Acervo pessoal do autor. De acordo com GEARY (2005) existem múltiplas causas associadas à ME, entre essas causas listam-se os problemas de rejeição imunológica, a ausência de fatores de reconhecimento materno-fetal, problemas infecciosos, estresse e deficiências nutricionais, sobre essa última pode-se citar: 5.1 Deficiência de betacarotenos Os betacarotenos são precursores da vitamina A (provitamina A). São pigmentos vegetais de cor amarela ou laranja que, uma vez ingeridos, se transformam no fígado e no intestino delgado em vitamina A. São antioxidantes que ajudam o organismo a eliminar os radicais livres tóxicos que causam a oxidação dos tecidos (reação química de peroxidação que produz lesão nos tecidos já que os peróxidos são compostos tóxicos e cancerígenos) em células, proteínas e no material genético como DNA. Os radicais livres são normalmente formados como subprodutos do metabolismo oxidativo energético do organismo. Os betacarotenos atuam atrapalhando estes radicais livres e moléculas de oxigênio livre, e daí parte seu efeito protetor o qual centra-se na defesa da parede epitelial, pois sendo precursores da vitamina A, induzindo a sua síntese protegem a parede epitelial do enfraquecimento das suas membranas, evitando assim a entrada fácil de microrganismos patogênicos que possam, especificamente no caso de uma fêmea gestante, produzir infecções que ataquem o embrião provocando a sua morte, uma vez que aumenta-se a resistência imunológica. Além disso, intervêm também na diferenciação das células estaminais do embrião, evitando que ocorram malformações que possam originar mortalidade embrionária, e também evitando a assimetria do organismo que se está formando. A vitamina A, ajuda na conservação dos epitélios para um funcionamento normal. Uma deficiência desta, produz uma alteração dos epitélios que revestem o aparelho genital, podendo ocasionar diminuição da barreira protetora que formam as membranas, os microrganismos patogênicos podem entrar facilmente, desencadeando a morte do embrião. A vitamina A, atua no momento em que as células tronco do embrião entram em uma área deste, chamada "Nódulo de Hensen", começam a formar três camadas embrionárias de células que dão passagem ao sistema nervoso, digestivo, circulatório e outros sistemas do corpo. Células específicas localizadas nesta zona do embrião utilizam seus cílios (que segregam vitamina A) para criar correntes no fluido que as rodeia e dirigir as células estaminais para o seu destino. Estas células-tronco, antes de chegar ao nódulo do embrião "não estão orientadas espacialmente e tampouco estão diferenciadas em tecidos concretos" embora depois de cruzar esta porta, recebem ordens genéticas necessárias para se colocarem no interior do organismo em desenvolvimento e conhecerem qual vai ser a sua diferenciação específica. Então a ação desta vitamina faz com que algumas destas células ignorem as instruções de diferenciação esquerda e direita, prosseguindo simetricamente. Segundo isto, em uma deficiência de vitamina A, o aspecto exterior do corpo também acabaria por ser assimétrico perdendo potencial de aceitação na implantação, levando os mecanismos naturais de vigilância de estabilidade celular a sua destruição e, portanto, gerando a ME (TORRES et al., 2002). Os níveis de vitamina A, bem como de outras vitaminas, na alimentação de bovinos de corte ou leite já foram discutidos. Cada animal tem sua particularidade de ingestão diária de vitaminas conforme a idade, sexo, categoria etc. e que esses requerimentos são, muitas vezes, variáveis conforme a disponibilidade, isto é, pode-se fazer a injeção direta de fármacos em líquido ricos em vitaminas no animal, ou pode-se optar pelo fornecimento nos alimentos concentrados (ração) ou pelos volumosos (gramíneas, forrageiras e leguminosas). Deve-se estar atento para que os níveis não ultrapassem o necessário para que nenhum elemento sobressaia outro e venha a ocasionar afecções além de reprodutivas. 