Resumo: Nas várias leituras que se fizeram do Emílio, especialmente por pedagogos, observa-se uma interpretação predominante que dá como certo que Rousseau deixa de lado a educação pública, voltada para a formação do cidadão, e opta por uma proposta de educação doméstica, visando formar o homem, o particular, o indivíduo. Neste artigo, pretende-se chamar a atenção para algumas dificuldades implicadas nessa interpretação com base no exame de uma importante passagem do Emílio, em que o autor expõe…
Read moreResumo: Nas várias leituras que se fizeram do Emílio, especialmente por pedagogos, observa-se uma interpretação predominante que dá como certo que Rousseau deixa de lado a educação pública, voltada para a formação do cidadão, e opta por uma proposta de educação doméstica, visando formar o homem, o particular, o indivíduo. Neste artigo, pretende-se chamar a atenção para algumas dificuldades implicadas nessa interpretação com base no exame de uma importante passagem do Emílio, em que o autor expõe a contradição homem-cidadão e o dilema da escolha entre um ou outro. Toda a discussão aponta para a hipótese de que Rousseau almeja uma conciliação, um “concerto”, entre as exigências contraditórias de seu projeto educativo, uma vez que, para além da escolha exclusiva entre o homem ou o cidadão, é preciso formar Emílio em “acordo consigo mesmo”