Este texto discute a relação imagem/palavra no filme _O Processo do Rei_, de João Mário Grilo, pois acredito que aqui, a palavra ganha uma dimensão imagética e a imagem converte-se em narrativa. O Cinema, na sua origem, foi histórico, e há quem diga que ele sempre o é, apresenta, na sua própria urdidura, as marcas do seu processo de criação. Assim sendo, muitas vezes recorreu-se ao cinema para contar a História, recontá-la, exaltá-la, torná-la imagem para que ela possa, novamente, ser discutida …
Read moreEste texto discute a relação imagem/palavra no filme _O Processo do Rei_, de João Mário Grilo, pois acredito que aqui, a palavra ganha uma dimensão imagética e a imagem converte-se em narrativa. O Cinema, na sua origem, foi histórico, e há quem diga que ele sempre o é, apresenta, na sua própria urdidura, as marcas do seu processo de criação. Assim sendo, muitas vezes recorreu-se ao cinema para contar a História, recontá-la, exaltá-la, torná-la imagem para que ela possa, novamente, ser discutida e quiçá, revivida. O grande problema que se põe ao cinema Histórico é: como recontar através de imagens em movimento um tempo que chegou até nós pela palavra e pelas imagens pictóricas? Como manter uma fidelidade imagética ao tema que se pretende retratar? Em alguns casos, o peso da história sufoca o próprio filme (vide algum cinema francês dos anos 40/50). Mais ainda, como ser ao mesmo tempo iconicamente fiel, mas profundamente contemporâneo, explorando aspectos eternos e cíclicos da própria História? O realizador João Mário Grilo conseguiu resolver esta equação em seu filme O Processo do Rei, de 1989, onde a palavra histórica vira imagem, fiel e infiel de um tempo que passou, mas cujo sentido continua profundamente presente.