5.2 Relação com a proteína O excesso de proteína crua na dieta tem sido associado com mortalidade embrionária. Há uma hipótese que sugere que a concentração de LH, e, portanto, de progesterona, poderiam ser afetadas por elevados níveis de proteína na ração, talvez não de forma direta, porém pela deficiência de energia que os excessos proteicos geram. Existe uma relação estreita entre o excesso de proteína crua e a concentração de progesterona, esta relação é através de uma "exacerbação" do balanço energético negativo em vacas no início da lactação, pela despesa de precursores da glicose e o consumo energético extra que supõe transformar o amônio em ureia (este fato só se relaciona com a proteína degradável no rúmen). Isso ocasionaria um aumento negativo do balanço energético negativo e queda de glicemia, o que seria captado pela hipófise como um sinal negativo para a liberação de LH. Um excesso de proteína tal que reduza os níveis de progesterona e de bTP-1 (proteína trofoblástica), hoje identificada como o Interferão tau (IFN-t), pertencente a uma subclasse dos interferões Ômega, e definidos como fatores de reconhecimento materno-fetal em bovinos, pode causar mortalidade embrionária por volta do 17° dia após a inseminação devido à perda do efeito de ambos os compostos contra a resposta imunitária da mãe (MOREIRA & MORALES, 2001). Os níveis excessivos de proteína na dieta que conduzem a níveis elevados de ureia no sangue reduzem o pH uterino, estimulando assim a produção da prostaglandina F2 alfa (PGF2-α) que, por sua vez, estimula a contratilidade uterina e reduz a viabilidade de implantação do embrião (GALVIS, 2003). Foi também observado que concentrações elevadas de ureia no sangue reduzem a formação de progesterona, alterando a atividade reprodutiva em ambos os casos. A progesterona é uma hormona lipídica que é produzida pelo corpo lúteo sob o estímulo do (IGF-I) e, como foi indicado anteriormente, este fator de crescimento foi igualmente reduzido, uma vez que o potencial genético para a produção de leite aumentou de tal maneira que a redução da concentração de IGF- I pode ser uma das causas da diminuição da concentração da progesterona, por exemplo. Agora, embora considere-se que a hormona do crescimento (HC) regula a síntese de IGF-I no fígado, esta hormona não é eficaz a menos que exista um nível limiar de insulina e esta última também é reduzida em vacas de alta produção no início da lactação (GALVIS, 2003) e em condições de balanço energético negativo, tal como ocorre no pós-parto precoce. As proteínas são essenciais na vida dos animais e do ser humano. Os animais possuem sua particularidade conforme a exigência requerida de proteína e já foi discutido que os melhores métodos para fornecimento racional dessa macromolécula são por meio dos alimentos concentrados ricos em soja que é considerado um alimento proteico por possuir um teor de 45-60% desta, ou por meio de alimentos volumosos no caso dos capins, silagens etc. Como já discutido em outros trabalhos, existem tipos diferentes de proteínas com funções também distintas, citamos a proteína bruta (PB) e a proteína metabolizável (PM), ao qual os animais requerem em porcentagens que devem estar presentes no alimento que o criador fornece e que o animal ingere. 6. TRANSTORNOS DO CICLO ESTRAL Qualquer alteração na frequência, duração ou intensidade do ciclo estral é considerada uma perturbação do ciclo, cujas origens variam etiologicamente. As perturbações do ciclo podem originar-se em qualquer das partes do eixo hipotálamo-hipófise-ovário (FRAZER, 2005; GORDON, 1996). Pode ou não ser do tipo permanente e pode depender de sua origem, momento e intensidade cursar com outras alterações reprodutivas, por exemplo uma retenção do corpo lúteo, dá lugar a prolongamento da fase lútea, altos níveis de progesterona circulante e pode, finalmente, desencadear em um cisto luteal ou em uma metrite. Entre os fatores desencadeadores da falha do ciclo estral estão os fatores de origem