No decorrer do debate sobre o realismo científico, alguns antirrealistas, tal como Leo Tolstói e Larry Laudan, criaram um desafio cético para os realistas, questionando, com base na história da ciência, a crença realista de continuidade entre as teorias do passado, atuais e futuras. Stathis Psillos ofereceu uma réplica que ficou conhecida como realismo seletivo ou divide et impera, alegando que, através de um minucioso exame, podemos encontrar elementos teóricos de continuidade entre te…
Read moreNo decorrer do debate sobre o realismo científico, alguns antirrealistas, tal como Leo Tolstói e Larry Laudan, criaram um desafio cético para os realistas, questionando, com base na história da ciência, a crença realista de continuidade entre as teorias do passado, atuais e futuras. Stathis Psillos ofereceu uma réplica que ficou conhecida como realismo seletivo ou divide et impera, alegando que, através de um minucioso exame, podemos encontrar elementos teóricos de continuidade entre teorias passadas e atuais, assegurando, por analogia, que as teorias futuras também possuirão elementos de continuidade com as atuais. A estratégia de Psillos, se bem empregada, pode evidenciar que a leitura realista de história da ciência também possui suas virtudes e deve ser considerada. Todavia, no presente artigo, argumentamos que mesmo que o realismo seletivo de Psillos se mostre aplicável, ele deve ser considerado como uma crítica a concepções descontinuístas em história da ciência e não necessariamente ao antirrealismo científico em geral, posto que o empirismo construtivo de Bas van Fraassen, por exemplo, admite a continuidade teórica na ciência.