Marcos Rafael Silva

Em sua obra, Robert Brandom apresenta uma teoria expressivista da lógica. Segundo o autor, a lógica tem o papel expressivo de tornar explı́citas as relações inferenciais implı́citas em nossas práticas linguı́sticas. Estas relações inferenciais conferem conteúdo aos conceitos. Neste artigo, exploraremos a tese de que o expressivismo lógico de Brandom é uma teoria antirrealista acerca da lógica. Realistas lógicos costumam defender a existência independente de fatos lógicos em relação a nossas práticas cognitivas e linguı́sticas, de modo que a lógica, uma vez que seria capaz de representar estes fatos, descreveria verdadeiramente a estrutura da realidade. Por contraste, antirrealistas lógicos não se comprometem com a existência independente de fatos lógicos para entenderem a natureza da lógica. Em contraste com uma visão realista, mostramos que o antirrealismo de Brandom tem como consequências uma ontologia simples e econômica e a fundação de uma alternativa pragmatista para se examinar a normatividade da lógica, o fenômeno da pluralidade de lógicas rivais e a natureza de nossa racionalidade.

This book presents and discusses the varying and seminal role which colour plays in the development of Wittgenstein’s philosophy. Having once said that “Colours spur us to philosophize”, the theme of colour was one to which Wittgenstein returned constantly throughout his career. Ranging from his Notebooks, 1914-1916 and the Tractatus Logico-Philosophicus to the posthumously published Remarks on Colours and On Certainty, this book explores how both his view of philosophical problems generally and his view on colours specifically changed considerably over time. Paying particular attention to his so-called intermediary period, it takes a case-based approach to the presentation of colour in texts from this period, from Some Remarks on Logical Form and Philosophical Remarks to his Big Typescript.

Neste artigo investigamos o desenvolvimento normativo da metáfora de réguas (Maßstäbe) no período intermediário da filosofia de Wittgenstein. Esta metáfora foi apresentada marginalmente no Tractatus para ilustrar como determinamos o sentido de proposições. Contudo, a partir de 1929, após alguns problemas lógicos acerca do estatuto da necessidade e da exclusão em alguns domínios linguísticos (comona atribuição de cores a pontos visuais), a metáfora de réguas toma gradualmente a centralidade da discussão. Aqui, nós examinamos como e por que esta metáfora acompanhou a emergência das discussões de normatividade na Filosofia de Wittgenstein no começo da década de 1930. Isto pode ser explicado porque Maßstäbe não são só instrumentos de medida, mas também são objetos de referência. Elas tambémsignificam critérios ou regras, largamente convencionais, pelos quais outras coisas são avaliadas.AbstractThis paper investigates the normative development of the metaphor of rulers (Maßstäbe) in the middle period of Wittgenstein’s philosophy. This metaphor was marginally presented in the Tractatus to illustrate how the sense of propositions is to be determined. However, from 1929 onwards, after some logical problems concerning the nature of necessity and the exclusion in some linguistic domains (as the ascriptionof colors to visual points), the metaphor of rulers became gradually more central to his discussions. Here we will examine how and why this metaphor follows the emergency of the discussions on normativity of language in Wittgenstein’s Philosophy in the beginning of the 1930’. This will be explained by observing that Maßstäbe are not just an instrument for measuring things; they are also reference objects. They alsomean criteria or rules, largely conventional, by which things are evaluated.

This paper discusses the existence of rules and criteria independent of our discursive practices by using Brandom’s philosophy and Wittgenstein’s philosophical development. For that, it examines the normativity of logic, especially facing the challenge of the diversity of non-classical logics and motivates that its constitution should be based on an analogy with games. This renders a pragmatist alternative to a realist sort of dogmatism. I then defend, using this pragmatist approach inspired in the notion of games and agreements, that it is not the objectivity of discourse that makes possible the normativity of our practices, but on the contrary, it is the intrinsic normativity of our practices, its set of authorizations and prohibitions, that should ground the rationality of our discourse.