nutricional, dentre eles: 6.1 Minerais 6.1.1 Relação Na:K (sódio:potássio) A deficiência de sódio pode causar distúrbios do ciclo estral, isto porque as células animais intracelularmente possuem uma alta concentração de K e uma baixa concentração de Na, esta relação pode chegar a 10:1 ou mais, em relação ao meio externo. Com esta relação, as concentrações intracelulares estão em equilíbrio com o meio externo. A absorção e secreção de cátions pela célula para conseguir o equilíbrio é simultânea, gerada por um sistema de transporte específico chamado "bomba Na:K". Se a nível celular não existe um balanço iônico de K:Na, a maior prioridade das células tubulares do rim é a de conseguir novamente um equilíbrio, o mecanismo destas células é o da reabsorção do íon que se encontre em excesso de água, diminuindo a quantidade deste no líquido para manter as funções em equilíbrio dinâmico. Os desequilíbrios não compensados a nível celular ou renal, levam a alterações na condutividade nervosa por alteração da bomba de transmissão elétrica. O ciclo estral é alterado por diminuir a expressividade dos sinais comportamentais de estro, que são produzidos por concentrações crescentes de estrogênio, mas com alta necessidade de adequação nervosa para a exposição corporal do cio e a aceitação da monta. O potássio, em particular, desempenha um papel fundamental como coator em certas interações enzimáticas, incluindo a transferência de energia, a síntese de proteínas e o metabolismo de hidratos de carbono, em especial nos sistemas em que o ADP está envolvido, as hexoquinases e a anidrase carbônica. O sódio, por sua vez, é o principal cátion extracelular, regula o equilíbrio hídrico no organismo e a mecânica de fluidos, desta forma regula a pressão osmótica e a troca aquosa nos tecidos. Devido a esta função, um dos fatores importantes do fluxo Na:K é o rim, que é controlado pela aldosterona, a principal hormona reguladora da absorção de sódio e excreção de potássio. Qualquer desequilíbrio na relação Na:K, afetará o ciclo estral, de maneira direta e indireta, através da alteração na síntese de proteínas e da perda da regulação hídrica, fator importante pelas secreções que devem acompanhar as manifestações de cio/estro. 6.1.2 Relação Cobalto (Co) A deficiência de cobalto gera um efeito biológico determinado pela sua presença na molécula da vitamina B12, a qual regula a hematopoese (Ativa a síntese de protoporfirina) e afeta o metabolismo do nitrogênio e dos carboidratos. A vitamina B12 atua como uma coenzima da transmetilação (síntese do glutamato mutase, metilmalonil-CoA-Mutase, diol-dehidratase e redução dos ribonucleótidos a desoxirribonucleótidos, isomerização da a-lisina etc.). Especialmente em ruminantes, a reação mutase da metilmalonina-CoA está relacionada com o metabolismo do ácido propiônico e, portanto, com a síntese de glicose e o equilíbrio energético. O cobalto também está envolvido na carboxilação da propionil-CoA à metilmalonil-CoA e na isomerização deste último para succinil-CoA. O metabolismo do ácido propiônico ocorre no fígado e é reduzido pelo fato do metilmalonil não poder ser convertido em succinil-CoA, impedindo a sua passagem para oxalacetato e glicose, gerando uma relação inversa entre os níveis de energia e proteína; causando uma diminuição de GnRH que afeta negativamente a liberação de LH que, por sua vez, cria um aumento na FSH. Isso produz uma anulação da ovulação e, consequentemente, ausência de um ciclo estral verdadeiro. Vale reforçar que, para prevenção da deficiência do cobalto, o criador pode optar pelo fornecimento de volumosos que dispõem de quantidades de cobalto que suprem as exigências dos animais, ou pela inserção de sais de cobalto à mistura da ração, sempre no intervalo sugerido de 0,07 e 0,11 mg/kg para cada animal, suprindo a necessidade do mesmo e garantindo assim a prevenção dos transtornos do ciclo estral ou outras afecções do sistema reprodutivo. 6.1.3 Relação cobre (Cu) e molibdênio (Mo) A deficiência de cobre gera, indiretamente, molibdênio, durante esse processo, tanto o macho como a fêmea são inférteis ou sub-férteis, mas, em geral, os transtornos surgem não por molibdeniose, mas por hipocuprose condicionada por excesso de molibdênio nas pastagens e pelos sulfatos presentes na água de bebida (BREM, 2016). Isso leva à formação de tiomolibdato no rúmen, que por sua vez combina com o cobre para formar tiomolibdato de cobre, sal muito insolúvel. O tiomolibdato presente, formado em excesso e que não encontra cobre suficiente, contribuirá para produzir a diarreia, limitando ainda mais a absorção de cobre. A interferência mais importante do molibdênio ocorre no processo metabólico do cobre, interferindo sua atividade enzimática. O molibdênio atua sobre o complexo sulfeto-oxidase hepático. A enzima que está envolvida na oxidação de metabolitos sulfurados, reduz a sua atividade na presença de altos teores de molibdênio, especialmente quando a quantidade de cobre é baixa. Daqui resulta a formação de sulfureto de cobre, muito insolúvel e, portanto, pouco ou nada utilizável pelas células e/ou tecidos (QUIROZ-ROCHA & BOUDA, 2001). O excesso de molibdênio nas pastagens ou na água de bebida reduz a quantidade de cobre no fígado, mas para uma dada dose de molibdênio, esta redução é diretamente proporcional ao aumento dos sulfatos na ingestão, porque só na presença de sulfatos o molibdênio exerce sua ação limitante. O melhor modo de tratar o molibdênio e a ação dos sulfatos sobre o cobre, é aumentar a quantidade de cobre disponível pelos animais, seja por via bucal ou parenteral. Desta forma, há aumentos na cupremia e no ganho de peso. É conveniente, para o efeito, efetuar um controle dos resultados mediante a observação clínica, pesagem dos animais e análise de cobre no sangue. Isso permitirá estabelecer as doses ideais e adequadas para cada estabelecimento e efetuar um estudo econômico da suplementação (BAVERA, 2002). Como já foi tratado o requerimento do cobre para evitar os problemas reprodutivos das vacas, falemos do molibdênio (Mo). O Mo é um elemento primordial para bovinos leiteiros, uma vez que é componente de uma enzima presente no leite (xantina oxidasse). A deficiência de Mo a nível prático não foi relatada, porém casos podem acontecer. Para ovinos, que é uma espécie ruminante, a concentração exigida pelo animal em Mo presente na MS é de 5 a 10 mg/kg, porém deve levar em consideração a relação crítica entre o Mo e o Cu que deve ser no máximo 20 e nunca superior. O nível crítico de toxidade de Mo nos alimentos volumosos (forrageiras, gramíneas e leguminosas) não pode ultrapassar os 6% por kg de MS. Através de todos esses cuidados, o criador poderá obter sucesso tanto na prevenção contra os distúrbios do ciclo estral das vacas, quanto de outras complicações como toxidade, desnutrição etc. 6.2 Relação energia:proteína Em relação ao aumento do consumo de proteína crua ou de deficiência de energia, aumenta-se a quantidade de ureia no sangue e produz-se uma toxicidade tecidular, afetando o endométrio e diminuindo a produção de prostaglandinas, que são as encarregadas de manter o corpo lúteo, caso não se mantenha acaba provocando um ciclo estral longo. A situação pode ser explicada a nível do eixo hipotálamo-hipófise, no qual os baixos níveis de glicose inibem a secreção de GnRH e resultam na diminuição da pulsatilidade da LH, seja por ação direta ou mediada através das ß-endorfinas. Outro fator que afeta o crescimento folicular é a nutrição, especificamente a perda da condição corporal, quando o animal não se alimenta direito ou quando se alimenta não tem uma condição balanceada que supra suas exigências nutricionais e que tenha um aceitável ganho de peso diário (GPD), acaba perdendo massa muscular ou de gordura, em outras palavras altera-se a condição corporal do mesmo, e se a perda for de 22 a 24 % de peso corporal (PC), os animais que perdem essa condição entram em anestro o que acaba tornando um animal inviável para a reprodução e também para o abate, uma vez que encontra-se fora do peso ideal. Tanto as proteínas quanto a energia foram tratados em trabalhos anteriores, porém nunca é tarde para salientar que ambas devem ser fornecidas em qualidade e quantidade que consiga favorecer ao desenvolvimento do animal e aos mecanismos fisiológicos do mesmo. 6.3 Fito-toxidade Finalmente, um fator adicional que induz a alteração da ciclicidade estral são os fitoestrógenos, plantas com altos teores de isoflavonas que possuem, no organismo animal, uma ação estrogênica. Os fitoestrógenos estão amplamente difundidos, nos trevos, alfafa, milho e nas pastagens de cultivo intensivo. Os fitoestrogênios são diferentes dos estrogênios produzidos pelo animal, mas a sua ação é idêntica nos receptores do trato reprodutivo; o seu m
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Fisiologia da Reprodução de Bovinos Leiteiros: Aspectos Básicos e ClínicosEmanuel Isaque Cordeiro da Silva. 2022.Existem excelentes livros de fisiologia e manejo da reprodução bovina, nos quais os processos que regulam a reprodução e as técnicas reprodutivas são revistos em pormenor e em profundidade, mas a maioria deles estão escritos em língua inglesa. Em nossa língua há muito poucos livros de reprodução de bovinos com uma abordagem prática e de acordo com as condições do rebanho leiteiro em sistemas confinados de produção intensiva. O presente livro foi concebido neste contexto, nesta obra os estudantes…Read moreExistem excelentes livros de fisiologia e manejo da reprodução bovina, nos quais os processos que regulam a reprodução e as técnicas reprodutivas são revistos em pormenor e em profundidade, mas a maioria deles estão escritos em língua inglesa. Em nossa língua há muito poucos livros de reprodução de bovinos com uma abordagem prática e de acordo com as condições do rebanho leiteiro em sistemas confinados de produção intensiva. O presente livro foi concebido neste contexto, nesta obra os estudantes e clínicos da reprodução encontrarão informação útil, abreviada, atualizada e de fácil compreensão, o suficiente para o seu melhorar seu desempenho profissional. Os capítulos foram ordenados de acordo com as diferentes etapas do manejo reprodutivo das vacas leiteiras: Ciclo Estral, Estro e Serviço, Gestação, Puerpério, Anestro, Fertilidade, e Reprodução em Novilhas. Em cada capítulo é revista a fisiologia suficiente para a compreensão dos processos, o manejo da vaca, os principais distúrbios reprodutivos e o seu tratamento. Desejo agradecer a todos os meus professores, não só da área animal, mas também de humanas, ambos colaboraram comigo na escritura e discussão da presente obra. Agradeço, também, aos meus colegas clínicos da reprodução em gado leiteiro, por sua generosidade por compartilhar suas experiências profissionais. Dou graças em especial para Arthur Éden, Éderson Vinícius e Emanuele Vitória (Flor), filhos do coração; e para Alana Thaís e Eduarda Carvalho por me apoiarem psicologicamente e profissionalmente em tudo aquilo que estou disposto a fazer. Sumário: 1. Ciclo Estral. 2. Estro e Serviço. 3. Gestação. 4. Puerpério. 5. Anestro. 6. Fertilidade. 7. Reprodução em Novilhas Leiteiras. Nesse obra, o leitor encontrará informação básica, condensada e atualizada sobre a fisiologia reprodutiva da vaca leiteira. Os processos fisiológicos são descritos de maneira sucinta, e são narrados sua relação com a prática clínica e zootécnica. Se examinam, também, os principais fatores que influenciam a eficiência reprodutiva, as diferentes opções para mitigar seus efeitos e são detalhados os programas modernos de manejo reprodutivo. Este livro é um material útil para os estudantes, médicos veterinários e zootecnistas que desejam aprofundizar seu conhecimento acerca da reprodução da vaca leiteira.
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Emanuel Isaque Cordeiro da Silva
Universidade Federal Rural de Pernambuco
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